«Oh avô, conta lá aquela história do jogador do Sporting que o pai dele tinha morrido…»
O Outono ainda sabe a Verão, convidando a almoços familiares que se perdem, tarde fora, numa mesa estrategicamente colocada à sombra e numa troca de ideias onde, invariavelmente, há Sporting. «Conta lá!», insiste. E o avô conta.

“Olha, já foi há muito tempo, quando o teu pai era quase da tua idade”
«A sério?! E também lhe tinha caído um dente?»
“Não tenho a certeza, mas, sim, caíram-lhe os dentes todos”
«E o pai também já era do Sporting, como eu?»
“Já”
«Já eras, papá?»
»Sim, não tinha era a sorte de ter equipamentos como tu. Vá, escuta lá a história«

E a história continua. “Foi no final de Setembro de 1982, quando o Sporting jogou com o Dínamo Zagreb para a primeira eliminatória da Taça dos Campeões. Tínhamos perdido 1-0 na Jugoslávia, por isso tínhamos que ganhar por dois golos, mas no dia do jogo o pai do Oliveira, que era nosso jogador-treinador, morreu. Ele estava muito triste, mas quis jogar na mesma para honrar a memória do pai. Ganhámos 3-0 e ele marcou os três golos!”
«Posso ver os golos?!?»
»Estás com sorte«, diz-lhe o pai. »As novas tecnologias safam-te. Espreita aqui…«

«Fogo, grandas golaços!»
“E sabes o que ele disse no final do jogo?”, pergunta o avô. “Por cada Leão que cair, outro se levantará! Quer dizer que o Sporting é muito grande e que haverá sempre alguém capaz de vestir a camisola e lutar pela vitória”.
O momento introspectivo é interrompido pelo pai. »Essa máxima tem que ser actualizada… Queres ouvir outra história, amor?« A resposta é um rotundo sim, dito por olhos que brilham.

»Esta história passa-se agora«
«Agora?!?»
«Sim, é uma história que tu vais contar aos teus filhos. É a história de um clube, o Sporting, que esteve quase a ter que vender o Estádio e tudo o que tinha, que esteve quase a ter que começar de novo e, imagina tu, correu o risco de ter que mudar de nome, porque muitas pessoas que diziam gostar do Sporting só fizeram disparates»
«De propósito?!?»
»Estão a tentar descobrir isso com toda a certeza, mas conseguiram que o Sporting fosse ficando cada vez mais fraco. Isso era tudo o que o porto e o benfica queriam e, por isso, até diziam que queriam um Sporting mais forte. Era tudo conversa, como a do lobo que mete a pata na farinha para enganar os cabritinhos. O que eles queriam era que o Sporting continuasse sem ganhar o que quer que fosse, no futebol, no andebol, no hóquei, em tudo… Acontece que o Sporting conseguiu ficar mais forte e, pior para os seus adversários, começou a ganhar novamente«
«Já ganhámos muitas Taças, pai! Eu vi contigo!»
»Ainda vamos ganhar muitas mais«
«E podemos ir a apitar pela rua?»
»Claro! Mas dizia-te eu, que o Sporting conseguiu ficar mais forte. Pior, o Sporting ficou mais forte, recomeçou a ganhar e ainda começou a contra-atacar quem lhe fazia mal: esses dois clubes, os jornalistas que escrevem e dizem mentiras, as pessoas que mandam nos árbitros e que estão sempre a prejudicar o Sporting, os empresários que só querem é ganhar dinheiro… E além de deixar de ser um coitadinho, o Sporting ainda tem sugerido várias ideias para melhorar o futebol, mas são ideias que irritam estas pessoas todas porque obrigam a mudar e mexem com aquilo a que estão habituados«

«E o que é que essas pessoas fazem?»
»olha, juntaram-se todas e começaram a atacar ainda mais o Sporting«
«Como?!?»
»Olha, contam mais mentiras nos jornais e na televisão, tentam dificultar quando o Sporting quer comprar um jogador ou renovar com os que tem, criam sites para tentar fazer as pessoas acreditarem que quem dirige o Sporting está a mentir e em quase todos os jogos os árbitros enganam-se e o Sporting é que se lixa«
«Mas nós vamos ganhar à mesma, não vamos, papá?»
(sorriso)
»Temos que lutar por isso e nunca desistir, mas só conseguimos se todos os Sportinguistas quiserem lutar uns ao lado dos outros«
«Vamos lutar?!?»
»Mais ou menos. Imagina. Isto é uma grande batalha, provavelmente a maior batalha que o Sporting alguma vez já travou. Os nossos soldados ou cavaleiros ou super heróis, como queiras chamar-lhe…«
«Cavaleiros! Não, super-heróis! Tu és qual? Queres ser o Hulk ou o Thor ou o Capitão América ou as Tartarugas Ninja ou o Batman…»
»Calma, já escolhemos. Portanto, nós somos super-heróis vestidos com a camisola do Sporting e estamos cercados de maus por todos os lados. Temos força para aguentar, mas o pior é que há alguns dos nossos que não ajudam. Não sei explicar-te porquê, porque me parece tão triste quem nem encontro explicação. Não lutam ao nosso lado e, pior, ainda ajudam os maus, portanto, temos que defender a nossa muralha de fora e de dentro. E é por isso que, há pouco, eu disse que a máxima lançada pelo Oliveira tinha que mudar…«

Agora era o avô que nem pestanejava, mas foi a catraia quem não segurou o entusiasmo.
«Por cada Leão que cair…»
»outro o ajudará a reerguer-se!«, atira o pai.
«Ahm?!?»
»Sim, filha, já não basta lutarmos por dois de cada vez que um dos nossos cai. O ataque é grande, enorme, o maior de sempre, por isso, se algum dos nossos cair temos que ajudá-lo a levantar-se e para que continue a lutar ao nosso lado!«
«Se tu caíres, eu ajudo-te a levantar e damos-lhes uma coça…»
»Eu sei que ajudas«
«E queres ser qual super-herói?»
»hummm, tu és a fight e eu sou o resist, pode ser?«
«Não conheço esses… são fortes?»
»Nem imaginas o quanto. Nem imaginas o quanto…«

 

E tu? Que super-herói queres ser na mais épica batalha de sempre?