Confesso que ainda hoje me é complicado desligar da maior conquista do futebol português desde.. ora bolas, da maior conquista do futebol português. Entre bebedeiras alcoólicas e emocionais, lá me vou levantando, lá vou acalmando, desligando das imagens de um dia em que um milhão de pessoas saiu à rua apenas para ver passar um autocarro cheio de heróis. E fui uma das que, porque trabalho no epicentro da festa, me pude deslocar até à Avenida da Liberdade para ver a maior romaria a que esta cidade já assistiu, a maior loucura colectiva e a maior felicidade de um povo que se faz grande nas quatro linhas. E, se o meu coração português se emocionou com tal visão, o meu orgulho sportinguista ia rebentando ao ver João Mário abraçado a Adrien Silva, William sentado no tejadilho com uma enorme bandeira e Rui Patrício, um deus no meio de comuns mortais, a ser um dos mais aplaudidos. Mas não só eles. Também o nosso Cédric e o nosso Nani, o capitão Ronaldo que um dia vi subir ao relvado como um miúdo, até Quaresma o “amor-ódio” da nação leonina.

E por isso hoje escrevo porque o Sporting não só merece ser aplaudido pelo que conseguiu fornecer à nossa selecção, como tem a obrigação de o continuar a fazer, porque todos nós sentimos um orgulho especial em assistir aos nossos com as cores do nosso país e porque faz parte do nosso ADN.

Nesse contexto, e porque o futuro começa agora, é altura de continuar a promover jovens portugueses à nossa equipa, garantir a competitividade e o crescimento da nossa formação, assentes na premissa de que jamais queremos deixar de ser base da Selecção Nacional, lutando por todos os campeonatos. Hoje, parece-me claro que fazem parte dos planos (para além dos campeões europeus) Rúben Semedo, Ricardo Esgaio, Iuri Medeiros, Gelson Martins, Matheus Pereira, Stjokovic e ainda o português e jovem Paulo Oliveira, que tão bem tem crescido de verde e branco (Mané será incógnita). Mas, e os dois jovens pelos quais tanto torcemos desde o princípio da pré-temporada, e que esperamos ver brilhar já esta temporada?

João Palhinha tem, nesta altura, uma oportunidade de ouro. Paulista está fora da equação, oficialmente, e como ele Wallyson. Mesmo se o Sporting apostar em mais um reforço no mercado, o seu lugar não estará comprometido. Está na altura de lutar que nem um louco nos jogos de preparação e nos treinos , depois de um grande ano no Moreirense. Tem de provar a Jesus que não precisamos de reforços para nada, está ali o substituto natural de Sir William e uma das maiores esperanças do futebol português. E, se o futuro não nos levar um dos grandes médios defensivos do futebol actual este Verão, quem não compra desde já um meio campo composto por Adrien, Petrovic, William, Palhinha e quem quer que seja no quinto posto?

Daniel Podence terá, achamos nós, pouca esperança esta temporada. Mas apenas por excesso de opções, não porque não estará pronto para jogos a sério. As demonstrações de talento e maturidade são tantas, que já não existe muito por onde pegar. A ser adaptado a segundo avançado, posição onde acho que nos vai dar muitos golos de belo efeito e partir defesas ao meio, existem para o seu lugar a recente contratação Alan Ruiz e o problemático Teo Gutierrez. Apenas a saída deste último poderá fazer aumentar as suas probabilidades, mas o colombiano é uma das apostas de Jesus e parece ser capaz de marcar golos de todas as formas e feitios.

Estes dois miúdos estão no limbo, naquela altura em que ninguém sabe (nem Jesus) qual o seu futuro. Nós cá estamos a torcer por eles, para que um dia celebrem títulos com a nação verde e depois os possamos ver num autocarro que diz “Portugal Campeão”.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa