O jogo de Domingo é capaz de ser o momento definidor do Novo Sporting. Um Sporting que se desfez das amarras de um Sistema corrupto e que decide caminhar sozinho, apostando na sua formação, libertando-se de hábitos de rico e sob o prisma da sustentabilidade financeira. A primeira grande vitória foi a nossa classificação do ano anterior em que deixámos um dos rivais para trás e “obrigámo-lo” a fazer um all-in sem precedentes em termos de investimento. Um resultado que nos orgulhou, sobretudo pelas condicionantes financeiras em que foi conseguido e pelo resultado do ano anterior, o pior da nossa história. Mas isto já todos sabemos. Passado um ano, eis  que chega a primeira oportunidade de conquistar um troféu. Uma oportunidade de ouro, tendo em conta o adversário, mas ainda assim uma oportunidade que poucos acreditariam no início da temporada e que só passaram a fazê-lo depois da eliminatória no Ladrão.

Este é um momento definidor para todos os agentes do Universo Sportinguista sejam eles atletas, treinadores, dirigentes, sócios ou adeptos. Para quem dirige o clube é a oportunidade de mostrar a um país futebolístico que nos marginaliza diariamente que é possível ganhar títulos num caminho de sustentabilidade. É a oportunidade de confirmar a filosofia “Fazer Mais com Menos”. Para o treinador e alguns jogadores é a oportunidade de somar o primeiro troféu relevante para os seus currículos. Para os jogadores mais velhos da casa é uma oportunidade de verem recompensadas a sua lealdade e dedicação ao clube. Para os sócios e adeptos é uma oportunidade de festejar, algo que não acontece há demasiado tempo e que tanto merecem depois de tantos anos em profunda depressão. No fundo, quando andamos todo o ano a falar de União, eis que surge a oportunidade de fortalecê-la sem que alguém tenha de pedir, apregoar ou exigir. Para mim, não há como esconder, a conquista da Taça de Portugal será a confirmação da acertada escolha que fizemos há dois aos atrás. Não para mim, que sempre acreditei neste projecto ainda ele era um embrião em 2011, mas para muitos Sportinguistas que, por um motivo ou outro, não se identificam com esta direcção nem com este projecto.

Para aqueles que desprezaram a candidatura ao título porque acharam que não estávamos preparados, a conquista da Taça terá de servir para elevarem a sua exigência, os seus padrões e a sua mentalidade. O Novo Sporting só chegará ao topo quando todos os seus adeptos, sem excepção, exigirem o máximo dos seus atletas. E eles só poderão responder em conformidade quando souberem que nenhum de nós aceita ser segundo, o primeiro dos últimos. Por outro lado, se a perdermos, poderão voltar os fantasmas de um passado que temos, forçosamente, de deixar para trás. Como disse, este é um momento definidor para todos. Seja qual for a motivação pessoal de cada um, este jogo ditará o futuro de muitos e terá de servir como momento de viragem nas suas carreiras. Quem quiser ir para tubarões, que o demonstre. Quem quiser ficar no clube, que o demonstre também. Estamos todos fartos de palavras que são levadas pelo vento. É hora de responder dentro de campo.

Sinceramente, sinto-me impotente quando vejo que algo tão importante para o futuro do clube que amo esteja nas mãos de 11 atletas que durante o ano foram apenas dignos na Europa e razoáveis no campeonato. Não é algo que eu aceite de ânimo leve porque, repito, se perdermos as consequências serão terríveis. O drama é propositado e adequado ao momento. Se dependesse de mim (e acredito de vocês todos), esta final jamais seria perdida. Não porque eu tenha um jeito especial para a bola, (que não tenho) mas porque daria a minha vida para ganhar o jogo. Muitos valorizam a qualidade superior do Sporting em relação ao adversário de Domingo, eu não. Simplesmente não posso. Esse foi o erro que cometemos demasiadas vezes e que nos custou demasiados títulos. Se tiver que valorizar alguma coisa, terá de ser a VONTADE, a ATITUDE e o COMPROMISSO. Quem entrar em campo com a verde-e-branca vestida, tem de entrar disposto a morrer em campo pelo clube. Tem de estar disposto a disputar cada lance como se fosse o último das suas vidas, tem de estar absolutamente focado em não sofrer qualquer golo e em marcar o máximo que for possível. Não podem haver artistas nem operários, os artistas têm de ser operários e os operários têm de ser artistas. Temos de funcionar como um corpo único. Se há jogo em que temos de ter espírito de equipa e solidariedade entre todos, é este!  E temos de ter coragem. Coragem para ir para a batalha, coragem para aguentar os roubos e qualquer contingência do jogo que não esteja prevista. Coragem para vencer.

Não vou elogiar a malta, não vou escrever palavras de apoio nem vou acarinhar a equipa. Eles sabem perfeitamente aquilo que nós fazemos por eles a cada fim-de-semana. Nunca falhamos com eles. Está na hora de retribuir. Está na hora de trabalhar. Está na hora de VENCER. Ganhar esta Taça de Portugal não é ganhar um jogo. É, finalmente, recuperar uma Identidade que jamais devíamos ter perdido e dar o primeiro passo para o domínio do futebol português num futuro que desejamos que seja próximo. É isto que está em jogo. Interiorizar isto é meio caminho andado para a vitória. E se o fizerem, a outra metade será caminhada sobre os nossos ombros. ESFORÇO, DEDICAÇÃO, DEVOÇÃO E GLÓRIA!

 

* todas as sextas, directamente de Angola, Sá abandona o seu lugar cativo à mesa da Tasca e toma conta da cozinha!