Os próximos jogos da equipa principal do Sporting obrigarão à presença dos dois jovens laterais Ricardo Esgaio e Jonathan Silva, quer por lesão quer por castigo dos habituais titulares. Um problema para alguns, uma notícia positiva para mim e uma oportunidade para muitos sportinguistas perceberem que temos, afinal, duas excelentes opções sentadas ao pé de Jorge Jesus.

Tanto Jefferson como João Pereira têm dado sinais de cansaço, principalmente nas segundas partes, tornando-se, à medida que o tempo passa, pouco úteis no auxílio ao ataque e com pouca força para defender. No banco, dois jovens de sangue na guelra que pretendem afirmar-se neste Sporting de uma vez por todas e sempre à espera de uma nova oportunidade no onze.

Jonathan Silva chegou na passada temporada e será, a longo prazo, uma das melhores contratações da administração Bruno de Carvalho. Velocidade, raça, técnica e muita intensidade, misturadas com a ingenuidade própria da juventude, um fraco posicionamento a defender e uma tendência exagerada para a falta. Nenhum dos seus pontos fracos durará para sempre e, com o acumular de jogos, Jonathan vai naturalmente aventurar-se menos e perceber as suas limitações.
Não tenho dúvidas que poderá vir a dar mais ajuda ao ataque do que Jefferson, principalmente na contribuição efectiva com golos, para além de ter aqueles espírito argentino, um completo guerreiro em campo que alia isso aos seus pés de veludo.
Não ganhará a titularidade esta temporada, certamente, mas Jorge Jesus poderá ser uma importante ajuda no seu desenvolvimento como jogador e tornar-se, a pouco e pouco, uma pedra importante no Sporting.

Quem estará, quase de certeza, em melhor forma que João Pereira, é Ricardo Esgaio.
O João não é o meu tipo de jogador, confesso, mas é um verdadeiro leão, que joga com verdadeira paixão pela nossa camisola, apesar do passado mais tenebroso. Um lateral que deixou saudades e regressou depois de ser ídolo em Valência e vítima de uma atitude nojentinha de Nuno Espírito Santo. Fico feliz que tenha regressado, ainda que tenha todas as limitações que já lhe conhecíamos e as virtudes já exploradas também. Já não está habituado a tanta carga de jogos e isso começa a notar-se (atenção JP nunca merecia o que lhe aconteceu na partida contra o Paços, muito menos a expulsão). Mas, Ricardo Esgaio é uma paixão antiga. Lembro-me bem do miúdo que apresentava um futebol pragmático, sem rodeios nem tiques de vedeta, com uma enorme intensidade e com uma inteligência táctica fora do comum.

Não é consensual entre as hostes leoninas, é certo, mas as qualidade inumeradas ninguém lhe tira. Esgaio tem uma inteligência muito acima da média e estou convencida que cumpriria qualquer posição em campo com uma semana de treino.
Como lateral ainda está a terminar a sua formação, uma vez que durante muito muito tempo actuou a extremo, mas teve um empréstimo extremamente positivo na Académica onde foi, possivelmente, o melhor jogador “estudante” na segunda volta.
A gestão da carreira de Esgaio, por parte do Sporting, tem-me deixado desagradada ao longo destes meses. É uma atitude estilo “tu és muito bom, por isso tens de ficar connosco, mas infelizmente temos sempre alguém mais preparado que tu”. Se este ano não for o da sua afirmação, perdemos o jovem com o maior perfil de Capitão de uma grande geração de Alcochete, e corremos o risco de atrasar o seu desenvolvimento como futebolista.

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa