Estávamos no inicio da época 1994/95. O Sporting era comandado por Carlos Queiroz,( “the man behind the moustache”, como gracejava um comentador da BBC). Alguns de vós não tinham nascido e muitos ligavam mais ao Dragon Ball do que à bola. A Internet não existia, os telemóveis eram tijolos com fio, o inventor do Facebook mal largara as fraldas e o Néné… tinha um filho.

Foi há 21 anos. E foi a última vez que o Sporting liderou o Campeonato, isolado, à 8ª jornada. Na altura, andámos 10 jornadas ombro a ombro com o Porto e no final acabámos em segundo, a 7 pontos do Treinador que o senhor das cervejas mandara dar uma volta ao bilhar grande, na época anterior. Esse treinador era o malogrado Bobby Robson. Um dos melhores Treinadores da História do Sporting e um dos melhores treinadores Ingleses de sempre. Não era só Mister, era Sir. Tinha sido contratado por Sousa Cintra no inicio da época de 92/93, após uma carreira fulgurante ao serviço do Ipswich, (onde ganhou uma Taça Uefa) da Seleção Inglesa (onde chegou às meias do Mundial de 90) e do PSV (onde fora bicampeão).

Após uma primeira época fraca, de adaptação no Sporting, Bobby Robson começou a época de 93/94 com 6 vitórias consecutivas e duas eliminatórias da Taça UEFA conquistadas. Mas, depois de perder duas jornadas seguidas (com o Boavista e Porto) e de ser eliminado pelo Casino Salzburg, o presidente do charuto apagado decidiu que estava na hora de o catapultar para um rival direto, numa das muitas trágicas decisões da década de 90 no nosso clube. Dessa decisão resultou não só a infelicidade de perdermos um dos Grandes Misters, mas a consequente infeliz tragédia de perdermos um dos maiores jogadores que alguma vez vestiram o Leão Rampante: Sergey Cherbakov. O resto, sabemos, é história: em 2 épocas, Bobby Robson ganhou tudo no Porto e cimentou mais uma era de hegemonia nacional e de futura gloria europeia ao levar consigo um tradutor imberbe chamado José Mourinho.E nós fomos consecutivamente humilhados pelo tal senhor do “moustache”.

Mas, meus amigos, porquê falar do passado derrotista quando o Presente parece tão promissor? Porquê falar do treinador que passou ao lado da nossa História e que fez sucesso num rival? Precisamente porque, para mim, Jorge Jesus é o legítimo sucessor do Sir Bobby Robson. Duas pessoas tão diferentes no seu estilo como semelhantes no seu conteúdo.

Jesus, tal como Robson, é um Mind Winner. A sua filosofia de jogo reside na incansável exigencia da perfeição, no pass precise, no killer instinct, no controle do jogo, na atitude guerreira e na determinação máxima. Jorge Jesus é o primeiro grande treinador mundial que temos desde Sir Robson. E Jorge Jesus tem precisamente hoje a mesma idade que Sir Robson tinha quando nos treinou: 61 anos. Mas, acima de tudo, porque os erros do passado pertencem aí mesmo, ao passado. E, se Bruno de Carvalho não é Sousa Cintra, o adepto Sportinguista de hoje não é certamente o adepto do passado. Hoje, nós não temos medo de existir. Nós exigimos mais e melhor. E, acima de tudo, não temos medo de Ganhar. E nós vamos deixar que Jorge Jesus alcance aquilo que Robson não pôde:uma Era de Glória!

ESCRITO POR Converge

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