Vejo aqui alguns leões a pedir para não se assinar por mais de 2 a 3 anos, mas isso é apenas, e infelizmente, um lirismo bonito.

Depois de falharmos o acesso à Champions e depois de sermos obrigados a entregar 12 M€ ao TAS/Doyen 12M€, a solução que está em cima da mesa passa por vender jogadores (Slimani e William por exemplo), ou…

assinar um acordo deste género.

E tendo as VMOCs no horizonte, não poderemos por esta via resolver o tal problema de encontrar 120M€ até 2026?

Vamos ser otários e recusar a resolução dos nossos problemas imediatos e futuros, podendo partir para uma nova realidade, onde possamos competir em pé de igualdade com os nossos rivais e não estar sempre constrangidos do ponto de vista financeiro?

Se o Sporting consegue ombrear com Porto e Benfica com tantas restrições financeiras, como será se não tivermos essas restrições e pudermos ir ao mercado comprar os jogadores que o JJ pedir?

Na posição em que o Sporting se encontra, por força das loucuras dos lunáticos que nos geriram no passado, não haverá grande hipótese de fugir a um acordo para os próximos 10 anos.

SL

Uma noticia bombástica de um suposto negócio de 500 ME dada por um jornal cuja credibilidade deixa muito a desejar, agravada ainda pelo facto de ser o principal suporte da fanfarra lampiónica, está a levar os sportinguistas ao delírio ! Basta ver a euforia que perpassa pelas redes sociais. A maioria das notícias divulgadas por esse jornal merecem-nos sempre todas as dúvidas, esta aceitamo-la sem reservas como facto consumado. Estamos a ficar cada vez mais parecidos com eles: basófias.
Haja prudência e bom senso.Espere-se pela confirmação e evitem-se comparações porque os items negociados são seguramente diferentes nos três clubes.

Relativamente aos direitos televisivos e depois de muita troca de argumentos com benfiquistas (especialmente permeáveis a propaganda e gigantismo, e tão fracos no sentido critico como fortes na provocação alheia), permito-me a deixar factos e a minha opinião em menos de 10 pontos, prometo 😉 :

1 – Acredito e continuarei a acreditar na centralização total dos direitos televisivos como forma de proporcionar ganhos maiores a todos os clubes e em nome do equilíbrio e competitividade de uma competição nacional.

2 – Felizmente, a minha posição é coincidente com a defendida pelo Sporting Clube de Portugal e inclusive as dos clubes rivais em determinados momentos do passado recente, até resolverem “virar o bico ao prego” e negociar individualmente a seu bel-prazer esquecendo tudo o que recentemente defendiam. O primeiro clube a fazê-lo, registe-se, foi o Benfica.

3 – Para situar as pessoas relativamente a números reais, nem que seja para evitar típicas megalomanias, perceba-se que numa comparação com os clubes da Liga espanhola, os 40 milhões do Benfica são ligeiramente inferiores aos que Granada (41,3 milhões) e Elche (41) vão receber nesta temporada”. Só para reforçar, “para se ter uma noção das diferenças, basta dizer que entre as verbas distribuídas na época passada na Premier League inglesa, os 40 milhões da SAD do Benfica são menos de metade do que recebeu o último classificado, o Queens Park Rangers, que encaixou 91,2 milhões de euros”. Na realidade, Portugal continuará a ser o único país, entre os primeiros dez que figuram no ranking da UEFA, a não negociar conjuntamente os direitos televisivos (estranho, não?). Não haja ilusões quanto a números, nunca os direitos centralizados portugueses chegariam perto dos valores das principais ligas europeias, mas certamente que um Elche não receberia mais que o Benfica ou Sporting, com a vantagem de elevarmos o nível financeiro (e assim competitivo, esperar-se-ia) dos restantes clubes ditos pequenos, mais que não fosse para os retirar da actual falência em que se encontram e proporcionar um aumento do nível competitivo da Liga e já agora, dos grandes.

4 – Ora, a partir do momento em que um dos três grandes negociasse individualmente, sabia que estaria a sabotar quase irremediavelmente a questão da centralização. Senão veja-se: Numa liga pouco atractiva como a portuguesa, limitada em mercado quando comparada com Espanha, Inglaterra, Alemanha, etc, torna-se óbvio que para negociar com um mínimo de argumentos, teriam que estar envolvidos os seus 3 maiores activos, os 3 grandes, pois. Numa liga já de si pequena, se um grande já faria falta, quanto mais dois. Basta imaginar o Barcelona a negociar direitos da La Liga com os outros clubes mas sem o Real Madrid e o Atlético de Madrid ou o Manchester a negociar os direitos de todos os clubes da Premier League, mas sem o Arsenal e o Liverpool. O primeiro clube a boicotar a centralização, relembre-se, foi o Benfica.

5 – Independentemente da sua posição, após a negociação individual de Benfica e depois Porto, o Sporting ficou isolado na luta pela centralização restando-lhe duas opções (uma na realidade): Por um lado, na improbabilidade de todos os outros clubes ditos pequenos estarem de acordo e não subjugados ao poder do Benfica ou Porto (obedientemente aguardando migalhas que caiam das suas mesas), tentar negociar em pacote com os restantes clubes, sendo que agora faltam os dois outros grandes e o valor total da Liga estava comprometido (ver ponto anterior). Por outro lado, aceitar o que os outros tornaram inevitável e ir para a única hipótese real que sobrou: Ir à luta individualmente, sob pena de ficar enfraquecido face aos adversários.

6 – Um parêntesis para vos dar nota que também em Espanha (muito mais parecidos connosco do que queremos acreditar mas mais sensatos quando se trata de cooperativismo e orientação para um resultado final), houve resistentes à centralização. Sabem como se resolveu? Em Setembro aconteceu isto: “Liga Espanhola de Futebol Profissional (LFP) aprovou (…), com o voto contra do Real Madrid, a adaptação dos seus estatutos ao decreto-lei que regula a venda centralizada dos direitos de transmissão televisiva dos jogos das suas competições. O presidente da LFP, Javier Tebas, informou que a alteração estatutária foi aprovada “por uma maioria significativa (…) quatro abstenções e o voto contra do Real Madrid”, considerando ter-se tratado de “uma vitória pessoal”. Escusado será dizer que qualquer semelhança entre isto e a maioria das instituições portuguesas e seus dirigentes é mera ficção. É preciso ter espinha dorsal e isto não inclui dois dos exemplos dados acima, muito menos quem os devia regular.

7 – Os contractos negociados individualmente são de longo prazo, de 10 ou mais anos, o que me parece prejudicial para os clubes, por princípio (hoje correm rumores de que o Sporting fará o mesmo, infelizmente). Implica uma fidelização demasiado extensa num mercado volátil e que parece crescer em atractividade, implica alguém contractar sem saber a duração do seu mandato (deixando a outros essa inevitabilidade) e significa muitas vezes uma ilusão inicial com os números dos primeiros anos do contracto e uma decepção nos últimos anos. O exemplo que dei numa troca de comentários anterior com benfiquistas (para pena minha só esse aparecem e quando lhes cheira a provocação ou humilhação potencial) assenta aqui como uma luva: “Só para refrescar a memória e pôr as coisas em perspectiva, quando o Benfica fez o último dos contratos com a Olivedesportos há uns anos, a excitação com os valores era semelhante a esta, isto é, valores estratosféricos, um negócio fabuloso, capas de jornal, etc…Nos últimos anos desse contrato, já o Sporting e o Porto tinham renegociado os seus direitos, esses mesmos valores passaram a ser uma vergonha, um roubo ao Benfica, uma humilhação, de tal maneira que esse foi um dos argumentos importantes para a criação da Benfica TV, juntamente com a independência face a sanguessugas e tal (que eu sempre achei bem e tirei-lhes o chapéu, infelizmente, cedo demais). Isto é a relativização das coisas.”

8 – A propósito do tema, tenho alguma dificuldade em perceber a postura de alguns benfiquistas que conheço, pessoas inteligentes e dignas, quando por um lado, têm uma postura quase necrófaga em relação ao meu clube e por inerência a mim, só aparecendo e comentando em massa quando alguma coisa acabou de correr mal e desaparecendo completamente quando é o seu clube a passar por dificuldades. Não são aquelas piadas comuns que me afectam, é mais aquela raivazinha mal disfarçada, o achincalhar e a falta de coerência quando ninguém sabe deles na hora da adversidade lhes bater à porta. Eu não gosto do Benfica, nada, não gosto do Porto, idém, não partilho os valores que têm demonstrado no meu tempo, abomino-os, mas não venho a correr quando perderam aquele jogo, simplesmente não comento, faço-o por questões de personalidade, valores e respeito, daí estranhar. Ou não, afinal comportam-se dentro do parâmetro que eu associo ao clube que defendem, o que é triste. Por outro lado, não entendo a necessidade constante de se porem em bicos de pés, tentando constantemente mostrar que são os maiores, que recebem mais, que fazem mais, tudo mais, isto a propósito do recente contrato com a NOS. A imagem propagandeada e que têm tanta facilidade em encaixar não é “fizemos uma excelente negociação”, é antes “somos os maiores, os outros são mesmo uns coitadinhos ao pé de nós”. Ora, após o recente contrato do Porto (numa espécie de, e desculpem o único calão do texto, “guerra de pilas”) e antes de sabermos sequer os contornos de um futuro contrato do Sporting, talvez consigam perceber que há outros grandes em Portugal e que é uma pena não puxarem todos dos galões em conjunto em determinadas matérias, como é precisamente o tema da centralização dos direitos. Quanto ao “somos os maiores”, diria que correm o risco de passar por clube grande com gente pequena. Quem é grande não devia ter a necessidade de estar sempre a atirá-lo à cara dos outros, soa a falso. Atenção, tudo o que aqui disse vai na mesma moeda para qualquer adepto, de qualquer clube.

9 – Por fim, eu gosto de pensar pela minha cabeça, faço questão de ter sentido critico e independente. Assim, tive algum trabalho a construir este raciocínio, informei-me em alguns casos, interpretei e dei a minha opinião. Leiam ou não, comentem ou não comentem mas pelo menos se lerem, leiam tudo antes de desconstruírem tão extenso texto por causa de uma vírgula fora do lugar ou comentário com que queiram implicar. Lamento que o Sporting tenha ficado isolado na centralização de direitos, porque gosto desta coisa do futebol. Acredito que era bom para todos. Espero, com pouca crença, que não vão a correr negociar um contrato de 10 ou mais anos, mas é o mais provável. Digo aqui que tenho imensa pena que o futebol português tenha perdido uma oportunidade única de crescer em mentalidade competitiva, em receitas, cooperação institucional, tudo. Sem falinhas mansas, fica registado quem levantou o machado e para mim, aniquilou esta oportunidade, o Benfica primeiro e Porto a seguir, infelizmente com o aplauso de muitos. Com bolos se enganam os tolos, já diz o povo.