Para esta semana tenho que nos trazer algo, uma bússola que nos norteie, uma candeia de azeite que nos assinale, uma vontade que nos una. Enfim, algo que aponte à nossa mística, que nos diga Somos Sporting, ponto final.

O título desta semana reduz quase tudo à estatística, mas nem tudo são números, e por isso, vamos a falar de Coração e Alma. Neste dia, o Sporting Clube de Portugal culminou a sua época de reestreia (para verem o nível, um neologismo) com a final da 2ª Divisão de Rugby, onde derrotou o Clube de Rugby São Miguel por 39-10.

Chegámos, eu e o meu pequeno, um pouco atrasados ao jogo, e quando chegámos, o Sporting perdia… logo o meu filho me perguntou, preocupado se nós íamos perder… assim são as crianças… Não lhe respondi… mas conforme fomos descendo as escadas para o Campo 1 do Jamor, comecei a ver o Sporting… a única bancada tem cerca de 3000 lugares, 5/6 eram nossos… era Sporting a perder de vista…

Um mar verde e branco, um entusiasmo (ainda que por vezes… demasiado entusiasta), um querer, vozes a cantar, bandeiras, coros de cânticos, não o coro dos anjos, mas cânticos marciais, de quem sabe que nada há mais alegre que lutar pelo que se acredita, a incitar à luta, tambores a marcar o compasso da carga…
Nisto marcamos um ensaio, e disse ao meu filho:
– ( … ), hoje não perdemos, hoje ganhamos, pois como estamos não vamos poder perder.

Não me referia ao jogo em si, nisso ganha quem é mais competente, e quem interpreta melhor o jogo, mas ao Sporting fora das linhas de jogo, o Grande Sporting Clube de Portugal. Foram autênticos pilares a empurrar a mellée, saltadores a tirar a bola do alinhamento, pontas no sidestep em cima do adversário, e a voar para o ensaio. Claro que nem todos estavam com o espírito do rugby, mas estavam com o espírito verde e branco.

Já aqui ouvi dizer, e concordo com a afirmação, se o Sporting se visse ao espelho, viria uma massiva equipa de rugby de milhões. Hoje vi o apoio que foi dado ao regresso da equipa de futebol, de Braga. São os mesmos leões que estiveram connosco. Os mesmos o Querer, a Paixão, o Sentimento, a Vontade.

Naquele já longínquo dia, senti tal como ontem um carinho tal, que não é possível o Sporting voltar atrás… nunca mais. Porque as nossas vitórias, tal como no Rugby, são de vontade, de querer mais, de Esforço, de Dedicação, de Devoção… não compactuam com manobras, com pressões, com o jogo sujo.
A nossa Glória tem que ser limpa de mácula… sempre. Esta é uma das certezas com que fiquei daquele dia… e podem crer quando vos digo que foi um dos dias mais felizes da minha vida…

*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio