Amigos meus persistem em me perguntar como é que eu posso gostar de Bruno de Carvalho. O tom é entre o supreendido e o enojado, como se me estivessem a perguntar porque é que eu insisto em defender o Isis ou coisa que o valha. Eu lá digo, sem dar grande troco, que basta olhar para a equipa e a forma como joga, os treinadores contratados, as aquisições, os resultados, os recordes a serem batidos e por aí fora.
Os meus interlocutores fazem sempre um pausa como se não tivessem ligado uma coisa à outra e a seguir, como boas pessoas humanas que são, desatam a criticar Bruno de Carvalho mais uma vez porque este escreve muitas vezes no Facebook.
Para mim é ao contrário e não me canso de o referir: creio que a equipa responde embalada pelo frenesim de Bruno de Carvalho.

Admito sem problema que jogadores e técnicos já não possam com ele (embora eu ache que não), mas sei que as organizações que sejam challengers em países (latinos e tal) como o nosso, precisam de líderes frenéticos, carismáticos, que se imponham perante o exterior.

Com líderes mansos ou “civilizados” que têm o azar ou a circunstância de não obter resultados que o exterior valorize, as nossas organizações tendem a relaxar e a facilitar. Godinho Lopes, simpático e afectuoso, deixou o clube no rumo do sétimo lugar, conservando sempre a simpatia e o bom trato.

É o que tem acontecido com o FC Porto: esqueceu que agora é challenger (o Benfica domina) e relaxou (PdC está muito mais manso ou “civilizado”) e anda pelo terceiro lugar. O Benfica domina o futebol português e como tal LFV pode manter-se nos bastidores, enquanto que há uns que pelejam por ele.

Bruno de Carvalho tem um estilo próprio que é o estilo apropriado em culturas latinas de quem é challenger e quer ser dominante. Não concorre ao prémio de “dirigente que os outros clubes acham que é um bom dirigente”. É chato e irritante, mas macacos me mordam se não leva a sua avante. A sua intuição é a principal força motriz do clube nesta altura, acrescento.

Se BdC não fosse assim, é provável que o (suposto) penalty de Coates sobre Aboubakar tivesse sido marcado e/ou alguns dos nossos golos anulado por faltinhas e ou foras de jogo mirabolantes. Porque era isso que acontecia sempre, nos últimos larguíssimos anos.
As equipas de arbitragem e seus dirigentes são fracos e permeáveis ao ruído e à pressão. Não devia ser assim? Não, não devia, mas é assim e BdC sabe-o. Ele sabe que as arbitragens “iguais para todos” são fulcrais para se ganharem títulos e por isso é que os massacra, porque sabe que um Sporting por baixo será sempre prejudicado.

O Sporting até pode ficar em segundo, que poucos sportinguistas ficarão desiludidos com o que vivemos nesta temporada no campeonato.
Vivemos um Sporting dominador e favorito que em nenhum dos jogos em que deixou pontos não merecia ser o vencedor.
As derrotas com o União e o Benfica podiam perfeitamente ter sido vitórias e os empates parvos que tivemos foram isso mesmo: parvos.

 

Texto escrito por Pedro Boucherie Mendes em És a Nossa Fé
* “outros rugidos” é a forma da Tasca destacar o que de bom ou de polémico se vai escrevendo na blogosfera verde e branca