Por mais que me incomodem os interesses que vão designando o percurso da selecção nacional, por mais que ache que o William e o Adrien eram titulares desta equipa a jogar ao pé coxinho, por mais que me irritem as campanhas para promover a estrela alguém que eu acho que não passa de um pequeno cometa, por mais que ache vergonhoso o crescente abdicar do verde nos equipamentos, sou incapaz de chegar a um momento destes e não me entregar de corpo e alma ao apoio da nossa equipa.

Sim, eu sei que vais dizer-me “nossa o caralhinho!” e eu vou ter que respirar fundo para voltar a guardar na gaveta as evidências associadas a esse grito. Mas continuo a achar que vale a pena. Vale a pena recordar-me, com a minha mulher, no meio de milhares de ingleses a ganhar-lhes o respeito por cantar até ficar sem voz. Vale a pena recordar-me, com o meu irmão, numa louca perseguição de mota ao autocarro da selecção que arrancava da nossa Academia. E, mais ainda, vale a pena esbater todas e quaisquer cores para dizer à minha filha que isto é Portugal, o nosso país, os nossos jogadores, a nossa bandeira. Dizer-lhe que por todo o mundo há Portugueses para quem este momento é ainda mais especial que para nós. E que o nosso desafio é sentir estes jogos como eles: com saudade, com paixão, com orgulho e sem clube.

Força, Portugal!