Por muito que se diga que no futebol nada é garantido e que que se conteste a ideia de “ter obrigação”, a verdade é que não haveria adepto Sportinguista que não achasse que a sua equipa tinha obrigação de ganhar aos albaneses e, arrisco dizê-lo, fazendo-o de goleada. Ora, esse pensamento foi correspondido em campo, onde as diferenças entre as duas equipas já de si gritantes, foram ampliadas pela forma disparatada como Salihi meteu mão à bola depois de já ter visto um amarelo por protestos.

A partir desse momento, a história do jogo resumiu-se a aguardar que entrasse o primeiro (que poderia ter surgido quando estava 11×11, nomeadamente na jogada em que Montero e André Martins viram os seus remates cortados em cima da linha) e que a equipa não perdesse a vontade de avolumar o resultado. E essa será, efectivamente, uma das notas mais interessantes a retirar: nos últimos três jogos, frente a Guimarães, Vilafranquense e Skenderbeu, a turma de Alvalade tem mostrado apetite voraz e não se contenta em ter os jogos resolvidos. No fundo, a tal mentalidade que Jesus tanto apregoa parece, ao fim de quatro meses de trabalho, começar a correr nas veias dos jogadores. Importa, no entanto, sublinhar, que essa vontade de atacar e de esmagar os adversários, não pode deixar cair em esquecimento os equilíbrios defensivos, algo que aconteceu ontem: na vertigem de ir por ali fora, deu-se margem a que, uma vez por outra, os albaneses aproveitassem para criar perigo aproveitando desatenções. A rever.

Com total justiça, o Sporting garante os três pontos que lhe permitem continuar a perspectivar passar à fase seguinte da Liga Europa e, não menos importante, consegue gerir a equipa para o dérbi (nalguns casos, espero que esta ausência de competição não seja demasiada) ganhando alguns trunfos. Matheus é, claramente, o maior de todos eles, chegando a tão importante jogo com o moral completamente no topo, mas também Ewerton consegue acumular 180 minutos de jogo (acredito, no entanto, que serão Paulo Oliveira e Naldo a formarem a dupla na luz), Bruno Paulista está cada vez mais integrado, Esgaio vai cimentando processos e competências na lateral direita, Jonathan desce com cada vez maior exactidão pela esquerda e Montero parece ter recuperado o sorriso e a alegria em campo. Um campo onde, ontem, voltaram a estar oito jogadores formados em Alvalade, apoiados por mais de 20 mil pessoas que, contra um clube de terceira e a uma hora capaz de colidir com horários de trabalho, não deixaram de dizer presente. Pormenores.