1024Se calhar até mais que no futebol, custa-me ver o Benfica dominar nas modalidades. Porque é disso que falamos, uma dominação global. O projecto deles passou, e passa, por ter orçamentos brutais, dizimar a competição, indo buscar os melhores e mais promissores, bem como estrangeiros de qualidade. Aproveitando o sonambulismo do Sporting, que acabou com diversas modalidades, e da crise nacional, que acabou com maior parte dos clubes (tipo Ovarense, Barcelos, Sp. Espinho), o Benfica conseguiu um quase monopólio. Este dito projecto, claro, pouco traz ao desporto nacional: a nível europeu, hoquei à parte, as modalidades do Benfica valem zero, e o nível das selecções nacionais também está em baixa, porque a competitividade interna é nula, e porque a formação de valores e a excelência da alta competição são colocados em segundo plano.

andebolAssim sendo, convém saber qual o plano do Sporting para inverter esta tendência, se é que este existe. Ganhar títulos não é um projecto, é um objectivo, pelo que o Presidente devia esclarecer sócios e adeptos sobre a estratégia a seguir.
Em primeiro lugar, se o número de modalidades vai crescer, e se sim, em que moldes e com que calendarização. Segundo, qual a estratégia para as modalidades existentes. Se esta passa simplesmente por manter o Sporting competitivo, mantendo o orçamento a um nível que permita trazer atletas de qualidade, ou se o Sporting tem outros planos mais abrangentes, e que deixem marca no desporto nacional. Em teoria, o Sporting teria a obrigação não só de ter equipas competitivas, mas também de formar atletas de elite, que pudessem representar o país internacionalmente, e elevar a qualidade global das modalidades em si.

hoqueiMas esta filosofia exige um tipo de investimento que não é suportável, e se calhar, nem traz o devido retorno, financeiro e mediático. Falamos de centro de alto rendimento, de infra-estruturas várias, de scouting nacional, mas não só, de treinadores preparados, de equipamento, etc. Enfim, algo que torne o Sporting uma real potência desportiva, mas não só nesta terra de cegos onde meio olho serve para reinar, mas num plano europeu ou mundial. O problema é que esse trabalho, no país do futebol, e monopolizado por uma cor, não traz qualquer tipo de proveito, daí perceber se vale a pena os recursos gastos. É esta a questão que tem de ser colocada. Em que moldes queremos as modalidades de alta competição, e qual o papel do Sporting no desporto nacional?

Por muito que custe perder como se perdeu em Odivelas, preferia que o Presidente marcasse uma posição sobre a organização das ligas, sobre competitividade, sobre protecção do atleta nacional, sobre direitos televisivos e patrocínios, do que propriamente sobre apitos.

Comentário feito por Nuno, O Frio

*«eu ouvi o teu comentário» é servido sempre que o homem do balcão consiga distinguir uma boa posta por entre o barulho dos pratos