Se a conjugação improvável de resultados já era obstáculo suficiente para olhar a continuidade na Taça da Liga com desconfiança, a verdadeira manta de retalhos com que o Sporting se apresentou em Arouca aumentava esse sentimento de que a melhor forma de olhar este jogo seria deixá-lo correr e ver o que acontecia (já para não falar dos preços ridículos dos bilhetes para os adeptos do Sporting).

E o que aconteceu, na primeira parte, foi um longo e penoso bocejo, excepção feita ao lance em que André Martins surge a tentar emendar ao segundo poste um centro do esforçado Tanaka. O Sporting não apresentava fio de jogo e as opções de Jorge Jesus tornavam essa mesma arrumação da equipa mais complicada: Esgaio no centro do terreno, quase sempre como médio mais recuado, e André Martins descaído para a ala, opção que deixou o leão amputado num dos corredores laterais. Para piorar a situação, Matheus Pereira esteve completamente ausente da partida, o que deixava o Sporting sem profundidade, até porque os laterais pouco ou nada subiam , talvez preocupados com as paragens cerebrais dos seus colegas do centro da defesa. Com tudo isto, acabou por destacar-se Azbe Jug, o guarda-redes esloveno que teve oportunidade de estrear-se e que respondeu a preceito sempre que foi obrigado a intervir, nomeadamente quando teve que evitar o autogolo de Paulo Oliveira naquela que foi a melhor oportunidade do Arouca.

Ao intervalo, Jesus deixou Matheus e André Martins no duche (sinceramente, não percebo porque raio é que o André jogou na ala e o Esgaio no meio) e lançou Gelson e Mané. A equipa estabilizou e Aquilani teve, então, oportunidade de transformar a sua atitude competitiva em futebol correspondido pelos restantes. E seria o italiano a deixa o primeiro sinal de perigo, com um remate à meia volta que passou perto do poste. Perto do poste passaria, também, um cabeceamento de Paulo Oliveira, ele que voltou a ter duas oportunidades de visar a baliza em lances de bola parada. Por esta altura já Podence estava em campo, permitindo a Mané ocupar a sua verdadeira posição (avançado) e obrigar o defesa contrário à defesa da noite. O golo da vitória chegaria a dez minutos do final, por Zeegelaar, na recarga a um livre bem executado por Montero, dando um sabor menos amargo a uma partida que serviu para confirmar que, afinal, até temos guarda-redes suplente, que Aquilani não sabe jogar a feijões, que Esgaio é pau para toda a obra e ainda acaba transformado numa espécie de Enzo (mas sem dar porrada), que Gelson está cada vez mais crescido, que Mané não atirou a toalha ao chão e só precisa que o deixem jogar na área e que Podence tem características que podem torná-lo num jogador importante. Foram eles os pontos de luz numa noite sem brilho.