Há dezenas de razões que ajudam a explicar o porquê do futebol ser o fenómeno que é e uma delas, incontornavelmente, é o facto de, em cinco segundos, o nosso estado de espírito passar da depressão à euforia. Cinco segundos, o tempo do Lito Vidigal fazer uma das figuras mais tristes dos últimos tempo. Cinco segundos, o tempo que medeia a brilhante recepção do Montero e o remate vitorioso do Slimani. Cinco segundos, o tempo do argelino celebrar, que nem louco, correndo em direcção à linha lateral. Cinco segundos, o tempo do abraço entre Jorge Jesus e Bruno de Carvalho. Cinco segundos, o tempo que João Mário levou a escrever, no instagram, a frase que dá título a este post.

E, como diz essa mesma frase, foi tudo menos fácil. Num verdadeiro batatal, contra uma equipa que praticamente só se preocupava em povoar o meio de forma a atirar todas as jogadas do Sporting para as alas, a turma de Alvalade mostrou sérias dificuldades em encontrar espaço no último terço de terreno. A criatividade era pouca, o ritmo pouco acelerado e percebia-se que a resposta ao desaire de quinta-feira teria que ser feito mais em força do que em jeito. Pode mesmo dizer-se que o Sporting só apareceu realmente nos últimos cinco minutos da primeira parte. Primeiro, Teo, respondendo de forma desastrada a um cruzamento de João Pereira. Depois Paulo Oliveira, de cabeça, obrigando Bracalli à defesa da noite. Por último, Adrien, também de cabeça, ficando a centímetros do golo. Era a melhor fase leonina, interrompida pelo intervalo e com dificuldades acrescidas com a saída, por lesão, de Jefferson. Esgaio entrou para o seu lugar e a equipa deixava de ter um dos seus principais municiadores de golos em campo.

Pedia-se mais magia e improviso para o segundo tempo e seria João Mário a tentar, vindo de fora para dentro e tentando um golaço de pé esquerdo que errou por pouco o alvo. Mas seria uma espécie de oásis no deserto, por a equipa continuava sem conseguir desatar o nó, pese o sempre em crescendo de William ou as tentativas de inventar espaço de Ruiz. Montero já estava em campo, procurando em pezinhos de lã fazer o que não se conseguia fazer de galochas. Depois viria Gelson, na tentativa de dar o miolo a João Mário, mas o tempo passava e as oportunidades não apareciam. Pelo meio uma grande oportunidade de golo para o Arouca, na sequência de um arremesso de linha lateral. E o tempo passava, aumentando a ansiedade.

À entrada para os últimos dez minutos, reclama-se penalti na área leonina. Lance muito complicado de analisar, pois Naldo escorrega e utiliza toda a sua experiência para só cair mais à frente; o avançado do Arouca, de olhos na bola, acaba por embater no corpo do defesa, deixando a discussão que nunca levará a uma conclusão: é Naldo quem provoca a colisão ou é o arouquense que embate no corpo do defesa? Sinceramente, se fosse penalti eu aceitaria. Mas não foi e na sequência de uma oportunidade desperdiçada por Montero (bela recepção, lentidão a rematar), Lito Vidigal, que já tinha andado a correr em campo para reclamar no lance anterior, volta a entrar dentro das quatro linhas para provocar Naldo. O defesa brasileiro perde a cabeça e empurra o treinador do Arouca quando este lhe vira costas. O que se segue, é tão ridículo como alguém escrever que Naldo agrediu Lito, tendo este último aproveitado para atirar-se para o chão, tirar vantagem da situação e queimar mais tempo. Naldo e Lito seriam expulsos e o que fica é a imagem do técnico arouquense a dirigir-se aos seus adeptos com ar de quem havia conquistado o pontito da ordem. Puro engano. Com o adversário deposicionado fruto do “sururu”, Ruiz, entretanto posicionado ao meio, faz o que não tinha sido feito até então e levanta para Montero nas costas dos defesas; o colombiano faz uma recepção brilhante e Slimani aparece embalado a aproveitar a deixa do remate do colega. Um inchAlá! do tamanho do mundo, selando uma vitória importantíssima e arrancada a ferros (mas, também, se isto fosse fácil não seria para nós).

p.s. – faltam 24…