Suado, sofrido, mas totalmente justificado. Pecou por escasso o triunfo sobre o Nacional da Madeira, num jogo que poderia ter sido bem diferente caso, ainda antes dos dois minutos, tivesse sido assinalada grande penalidade sobre Bryan Ruiz. Penalti que não é marcado, amarelo que fica no bolso e que seria o começo da expulsão de Zainadine: a dez minutos do intervalo, o central corta com a mão uma bola cabeceada por Slimani, que ia para a baliza. Novo penalti que fica por marcar, novo amarelo (o segundo) que fica por mostrar. Torna-se, por isso, patético, os esbracejar de Manuel Machado e dos jogadores do Nacional, atribuindo a derrota a uma expulsão exagerada de Sequeira. Sim, o defesa do Nacional foi mal expulso, mas é preciso não ter vergonha na cara para afirmar que o Sporting foi beneficiado pela arbitragem. Não, não foi. Aliás, tal como em todos os jogos realizados até ao momento, termina a partida com motivos de queixa e com consciência de que o que conquistou foi com total mérito.

Já se escreveu que a história do jogo poderia ter sido outra, mas mesmo vendo ser-lhe sonegado um penalti, o Sporting encostou o Nacional à sua área. João Mário, solto e fazendo uma óptima primeira parte na função de ser o elo entre meio-campo e ataque, teve um passe fantástico a isolar Gelson, mas o jovem extremo não deu o melhor seguimento ao lance. Pouco depois, o mesmo Gelson seria servido por Slimani (cada vez mais impressionante, o argelino, nomeadamente quando serve de pivot), mas o remate cruzado sairia ao lado. Jefferson tentava uma bomba de fora da área (interessante a movimentação do lateral em três ou quatro situações, deslocando-se para o meio, à entrada da área, esperando alguma bola de ressaca) e João Mário testava um livre de laboratório a que Slimani não dava o melhor seguimento. Viria a expulsão, o tal segundo penalti que ficou por marcar e uma diminuição do ritmo. O Nacional, esse, faria o primeiro remate à baliza a um minuto do intervalo, na sequência de um livre.

A segunda parte começaria com uma flagrante situação de golo: Esgaio sobre bem pela direita e cruza para a cabeça de Ruiz que, totalmente solto, atira por cima. Teo era uma unidade a menos (jogo fraquíssimo) e Jesus lançava um Montero que, logo nos primeiros momentos, mostrou estar com a dinâmica certa. Jefferson cruza da esquerda, Slimani cabeceira mal e na sobra é Gelson que acerta de raspão na bola. Slimani volta a tentar, de cabeça, depois é Montero que vê o corpo do defesa impedir a bola de seguir para a baliza. Era necessário incutir velocidade no jogo e Ruiz dava o lugar a Mané. De extremo para extremo, Mané descobre Gelson no lado contrário, mas o redes fecha o ângulo e defende. Faltam dez minutos e Slimani ganha uma bola em plena área; tem Mané completamente solto à sua esquerda, mas só vê baliza e acaba por fazer um passe para as mãos do guarda-redes. Desespero.

Por esta altura, já os habituais juízes de bancada davam um ar de sua graça. Assobios para Gelson, assobios para Mané, assobios. Outros ajeitavam-se na cadeira, ganhando embalagem para saírem mais cedo. Os tais que criticam quando se investe em jogadores estrangeiros, deixavam desamparada uma equipa com seis jogadores da formação em sete portugueses. Um deles, Mané, desenharia com Montero uma belíssima combinação que resultaria no golo do colombiano e ainda teria no pé esquerdo a hipótese de marcar o segundo. Depois de uma longa espera, o adoçar de boca com M&M’s, travo perfeito para três pontos que nos recolocam na liderança e nos permitem continuar a crescer no conforto das vitórias.