Confesso que não estava habituado a tantos jogos com resultados negativos e mesmo sabendo que não contam para nenhuma classificação não consigo ficar indiferente a placards onde o nome do meu clube aparece do lado perdedor. Palavras como “amigáveis”, “particulares” ou “preparação” deviam fazer-me desconsiderar a quantidade de bolas dentro da baliza adversária ou na nossa…mas há qualquer coisa de incompatível entre ser adepto e permanecer alheado quando um coxo qualquer bate o nosso guarda-redes.

Mesmo que saiba que Petrovic não é William, procuro nas movimentações do sérvio a mesma qualidade e dinâmica a que estou a habituado a ver no português. Amigável ou não, desejo sempre a manutenção de um nível de exibições elevado e nesta pré-temporada tem sido árduo “encher a barriga” com o que salta do ecrã. O pensamento depois de hora e meia tem sido um permanente e forçado flashback às exibições da época passada e um anseio que regressem de vez, assim que a bola comece a rolar oficialmente. Sei que é bem diferente procurar definir um plantel em vez de um 11. Que é bastante distinto preparar, ao mesmo tempo, as primeiras e segundas linhas…mas assim que o árbitro apita para o início do jogo, a vontade que tenho não é ver os sistemas de jogo ou os autonomismos, mas sim belas jogadas concluidas com belos golos.

Sei que o “defeito” é meu e que devo levar a sério a expressão “jogo de preparação”. Eu tento, mas está para lá do meu alcance assobiar para o lado com derrotas por 0-5, por mais “particulares” que sejam, para mim não são nada “amigáveis”.

De tudo o que já vi, arrisco a dizer que nos falta um Guarda-redes para substituir (com segurança) Patrício, um central que venha competir (a sério) com os titulares Coates e Semedo, um “8” que permita dar descanço a Adrien e dois avançados que venham fazer esquecer as saídas de Teo e Barcos, assim como a lesão de Spalvis. Ao todo 5 jogadores, que poderão ser mais, caso alguma venda entretanto se realize. Num segundo plano, olho com preocupação para as exibições de Jefferson e entendo como lógicas as notícias que dão conta da procura do Sporting por um lateral esquerdo, na antevisão do que poderia ser uma transferência do brasileiro. É certo que faltarão poucos dias para fazer todos estes negócios, mas não deixa de ser também verdade que existem ainda muitos jogadores excedentários há espera de definições nos seus clubes de origem e muitos mais a “queimar” a entrada no último ano de contrato. E menciono estes, porque me parece estar fora do leque de soluções a divisão de passes com Jorge Mendes ou empréstimos com a opção de compra por 15 milhões de euros ou coisas semelhantes. Ao Sporting não irá chegar nenhum Rafa, Danilo ou Moutinho e muito menos um Jimenez, há muito que saímos desses esquemas (se é que alguma neles participámos). Assim restam os negócios possíveis, as “terrenas” aquisições por poucos milhões, os empréstimos com opções semelhantes, algum jogador “livre” de ocasião. É este o nosso mercado e como já vimos em épocas anteriores, manobrá-lo bem significa ter alguma paciência para não falhar o melhor timing. Cedo ou tarde demais e perde-se a oportunidade de receber o jogador ao preço mais acessível.

Seja como for, faltando os que faltarem, estou optimista como sempre. Assim como não consigo indiferenciar-me dos amigáveis, também não sou capaz de refrear a minha esperança no sucesso. Antes da bola rolar (a doer) não tenho premonições negativas, pessimismos ou preságios de desgraça. A equipa do Sporting, para mim, é sempre favorita e mesmo que do outro lado estejam Chelseas, Manchesters ou Barcelonas, há sempre um capital de fé inabalável no que o futebol tem de melhor, a surpresa. Não me esqueço das “odds” que eram dadas a Portugal antes do Euro e como ainda pioraram depois da fase de grupos. Nada está ganho, nem perdido…até ao último segundo de uma partida. Uma lição que nos devia refrear na caguice e no pessimismo.

 

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca