Às Quartas temos a possibilidade de escrever no menu da Tasca. Sei que o menu é todos os dias lido por responsáveis do Sporting e que faz parte dos indicadores que integram o “Barómetro de avaliação da proximidade ou afastamento dos adeptos e sócios ao Clube”. Vale por isso a pena criticar aquilo que tem de ser criticado, de forma construtiva, procurando contribuir para o engrandecimento do Sporting, sim, mas, principalmente para o dia-a-dia, de modo a motivar as estruturas do Clube para a correcção de imperfeições e erros menores (ou maiores) que podem contribuir para pôr em causa muito daquilo que vem sendo erguido.

Hoje trago dois temas que coloco à consideração dos meus amigos na Tasca que me foram sugeridos ao assistir, há pouco, ao programa da Sporting TV “Sporting Informação”, durante o qual é diariamente comentada a imprensa desportiva e a generalista.

Esta Quarta-Feira coube ao André Geraldes fazer o comentário. Naquilo que respeita à informação desportiva foi-o fazendo na proporção do pouco interesse dos assuntos nela ventilados e das costumadas falsidades que nela vêm publicadas acerca do Sporting e dos seus jogadores. Não foi contundente; não procurou alertar os telespectadores para a finalidade última dessas notícias, nem quanto à política editorial que os pasquins seguem, ao serviço dos interesses do Benfica e do Porto. Eximiu-se de apresentar à evidência o quanto essas notícias evidenciam de falta de idoneidade dos órgãos de informação que as publicam e neste particular, não prestou ao Sporting o serviço que lhe é exigível.

O problema agravou-se no comentário às notícias da imprensa generalista que, em minha opinião, resultou em prejuízo do interesse do Sporting Clube de Portugal e do interesse mais geral do Desporto em Portugal.
A juventude do comentador, bem como a natural falta de experiência de vida, determinaram um comentário sobre a actuação específica de um graduado da PSP nos acontecimentos de Guimarães, aos acontecimentos que se seguiram em Lisboa, no Marquês de Pombal e finalmente, de forma geral, à intervenção da PSP na manutenção da ordem em jogos em Alvalade.
Segundo André Geraldes, a forma que a PSP encontrou de manter a ordem é a recorrer à violência quer justificada, quer injustificadamente. Generalizou, a partir de imagens que mostram um Oficial da Polícia a agredir um homem, na presença dos seus Filhos e de seu Pai, em Guimarães e a disparos que a PSP terá efectuado, com balas de borracha, em Alvalade, passando a uma carga justa da polícia sobre adeptos do Benfica no Marquês.

Que se vê no vídeo? Um homem é deitado ao chão por um agente e outro dá-lhe uma bastonada. Que se não vê nem ouve no vídeo? O vídeo não é sonoro e não mostra o que se terá passado nos minutos que antecederam o derrube e a bastonada. Que sabe André Geraldes (e de onde lhe vem a informação) que lhe permite “crucificar” um oficial superior da PSP na “praça pública”, quando essa praça pública é a estação de televisão do Sporting Clube de Portugal?

Que direito assiste a André Geraldes de, “oficialmente”, criticar a actuação da PSP na manutenção da ordem nos espectáculos de futebol, conferindo-lhe a natureza de opinião vigente no Clube, em função do “púlpito” de onde a afirma?
A PSP tem salvo inúmeras vidas pela sua acção de protecção de pessoas e bens nos estádios de Lisboa e Porto. A nossa Polícia tem sido, em inúmeras ocasiões, muito mais macia e contemporizadora que as suas congéneres Alemã, Britânica, Francesa, Italiana ou Espanhola. Então, se olharmos para a acção da polícia dos EAU na contenção de multidões, não pode sequer ser comparada porque as armas que a polícia americana usa não são carregadas com balas de borracha nem com rolhas de garrafas de champagne e os snipers nas imediações das concentrações de multidões quando disparam, fazem-no para matar mesmo.
André Geraldes tem um fraco sentido crítico no que toca, pelo menos, à imprensa escrita. Esquece os interesses que esta serve, em Portugal e que neste momento se concentram de forma parcial e injusta, no branqueamento das acções das claques benfiquistas, dos seus adeptos e da irresponsabilidade criminosa dos seus dirigentes.

André Geraldes alinhou, involuntariamente, na “brigada da brocha e do balde da cal” mas, o facto persiste, alinhou o Sporting no branqueamento das acções dos adeptos benfiquistas e na condenação, sem provas e de forma genérica, da PSP no desempenho da sua honrosa missão de nos defender a todos dos energúmenos que nos agridem e cerceiam a nossa liberdade. Permitiu-se ainda revelar publicamente que o Sporting está a colaborar activamente com a PSP na identificação daqueles que promoveram a desordem em Alvalade mas, esqueceu-se de adiantar que não interessa ao Sporting de que clube esses os energúmenos são apoiantes e que, caso venha a determinar-se que são todos apoiantes Sportinguistas, paciência.

Esta afirmação que, lhe não compete fazer, alerta os nossos inimigos para a necessidade de agirem nesta matéria e o André Geraldes, nem disto tem consciência! Extraordinário. Revela algo que a Direcção teve já várias oportunidades de publicamente afirmar sem que, porém o tivesse feito e fica com a mesma cara que tinha quando se sentou. É, desculpe-me o visado, inadmissível e se dependesse de mim, tão cedo não iria botar palavra publicamente em “nome” do Sporting. O Sporting Clube de Portugal tem de olhar com atenção para a lista dos comentadores convidados à SportingTV, cuja primeira e única responsabilidade é a da defesa intransigente dos interesses do Sporting e de mais ninguém.

A SportingTV tem feito um percurso meritório e tem granjeado um público fiel entre nós mas, é jovem, muito recente e tem de ser cuidadosa naquilo que faz. Além de alguns erros menores que me não tenho dado ao trabalho de identificar pois, estou convencido que vão sendo corrigidos (por exemplo, a afirmação repetida de que o Sporting é agora Campeão Europeu de Hóquei em Patins o que é um erro crasso pois, não o é, conquistou, sim, a taça CERS que, de forma aproximada, corresponde à vitória na Liga Europa).

No mesmo “Noticiário” foram apresentadas imagens de celebração da Vitória no Campeonato Nacional de Futebol pela nossa equipe de sub-15, enquanto se deslocava de autocarro, presumo que de regresso à Academia, depois do jogo no Seixal. Essas imagens deixaram-me enormemente preocupado. Venho, por isso, independentemente de ser o primeiro a alegrar-me com a vitória e a compreender o estado de euforia dos nossos valentes Leões, referir o seguinte:
Um dos rapazes, empunhando um microfone, deslocava-se pela coxia do autocarro entrevistando os colegas, com o autocarro em movimento, na estrada. Nenhum dos jogadores estava preso ao seu banco com cintos de segurança. Nenhum dos bancos do autocarro tinha encostos de cabeça.

As instancias decisoras do Sporting e, designadamente, as da Academia de Alcochete, têm de se debruçar sobre estas elementares questões de segurança e exigir de treinadores e staff que assegurem o cumprimento rigoroso de todas as normas de segurança na deslocação de jogadores e eventualmente, noutras circunstâncias em que tal se mostre necessário.
Convirá, urgentemente, avaliar e identificar as possíveis falhas e erros de segurança, antes que todos venhamos a ter um grande desgosto.

Os responsáveis do Sporting devem pedir à Seguradora onde coloca as suas apólices que se debrucem sobre todos os aspectos da vida do Clube e designadamente da Academia Sporting para que emitam um parecer quanto às condições necessárias e ajudem os nossos técnicos a redigir manuais de procedimentos que assegurem a estipulação de normas novas capazes de, dentro dos limites deste tipo de medidas, melhorar as condições de segurança que rodeiam as nossas camadas jovens.

Há alguns anos atrás (15, para ser preciso) no Reino Unido, o organismo que certifica as condições de segurança de veículos automóveis, para efeito de determinação do preço dos prémios de seguro, por marca e modelo, penalizou drasticamente o prémio de seguro um modelo do VW Golf (em dois anos consecutivos) por os respectivos encostos de cabeça não terem as características adequadas à necessária protecção dos passageiros do chamado “Whip Lash” ou seja, o “golpe de coelho” que parte pescoços, matando ou deixando tetraplégicas inúmeras pessoas, nos acidentes de trânsito na cidade e nos engarrafamentos nas autoestradas.

Não gosto de criticar seja o que for que se passa no Sporting. Chega-me ver os nossos inimigos aproveitar todas as circunstâncias em que o podem fazer e inventarem inúmeras outras para o fazerem infundadamente. O nosso Sporting tem de se pautar pela excelência, tem de ser sempre melhor hoje que ontem e considero que, por muito que me custe, se vejo uma ferida, tenho o dever de consciência de lá por o dedo. Se a nossa cultura é de exigência e rigor tem de o ser em todos os aspectos da vida do Clube e os resultados desta política terão de nos erguer a um patamar onde outros não são capazes de aceder. Somos melhores e somos diferentes e disso, já todos conhecemos as razões.

ESCRITO POR Mário Túlio

*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]