Já estará por certo esquecido, devorado nessa máquina trituradora que é o tempo, o Campeonato Mundial de Rugby de 2015, na Inglaterra… Comigo também vai acontecendo isso mesmo, umas memórias sobrepõem-se a outras mais antigas… e tem que ser assim, a drive já não vai tendo assim tanto espaço de armazenamento.
Trouxe-me a memória esse Campeonato Mundial, um destes dias, aquando fazia zapping furioso entre canais, e vi de relance um jogo no Campeonato Mundial da bola redonda ser interrompido, por arremesso de pirotécnica para o relvado… Aí relembrei tudo, quase como em flashback… em 2015, os sul africanos a perderem com o Japão, e os seus adeptos a fazerem guarda de honra aos adeptos nipónicos no metro … O puto que invade o relvado e é placado por um segurança, ganha a medalha de campeão do Mundo de Sonny B. Williams, e é escoltado pelo mesmo até à bancada… O respeito nas bancadas, onde se via malta com bem mais peso que a polícia presente a beber uma cerveja bem gelada, ao lado de apoiantes de outras equipas, e a brindarem com eles…
Regressei ao presente, e mais irreal me parecia o que estava a ver… polícia a invadir as bancadas, e a carregarem para separar os adeptos… Relembro agora uma situação, que pode ter alguma coisa a ver com o que contei atrás.
No fim de um treino da nossa formação oval, fomos “convidados” a acompanhar o jogo inaugural do Campeonato do Mundo, entre a Inglaterra e Fiji, no café do Estádio Universitário, o U-Try. Aceitámos claro, eu e outros pais… os putos estavam em peso… com clientes ingleses, australianos, portugueses, tudo à mistura. Levei a minha mulher e a minha filha, para nos fazerem companhia e apanharem um pouco do que é estar a ver rugby… Começa bem a Inglaterra, bom jogo à mão, etc… os Flying Fijians não se deixam para trás… O ambiente é frenético no U-Try… saem imperiais, hamburgueres, batatas, etc… Chove o apoio, à Inglaterra, à Fiji… novamente à Inglaterra. Entre os clientes aposta-se uma jola, se marca ou não o chuto aos paus…
Nisto a minha filha faz-me uma observação:
– Pai, aqui todos torcem pelas duas equipas, aquele senhor lá ao fundo estava há pouco aos gritos pela Inglaterra, e agora está a festejar a placagem dum fijiano, que impede outro ensaio… não percebo nada disto, é uma loucura.
Percebo agora a diferença, ao comparar o público de rugby com o público de futebol… sei que há quem fale em valores, em classe (ou na falta dela), em estirpe, seja lá isso o que for… para mim, ao ver o comportamento dos adeptos, vejo que os adeptos de rugby, gostam de rugby, acima de tudo… e querem que a sua equipa ganhe. Os adeptos de futebol, querem sobretudo que a sua equipa ganhe, haja ou não futebol… Uns gostam de rugby, outros gostam de ganhar… implique a vitória o que implicar, seja a que custo for.
*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio
23 Junho, 2016 at 8:09
Melhor post da semana… As usual. 🙂
Nao podia ser mais verdade, para alguns “adeptos”, o futebol deixou de ser um desporto. E um pretexto para qualquer coisa diferente. Um pretexto para violencia, esconder frustracoes, etc… Nao um desporto. Ganhar a qualquer custo pondo em causa os valores basicos do desporto tornou-se norma para os adeptos do futebol (ate para os proprios jogadores e dirigentes). As vezes tenho de pena de gostar tanto de futebol mas sinto-me feliz por ser fanatico por tenis e rugby (ver estes DESPORTOS liberta completamente o espirito do mundo podre onde esta inserido o futebol).
23 Junho, 2016 at 8:41
Um amigo meu costumava dizer que a diferença entre o Rugby e o futebol é que o primeiro é um jogo de brutos jogado por gentlemen e segundo um jogo de gentlemen jogado por brutos. O mesmo se aplica aos adeptos
23 Junho, 2016 at 9:00
Um amigo teu? Essa “boutade” remonta ao séc. XIX. “Football is a gentleman’s game played by ruffians (thugs), and rugby is a ruffian’s game played by gentlemen.”
23 Junho, 2016 at 8:57
No Rugby somos diferentes mas, nem sempre o temos sido. Sei que constituem excepções comportamentos Hooliganistas entre adeptos mas, sem que seja a regra, de facto, eles ocorrem.
Dentro de campo as coisas estão muito mais serenas hoje que há 40 anos. Quando joguei pelo Cdul, primeiro como juvenil e 1 ano como junior, assistia sempre ao Torneio das “Cinco” Nações (Inglaterra, Gales, Escócia, Irlanda e França) e aprendi que nas melées havia murros “a coberto do telhado” entre avançados das duas equipes, com alguma regularidade.
Nas formações espontâneas não era raro ver jogadores com mais de cem quilos a treparem por ali fora arrastando intencionalmente os pitons nas costas e pernas dos adversários. Pisões nas mãos não faltavam e pontapés intencionais dados por jogadores placados, no momento da queda, no adversário que os placava, também não era coisa nunca vista.
Depois foi a Faculdade, o desastre Nacional, a interrupção dos estudos para ir trabalhar, o casamento, a emigração, os primeiros filhos, o regresso a Portugal, o Trabalho e o regresso à Faculdade de Direito de Lisboa e o Rugby não tendo deixado de ser, para mim, um desporto de eleição, deixei de ter espaço para ele na minha congestionada agenda diária. O trabalho, muitas vezes ao fim-de-semana, a redução das férias anuais praticamente a 1 semana por ano durante décadas, a Família que me exigia atenção, o trabalho fora de Portugal semana após semana com regressos a casa aos fins de semana, levaram-me gradualmente a abstrair-me de assistir a espectáculos desportivos. Fui-me abstraindo e deixei inclusivé de assistir aos jogos internacionais pela televisão, tal como estive 20 anos sem ir a Alvalade ver jogos. A vida que, é o que é e não aquilo que sonhamos ser, a tanto me obrigou. Voltei a Alvalade, de novo em 1998 mas, ao Rugby, só o ano passado, com o Campeonato do Mundo em Inglaterra, pela televisão.
O meu Filho começou ainda a jogar porque em pequeninos, ao Domingo, levava-os muitas vezes ao Estádio Universitário. A primeira bola que lhe dei, foi uma oval. Porém a saúde afastou-o do Rugby e enveredou pelo Tennis, o meu desporto principal.
Curiosamente, quem ainda chegou a jogar três épocas em Agronomia, foi a minha Filha mais nova. Coisas inesperadas da vida. Fez-lhe bem. Ela é grande, claramente maior que o meu metro e setenta e três e também é forte. Jogava como avançada e o forte dela eram os ensaios à custa de hand-offs, judiciosamente aplicados e tecnicamente perfeitos. Um belo dia, no metropolitano um gajo resolveu apalpá-la. Ela deu-lhe dois murros no focinho que o puseram a dormir. Foi alvo de uma grande ovação na carruagem e saiu vermelha como um pimentão, minutos depois, quando o combóio parou. Depois, subiu a Rua do Salitre a correr, em direcção a casa.
De facto o Rugby evoluiu loucamente desde a minha juventude e as regras de conduta foram erguidas acima do patamar em que estavam. O absoluto respeito pelos adversários conquistou a natureza de “uma questão de honra”, comunicou-se aos adeptos de forma entranhante e tornou-se na característica mais marcante deste desporto de eleição. Eleição na formação de seres humanos verticais, de eleição no prazer que dá jogar, de eleição como espectáculo, beneficiando enormemente da alteração de algumas regras e da própria diferenciação na pontuação que, valoriza hoje enormemente os ensaios, na procura , também de uma verdade desportiva que beneficia o espectáculo e exclui o anti-jogo. Adoptou as novas tecnologias. Tornou-se num desporto assente no confronto físico excluída a violência. A violência no Rugby é firmemente reprimida. Alguns dos comportamentos do Eliseu, por exemplo, valer-lhe-iam suspensões longas, primeiro e irradiação depois. A busca da verdade, na vida como no desporto pacifica os corações e civiliza os comportamentos. Aquilo que conta, conta e ninguém se sente defraudado mesmo que ocorra um erro grave. Raramente acontece mas, todos sabemos que os erros dos árbitros do Rugby são isso mesmo, Erros alheios à sua vontade, são humanidade. No futebol todos sabemos o que pensamos dos erros dos árbitros COM RAZÃO, são erros voluntários com a intenção de beneficiar uma equipe, um clube, uma selecção.
Um desporto que foi comandado desde a minha juventude por vigaristas encartados a nível de cúpula (Avelange, Blatter, Platini e por aí abaixo, os presidentes das Federações e clubes de todos os Países, com especial incidência e apenas no que toca à Europa, no Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Espanha e Portugal). Enormes Escândalos, Grande Vergonha que, afinal, não envergonhou quem os causou.
Tudo isto fez do Futebol um desporto sujo, um negócio sujo, um desapontamento e uma realidade que instiga à violência, dentro e fora de campo.
No RUGBY verificou-se EXACTAMENTE o CONTRÁRIO. Gente Séria, é outra coisa.
23 Junho, 2016 at 9:00
ERRATA: onde se lê abstrair-me de…, leia-se abster-me de…
O resto são erros típicos do “cut and paste” que toda a gente entende.
23 Junho, 2016 at 15:22
Desastre nacional foi o conforto dos seminaristas não ter ido pelos ares na Barbosa du Bocage. Abençoada cadeira que lhe rachou o crânio. O resto é tédio e armação ao pingarelho.
23 Junho, 2016 at 9:10
Toda a gente sabe que os betos são seres genéticamente superiores ao resto dos comuns mortais por isso não é de estranhar a diferenca de comportamentos entre os dois públicos. Eu como mero mortal preferirei sempre o futebol.
23 Junho, 2016 at 9:48
Dos comentários mais estupidos que li nos últimos tempos – e isso inclui passagens por outros blogs infectados de pessoas com mentalidades tacanhas e invejosas, tipicas de um país retrogado e bairrista.
Não me vou dar ao trabalho de tentar sequer explicar o que é a diferença entre TODOS os outros desportos em comparação com o futebol (dão todos mil a zero), mas peço-lhe só um favor: quando não souber do que está a falar, não diga nada. Se assim não passar por esperto, ao menos não passa por ignorante.
SL
23 Junho, 2016 at 11:26
+1
23 Junho, 2016 at 12:26
Também ia responder, mas fico-me por este curto comentário: Quem confunde rugby com betos não merece resposta.
Nao há outro desporto que seja mais nobre e sublime.
23 Junho, 2016 at 12:33
Na verdade ate acho acho que ha muitos desportos nobres e sublimes (um bom jogo de tenis vale uma tarde). Concordo mais com o LS, neste momento TODOS os desportos dao 10-0 ao futebol. Agora dou-te razao que nem a vale o esforco tentar explicar a gente parva a diferenca.
SL
23 Junho, 2016 at 16:46
Nenhum desporto sequer perde por poucos com o futebol. Não há nada que se lhe compare.
23 Junho, 2016 at 9:16
O rugby parece que seguiu um caminho diferente, para melhor, do que o futebol pois nunca perdeu o respeito pelo desporto e pelos seus intervenientes. Dificilmente o futebol poderá voltar ao caminho certo a não ser que sejam as novas tecnologias a banir a falsidade e o anti-desportivismo que reina no futebol.
23 Junho, 2016 at 10:12
Malta desculpem o OFF.
Então estou desligado da net desde o fim do jogo de Portugal e quando volto o Simon Vukcevic é reforço do Chaves?? Tou parvo…
23 Junho, 2016 at 10:23
“Os adeptos de futebol, querem sobretudo que a sua equipa ganhe, haja ou não futebol… Uns gostam de rugby, outros gostam de ganhar… implique a vitória o que implicar, seja a que custo for.”
Isto é o que são 80% (no mínimo) dos adeptos de futebol em Portugal.
23 Junho, 2016 at 10:24
E a culpa é essencialmente dos dirigentes da FPF e dos clubes.
23 Junho, 2016 at 10:28
Por acaso nem era muito amante de rugby mas neste último mundial segui vários jogos e gostei muito e ganharam um adepto de minha parte, o Dan Carter podia vir para o Sporting só para marcar os livres da equipa de fut11 🙂
Ainda a pouco tempo tive em Maiorca e vi uns neo zelandeses ou ezes, a fazer o haka e a ensinar a algumas pessoas,aquilo é mesmo bonito de ser ver 😉
23 Junho, 2016 at 11:30
Nunca mais começa a pré-época…
Santos é vergonhoso, podia ter ganho mas preferiu segurar o apuramento… e acabou por ter sorte. Treinadores gregos sem coluna vertebral…
Os putos… a minha alegria de ontem. Vitória no caixote do lixo, convém desinfectar antes de voltar à academia.
E Leo… tanta qualidade tem este jogador…
23 Junho, 2016 at 11:46
Por falar em pré-epoca. Já começaram as renovações das Gameboxes?
23 Junho, 2016 at 12:15
Ainda não
23 Junho, 2016 at 12:00
+1 fiquei mais feliz com a vitória dos nossos putos do que com o empate da selecção do Mendes.
Viram aquela foto tirada no avião a caminho do quartel-general em Marcoussis? Grupinhos. Tenho pena que o CR ande sempre rodeado pelos mesmos: Pepe, Ricardo Carvalho, Moutinho e mais alguns. Já tinha notado, num treino da selecção, que o grupo era dividido da mesma forma. De um lado os dinossauros, as prima-donnas. Do outro, a chavalada. O CR enquanto capitão e referência da nossa selecção devia passar mais tempo com os recém-chegados. Devia ter treino de troca de bolas com o JM. Sinto que os nossos são completamente colocados de lado. Vergonhoso.
23 Junho, 2016 at 13:01
muito mais.
23 Junho, 2016 at 12:14
Muito diferentes …. são planetas opostos e ainda bem para o Rugby e para o futebol …. ou menos preserva se as diferentes identidade dos seres humanos… e podemos saber que um dia podemos ser brutos e educados e outras vezes, somos frágeis e aldrabões…. e que todas estas formas servem para se vencer.
A vida tem essa beleza, de ser um livro em aberto onde podemos escolher as nossas melhor e piores páginas.
23 Junho, 2016 at 12:37
What?!
23 Junho, 2016 at 12:49
Tadeu, mete mais tabaco nessa merda.
23 Junho, 2016 at 15:04
Expliquei me mal…. Não se sintam ofendidos
23 Junho, 2016 at 12:20
Confesso que nada percebo de rugby, mas não sei porquê…é um jogo que me fascina em certa medida…!
Aqui há uns anos via as transmissões que dava na TV, creio que do campeonato da Europa, não sei…
Onde via a França, o País de Gales, a Inglaterra…
E era cada jogo mais entusiasmante…!!
“Vê-se” a olho nu que é um jogo onde há muito mais fairplay do que no futebol…
Se no futebol pudesse haver aqueles contactos que existem no rugby…chegaríamos sempre ao fim… com atletas no hospital…
SL
23 Junho, 2016 at 12:53
Acho que esse campeonato da Europa a que me refiro…
Se chamava na verdade…
“Torneio das 5 Nações”…seria…??
SL
23 Junho, 2016 at 13:17
Podia ser… Inglaterra, França, Irlanda, EScócia, e Gales… a que se juntou tardiamente a Itália…
Aliás, quanto a isso, a Itália ter sido convidada para formar o 6 Nações, se em vez da Itália vem a Argentina, baseada em Portugal, como ouvi dizer que chegou a ser equacionado..
Era viver no Paraíso…
23 Junho, 2016 at 20:57
Não preciso de repetir que estes posts são sempre deliciosos, pois não? 🙂
Ainda temos uns adeptos irlandeses que nos vão lembrando que o futebol pode ser uma festa. Obrigada a eles.
Gloria a Dios! 😀
24 Junho, 2016 at 8:59
Obrigado pelas palavras 🙂