Para mim, esta frase de Nuno Dias resume bem a época da nossa equipa de futsal. Não fomos capazes.

É impossível falar da final do playoff e do jogo de ontem sem olhar para trás e tentar perceber o que se passou numa época completamente atípica do futsal do Sporting, em todos os sentidos.

Na final, o equilíbrio nos jogos a foi nota dominante, e também espelho de toda da época. Um benfica a jogar no erro do adversário, sem nunca assumir o jogo, a fazer das bolas directas na frente, bolas paradas e do contra-ataque as suas armas para vencer. O nosso Sporting, alternando muito entre sistemas e métodos de jogo, tentando tirar sempre o melhor de uma equipa que, por razões identificadas e por outras menos conhecidas, nunca conseguiu ser constante e regular ao longo da época.

A vitória no jogo 1 poderia ter caído para qualquer uma das equipas, mas mais uma vez, foram os adversários a vencer. Mais uma vez. E já são muitas vezes esta época, para falarmos de falta de sorte, colinhos e afins. No jogo 2, Depois de estarmos a vencer por 2-0, deixamo-nos empatar a 7 segundos do fim e sofremos o 3-2 logo no início do prolongamento. Fomos à luta, mostrámos uma grande alma como equipa e com o Alex a fazer um jogo de enormíssima qualidade, vencemos e bem.

O jogo 3… foi mau. Jogámos mal, desconcentrados, sem chama… Um dos piores jogos da época. Nunca estivemos por cima do jogo (também por mérito do Benfica) e perdemos a possibilidade de passar para a frente no playoff.

Chegamos ao jogo 4 sem poder falhar, e a verdade é que fizemos tudo o que nos foi possível para vencer. Nunca virámos a cara à luta, fomos superiores em grande parte do jogo, estivemos a vencer 2-0 e… perdemos. Depois de falharmos em muitas situações, mandarmos várias bolas ao poste, errarmos demasiado defensivamente, perdemos nos penáltis de uma forma inglória e pouco justa, é verdade.
Mas não podemos resumir o facto de não sermos campeões apenas a estes minutos finais.

Porquê? Porque durante toda a época não fomos capazes. Foram muitas lesões, muitas competições, muitos jogos, muita intensidade, muita exigência para uma equipa que sempre valeu pelo colectivo, mas o que é facto é que o colectivo nunca poderá ser muito mais que a soma das suas individualidades.

E isso, na minha opinião, fez a diferença esta época. Em jogos equilibrados, faltou sempre alguma qualidade individual. Quando precisámos de algo diferente, de um rasgo, de um pormenor, de um detalhe, grande parte das vezes não o tivemos. Tivemos foi passes falhados, bolas no poste, desconcentrações defensivas, em certas alturas pouco discernimento e sentido colectivo… E quando assim é, tudo fica mais difícil.

Acredito que toda a estrutura do futsal do Sporting deu tudo o que tinha e não tinha para vencer, em todas as alturas da época. Aliás, face a alguma diferença de qualidade individual entre as duas equipas, só assim poderíamos ter discutido o título (quase) até ao fim. Mas às vezes, mesmo com muito coração, entrega e dedicação, não se consegue vencer, não chega. Por muito que se esprema uma laranja, ela dará sempre uma quantidade finita de sumo.

Com a saída do Alex, Marcelinho, Cristiano e provavelmente mais alguns, está claro que haverá uma renovação na equipa. Acredito até que o plantel para a próxima época já esteja praticamente definido. O que espero é que a próxima época seja preparada de uma forma cuidada e assertiva. Mesmo com o fantasma da redução de custos a pairar sobre a secção de futsal, a competência que esta sempre mostrou ao longo de tantos anos merece um investimento forte e criterioso para termos um futuro cheio de grandes conquistas.

Para finalizar, eu sei bem que custa perder da maneira como perdemos. Foi injusto, claro que foi. Mas há atitudes que presenciei no final do jogo que em nada contribuem para a grandeza do nosso Sporting. Temos que ser grandes, muito grandes, quando ganhamos e quando perdemos. E nunca nos podemos esquecer disso, pois essa é a essência do Sporting Clube de Portugal.

*às terças, o Vegeta analisa os superpoderes da nossa equipa de futsal
(mas como um gajo nunca sabe muito bem qual o mood dos oriundos de Namek, às vezes o cozinhado é servido noutro dia)