Parafraseando Karl Marx, esse grande treinador do CSKA, a história repete-se, primeiro, como tragédia, depois como farsa. No Sporting repete-se vezes sem conta como farsa.

Em determinadas fases do ciclo de uma Direção, apostam-se as fichas todas numa equipa, num treinador, num projeto, como às vezes se diz quando não se tem nada para dizer. Lembramo-nos de várias dessas apostas. Lembramo-nos das consequentes farsas: das unhas do Jorge Gonçalves, da contratação do Bobby Robson e, mais tarde, da sua substituição pelo professor Queiroz, do Domingos e do xeque e da vassoura do Duque.

Algumas destas apostas tinha razão de ser. Outras, foram só para aliviar a pressão dos adeptos e tentar sobreviver. Todas tiveram um elemento em comum: a convicção dos adeptos que “desta vez é que é”.

Este ano o Sporting fez uma destas apostas. O Benfica tem pior equipa e uma anedota de treinador. O Porto tem uma boa equipa, mas mantém um treinador que provou ser uma anedota. O Sporting não tem melhor equipa do que os seus principais adversários. Até tem uma equipa algo pior do que a do ano passado (não há nenhum jogador que chegue aos calcanhares do Nani). Tem é um treinador muito melhor do que os dos seus adversários, tendo colocado todas as fichas na sua contratação.

As apostas anteriores terminaram em farsa. Não existe nenhuma razão para que esta não termine da mesma forma. Os últimos jogos deram todos os sinais. Os árbitros não brincam em serviço. O Jorge Sousa e o Xistra fizeram tudo o que estava ao seu alcance. O que estava ao seu alcance não chegou. Há terceira foi de vez.

Já se começa a duvidar dos jogadores e do treinador. Dentro em breve, serão os jogadores a duvidar de si próprios. Quando duvidarem de si próprios ainda mais depressa duvidarão do treinador. Do treinador ao presidente será um passo.

Qualquer aposta do Sporting na conquista do campeonato passa, em primeiro lugar, pela execução de uma estratégia de marcação época a época, jogo a jogo, dos árbitros. Não sei se tem sido tentada. Se foi, tem-se revelado pouco persistente e eficaz. Um Direção que não compreenda isto e não execute dia após dia essa estratégia, não se distraindo com personagens menores e com a voragem da comunicação social e das redes sociais, está condenada a repetir a história.

 

Texto escrito por Rui Monteiro, in A insustentável leveza do Liedson

* “outros rugidos” é a forma da Tasca destacar o que de bom se vai escrevendo na blogosfera verde e branca