Que grande jogo de bola fez o Sporting Clube de Portugal! Esta é a frase que resume uma noite quase perfeita em termos exibicionais, capaz de reduzir a zero uma das equipas mais elogiadas ao longo desta primeira metade do campeonato. Que grande jogo de bola fez o Sporting Clube de Portugal! (vou evitar passar demasiada percentagem da crónica a repetir esta frase, prometo).

Confesso, tal como deixei claro no Bloco de Notas, que estava plenamente confiante na vitória, mas imaginava um jogo rasgado e ganho por margem curta. Para ser mais preciso, passei o dia a recordar aquele 2-3 na noite em que o Balakov arrancou antes do meio campo, fintou uma mão cheia de gajos e marcou um golo à Maradona. Era essa a minha expectativa, embora, escrevi-o, não colocasse de lado a possibilidade de resolvermos isto como fizemos no lampiódromo: toma lá três bombocas na primeira parte e acabou-se a conversa. E o que aconteceu, aproximou-nos mais dessa equipa que bailou na lixeira: fantástica ocupação de espaços, noção táctica de excelência e uma eficácia a todo o nível. Resultado:  Que grande jogo de bola fez o Sporting Clube de Portugal!

E numa noite onde toda a equipa merece nota elevada, um tal de Bruno César rouba o protagonismo. Dois golos, o primeiro num tiro fantástico de trivela, uma assistência e uma entrada na equipa como se pertencesse ao grupo desde o início da época. E eu, que me envolvi em interrogações aquando da sua contratação, aplaudo a sagacidade de contratá-lo com tempo suficiente para a integração e confirmo que quem o contratou o fez com total conhecimento do jogador e do que dele se pretendia. Sim, o Sporting fica mais forte com Bruno César e, repito-o, é bem capaz de não ser à toa que Adrien melhorou a sua meia distância e que João Mário, ontem, nos brindou com um golaço capaz de levar uma criança de seis anos a festejar lançando palavrões à toa. Momento para recordar, primeiro naquele jeito pantufas em que a bola fica mais redonda do que já é, depois com um remate cruzado de fazer levantar o estádio. No fundo, não tivemos Balakov, tivemos João Mário, com o extra do respeito demonstrado pelo clube que o ajudou a crescer.

Mas também tivemos Ruiz, o homem que pela lógica mais se aproxima do mago búlgaro, e que espalha perfume a cada lance. O do terceiro golo é uma incontinência para quem gosta gosta de futebol e torna-se impossível não sorrir quando se vê a bola rodar meia equipa e chegar redondinha à cabeça de Slimani, esse intratável ponta-de-lança que entra direitinho para os maiores achados da história do Sporting. E já que falamos em história, a deste jogo merece, também, uma referência ao grande jogo de William, onde nem faltou um sorriso às reprimendas do técnico. O homem engoliu o meio-capo, o Leão engoliu o choco, o Aquilani juntou-se ao João Mário e fizeram um número de circo para agradecer aos mais de 16.500 espectadores que, numa quarta-feira à noite, deram ao Bonfim a sua maior enchente da época (avassalando uns 9 mil e qq coisa aquando da visita do benfica).

Que grande jogo de bola fez o Sporting Clube de Portugal! E com esse grande jogo, aumentou a distância para o segundo classificado e passou a ser a única equipa que apenas depende de si para ser campeã. Os outros? Olha, que la suken y que la sigan sukando!