A formação leonina, apesar de tudo o que já deu e já provou, continua a ter de afirmar, ano após ano, que ainda tem o domínio no que toca ao lançamento de jovens atletas oriundos das camadas jovens.

Não podemos negar que a balança se equilibrou, e muito, no que toca à captação de talentos em Portugal e além fronteiras. Hoje, tanto Benfica como Porto têm ao seu dispor jogadores tão talentosos como os nossos, em algumas gerações melhores, e profissionais tão ou mais conhecedores que os nossos. Copiando o nosso modelo, iniciado pelo enorme Aurélio Pereira, os rivais conseguiram equilibrar forçar e formar excelentes jogadores. Algo que antes aconteceria apenas de 10 em 10 anos.

A diferença, que tanto pesa e tanto lhes dói, continua a ser, e será durante muito tempo, na integração destes jovens naquele que é o futebol profissional. Um atleta que consiga terminar como júnior do Sporting, mesmo que não consiga chegar à equipa principal, está preparado para ser peça importante em quase todos os clubes de Primeira Liga. Um jovem jogador formado pelo Sporting, tem em si a confiança e a maturidade de se afirmar, mesmo que se perceba que o nível do seu futebol não seja suficiente uma equipa que luta pelo título.

E isso explica o impacto de quase todos os jogadores que o Sporting empresta a clubes portugueses. Casos de Palhinha, Rúben Semedo, Esgaio, Iuri, João Mário, e até mesmo os mais longínquos Nuno Reis, Adrien, Cédric e Wilson Eduardo. Fazem diferença porque em Alcochete lhes é dada a liberdade de jogarem o seu futebol, explorarem as suas qualidades e perceberem, através do erro, quais as maiores fragilidades.

Os nossos juniores estão a lutar pelo título, mais uma vez, e é tempo de esquecermos por dois segundos que o Adrien faz anos e destacar alguns nomes:

Ronaldo Tavares: Se André Silva é o melhor jovem avançado português, Ronaldo tem tudo para ser o senhor que se segue. Já tivemos algumas desilusões no passado, com pontas de lança que muito prometeram mas que falharam no futebol sénior. Mas Ronaldo é diferente deles todos. Imaginem vocês que conseguimos formar um Slimani, com os conhecimentos técnicos e tácticos de uma das melhores escolas da Europa. Impecável no jogo aéreo e a jogar no limite do fora-de-jogo, bom sentido posicional, mas ainda muito “trapalhão” nas acções com bola.

Jovane Cabral: Apenas 17 anos, mas o futuro Gelson Martins desta geração. O Cabo Verdeano foi recusado pelo Porto e rapidamente captado pelo Sporting, que apostou na sua velocidade para dinamizar a ala. Tem tudo para evoluir, principalmente no momento de decisão, mas parece estar aqui mais uma aposta ganha quando se junta Sporting, Cabo Verde e a ala direita.

Bruno Paz: Um autêntico mágico táctico. Capaz de actuar a defesa central, onde se formou, médio ou lateral direito, Bruno tem uma capacidade de ler o jogo fora do vulgar. Sabe ocupar espaços, sabe jogar sem bola e sabe equilibrar a equipa. O futebol profissional pode trazer-lhe alguma indefinição, como trás a jogadores capazes de fazer tantas posições, mas parece demasiado inteligente para não vingar ao mais alto nível.

Pedro Ferreira: Médio defensivo de 18 anos que, junto a Bubacar Djaló, poderá ser mais um excelente jogador que o Sporting forma na posição nestes últimos anos. Aliás, os dois actuaram já muitas vezes juntos e mostram características físicas naquilo que temos com William e Palhinha.

Capacidade de transporte, capacidade defensiva e muita intensidade, Pedro Ferreira tem sido um dos melhores a nível nacional, na sua posição.

Pedro Empis: Um clássico de todos os jogadores de FM. Empis evoluí sempre muito bem e dá muito jeitinho, porque bons laterais esquerdos são difíceis de encontrar. Na vida real, muita maturidade, também é dos mais velhos da equipa, capacidade defensiva, pelo menos para o seu escalão, e muito bom no apoio ao ataque. Tem técnica, sabe ocupar espaços, desequilibrar defesas e tem a vantagem de fazer uma posição cada vez mais complicada no futebol moderno.

Bruno Fernandes: Tenho um gosto pessoal por este jogador, apesar de perceber que não é fácil afirmar o que pode dar. Tem classe, bom passe, capacidade de aparecer a fazer golos. Um craque ao mais belo estilo português, que actua como extremo mas que poderá também fazer o papel de ponta-de-lança. Chegou no princípio da temporada, vindo do Vizela, e penso que foi uma excelente aposta.

Aqui ficam os meus destaques, mas atenção à geração que aí vem, de 99, onde teremos, pelo menos 8 jogadores de alto nível e uns outros tantos interessantes.

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa