golofestaQuem achava que uma Taça não salvava minimamente a época, terá mudado de opinião a partir do momento em que a felicidade sportinguista se espalhou desde o Jamor até aos pontos mais escondidos do nosso pequeno país. Poderá não ser o troféus mais desejado, nem sequer o mais prestigiado, podemos até ter visto um dos maiores rivais celebrar o recente bicampeonato, mas a verdade é que num clube que não vencia um título desde 2008, uma Taça de Portugal tem sempre de ser motivo de felicidade extrema e de esperança no futuro.

Quem achava que jogadores ou treinador não estavam comprometidos com o nosso clube, terá mudado de opinião com uma épica demonstração de querer, raça e vontade, apenas compatível com quem respeita e adora o símbolo que carrega ao peito. Adrien, Slimani, Ewerton, Rui Patrício e Carlos Mané foram alguns dos que mais nos encheram de orgulho, pelo esforço físico e sentido de compromisso que mostraram.

E, tão ou mais importante que tudo isto, é o facto de durante a nossa queda um clube ter achado que podia assumir ao nosso lugar. Mais por demérito do Sporting do que mérito de um clube que beneficia dos negócios junto do Super-Agente. Um clube que construiu a sua mística em cima de adeptos que não o são bem, com uma arrogância que não será permitida a nenhum clube em Portugal, muito menos a um que apenas conta com dois títulos no palmarés. António Salvador, por momentos, acreditou mesmo que tinha ultrapassado o Sporting como força desportiva em Portugal. Ontem, mais uma vez, teve de perceber que estava profundamente enganado.

A vitória de uma Taça, da forma que foi ganha, frente ao Braga, é de um simbolismo sublime e perfeito, que comprova que o nosso adormecimento não calou milhões de vozes que vibram pelo Sporting. O simbolismo tem alguma importância no futebol, e no desporto em geral, e ontem foi importante regressar aos títulos frente a quem um dia ousou pensar em ser maior que o melhor clube do mundo.

Afinal, segundo alguns comentadores, com Carlos Daniel à cabeça, o plantel do Sporting teria uma qualidade aproximada ao do Sporting Clube de Braga. Alguns dos seus jogadores podiam até, imaginem, ser titulares com a verde e branca. Ontem calámos vozes de quem nos menosprezou e de quem insiste em deixar-nos para trás como candidato ao título, colocando o Sporting num patamar de inferioridade que não é compatível com o futebol praticado em campo. Um super-Porto, com um investimento pornográfico, ganhou uma mão cheia de bofetadas. Nada mais. O Benfica que paga 4 milhões ao seu treinador ganhou da maneira que ganhou este campeonato, perpetuando-se a mentira de que Jorge Jesus faz milagres com dois pernas de pau.

Aconteça o que acontecer daqui para a frente, o Sporting constrói a sua próxima época sobre um título, o segundo mais importante em Portugal. E esta Taça abre a possibilidade de vencer mais uma, dia 9 de Agosto, frente ao eterno rival. Em dois anos apenas, transformámos um clube derrotado e alvo de chacota na potencial nacional que nasceu para ser. E digo “nós” porque fomos todos mesmos: jogadores, direcção, treinadores, técnicos e até roupeiros. Retirem apenas um destes elementos e aquela Taça não estaria no Museu Sporting.

Resta-nos, de momento, agradecer: obrigado, obrigado e obrigado. Pelos homens sportinguistas que jogam e gerem, por uma tarde que ficará para sempre na memória leonina e por nos permitirem voltar a festejar, algo que nos esquecemos de fazer nestes últimos tempos. Agora, será tempo de defeso e definir o futuro do clube. Durante todo esse tempo, sejamos capazes de ter esta Taça como pano de fundo e prova que melhores coisas ainda estão para vir.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa