Estamos a 22 de Fevereiro de 1942 e é domingo, 6.a jornada da 1.a divisão. No calendário há um FC Porto-Benfica. O quê, FC Porto-Benfica (4-1) na Constituição? Ó meus amigos, isso não é nada comparado com um Sporting-Leça! Aliás, com este Sporting-Leça. Nessa tarde de chuva, os leões não só entram na história pelo resultado (14-0, ainda hoje a oitava maior goleada de sempre a nível mundial) como também por Peyroteo, autor de nove golos. A avaliar pela crónica no “Diário de Notícias”, o internacional português até podia ter feito mais. “Com mais empenho por parte de Peyroteo, é de crer que tivesse estabelecido um recorde ainda mais impressionante.” Então o homem marca quatro golos na primeira parte, cinco na segunda e ainda o acusam de molenga? Xiiii… Nos dias de hoje, em pleno século xxi, Peyroteo é uma referência incontornável como o goleador mais eficaz de sempre no futebol mundial, graças à média de 1,67 golos (330) por jogo (197) no campeonato nacional. Superior a Pelé, Puskas, Di Stéfano e muitos outros. Daí que continue a ser referido em blogues da especialidade como um dos mais talentosos avançados do pós-Guerra e pré-Pelé.

No Lumiar, o Sporting treinado pelo húngaro Jopseh Szabo não joga apenas com Peyroteo. O onze, vestido de verde-escuro, começa com o guarda-redes-espectador Azevedo, continua com os defesas Rui de Araújo e Cardoso, prossegue com os médios Aníbal Paciência, Daniel e Marques para desaguar no quinteto de avançados com Mourão, Soeiro, Peyroteo, Canário e Cruz. O Leça, equipado à Sporting, responde com Jaguaré (brasileiro, titular do Sporting em 1936 e conhecido como o primeiro guarda-redes a usar luvas em Portugal); Godinho e Valdemar; Juca, Elísio e Rocha Lima; Chelas, Nini, Lúcio, Quecas e Joaquim. Na segunda volta, o Sporting só ganha 3-0. Sem Peyroteo claro. Senão…