A pergunta que dá título ao post tem feito parte dos meus pensamos nos últimos tempos. Pelo simples facto de que a nossa insistência no sermos 3, 3 e meio ou quatro milhões esbarra, diariamente, em exemplos de Sportinguistas que tudo fazem menos o que seria lógico: defender e mostrarem-se comprometidos com o seu clube.

Ora, estava eu a ser brindado com mais uns exemplos dessa estranha forma de ser do Sporting, quando me chegam as palavras de Bruno de Carvalho, proferidas durante a gala “Rugidos do Leão”, na Batalha. «Vamos seguir o nosso caminho, vencer dentro das quatro linhas, seja em que modalidade for, sem deixar de ser voz ativa na defesa intransigente das regras valores, futebol moderno transparente, desporto justo e alimentador de regras sociais. Queremos afastar do léxico do futebol a corrupção, os jogos combinados, as jogadas de bastidores. Isso tem de sair do futebol. O Sporting vai continuar a lutar. Não porque necessitamos dessas lutas para ter resultados, mas porque somos diferentes, porque defendemos regras e valores sociais […] Peço-vos que se concentrem forças nas nossas necessidades, nas realidades que nos circundam. Deixem de ser iludidos, manipulados por aqueles que todos os dias vão tentar enfraquecer o Sporting. Estamos dispostos a tudo, a dar tudo, mas não conseguiremos nada se não for pela força de 3,5 milhões de sportinguistas. Temos de ser o Sporting, o grande Sporting.»

Ao ler estas palavras, vieram-me imediatamente à memória as imagens de pessoas que estão em programa televisivos para representarem e defenderem o Sporting, mas que se calam quando todo o restante painel insiste em veicular mentiras sobre o nosso clube. Vieram-me à memória todas aquelas páginas de facebook que envergam as nossas cores, mas que, para terem mais likes, não se coibem de partilhar manchetes venenosas de jornais ou notícias inquinadas veiculadas por canais televisivos ou estações de rádio (e não o fazem em tom de crítica, bem pelo contrário). Vieram-me à memória os assobiadores crónicos, bem como os blogues a quem não chega estar em primeiro e que parecem lamentar cada vitória conquistada. E, somando tudo isto, veio-me à lembrança uma máxima que fazia parte da forma de estar do grupo de amigos com quem cresci: se houver merda, batemos todos e levamos todos. E é esta a grande questão que se coloca: estamos longe, muito longe deste estado de alma.

Como estamos em semana de dérbi e como há pessoal que parece ficar mais Sportinguista nestas ocasiões, seria uma oportunidade fantástica para receber esta segunda-feira com um texto que promove a união. Acontece que a paciência também tem limites e, sinceramente, acho que a melhor forma de promover este reunir de tropas é pedir-vos, a todos, que tentem responder à pergunta do título: De que nos serve sermos milhões se não estivermos comprometidos? Vale pouco, respondo eu. E digo-vos mais: estou cada vez mais certo que 300 mil comprometidos fazem mais do que três milhões sem um rumo conjunto. Longe de mim, obviamente, pedir-vos que abandonem o espírito crítico, pois estaria a contradizer-me a mim mesmo. Mas que esse espírito crítico nasça de preocupações genuínas e de sentementos verdadeiros, não de interesses pessoais e políticos que (impressionante como tanta gente parece esquecer-se) conduziram o Sporting a um papel terceário a nível desportivo. E regressar ao topo não vai lá com palavras de ocasião.

Por isso, e pedindo desculpa pela possibilidade de melindrar alguém, está na hora de todos meterem na cabeça que o nosso regresso não será feito porque somos três ou quatro ou oito milhões. Será feito porque e quando tivermos a certeza que ao nosso lado caminham Sportinguistas que, quando estivermos a levar forte e feio, não dão meia volta e nos deixam a levar na tromba sozinhos. Se quiserem, lembrem-se dessa máxima de rua que vos permite ter amizades com 30, 40 ou 50 anos: se houver merda, batemos todos e levamos todos. Neste caso, com a verde e branca vestida.