Hoje e amanhã, frente ao Bétis e ao Nice, o Sporting realiza os dois últimos testes antes do arranque da época 16/17. Obviamente que todos queremos vitórias e boas exibições, obviamente que há um troféu em disputa, mas as atenções dos adeptos leoninos estão centradas no problemas com que nos deparamos na frente de ataque.

Este promete ser um longo mês de agosto e não será fácil gerirmos o que ainda poderá vir a acontecer em termos de entradas e de saídas. A baliza e a defesa serão os sectores mais tranquilos, mesmo que possamos sentir necessidade de ter alguém mais tarimbado para jogar sempre que Rui Patrício não possa.
À sua frente, as opções deixam-nos dormir descansados. Coates, Semedo, Naldo, Paulo Oliveira e Ewerton são garantia de segurança, embora não seja de descartar a saída de um dos dois últimos (Paulo Oliveira tem vários interessados, nomeadamente em Portugal, Ewerton tem constantes problemas físicos e libertaria uma importante fatia da folha salarial). À direita, Schelotto e João Pereira são para manter, à esquerda Marvin precisa de libertar-se de vez do peso que representa jogar no Sporting e Jefferson parece bloqueado mentalmente, colocando à prova a paciência dos adeptos. Não será de descartar a saída do brasileiro, o que abriria espaço à chegada de outro jogador.

No meio campo não há muito que inventar. William e Adrien são o dínamo da equipa, João Mário acompanha-os e Bruno César parece levar vantagem na ocupação da quarta vaga. Pelo menos enquanto Bryan Ruiz for utilizado como apoio directo do ponta-de-lança. Depois há Gelson, Petrovic, Palhinha, Meli, Iuri, Esgaio, Wallyson e Aquilani, mas a verdade é que o futuro de quatro destes jogadores pode não passar por Alvalade (e ainda temos que colocar o Labyad e o Slavchev). E será deste meio-campo que poderá surgiu o movimento de mercado capaz de alterar tudo o resto: a venda de João Mário, aquele que dos quatro campeões europeus parece estar mais próximo de sair. Um encaixe de 40 milhões, a pronto, será irrecusável não só em termos de tesouraria como em termos de poder atacar o mercado, algo que precisamos com urgência para resolver o problema na frente de ataque.

Teo, pese as qualidades futebolísticas, é uma constante fonte de problemas e uma carta fora do baralho. Barcos nem chegou a atracar (ficamos sem perceber se podia acrescentar algo à equipa ou não). E Spalvis foi o azar maior desta pré-época, com uma lesão que o deixa fora de combate até janeiro. Resta o suspeito do costume, Slimani, que estará ausente na CAN e, num futuro mais próximo, não poderá jogar na primeira jornada por estar castigado. Bem vistas as coisas, com este cenário, arrancamos para o campeonato sem um ponta-de-lança e a tentar fechar negócios e dossiers para, entre vendas e limpeza de folha salarial, podermos ir ao mercado buscar reforços para a frente de ataque. É preocupante? Claro que é. Principalmente quando pensamos que podemos ter que adaptar um Alan Ruiz, um Podence ou um Matheus à posição 9 para fazer dupla com Bryan e enfrentar o Marítimo, na primeira jornada (até porque Mané não conta e todos os indícios apontam para que esteja fora de questão puxar Ronaldo Tavares para a equipa principal sem uma época de amadurecimento na equipa B).

Posto isto, os embates de hoje e de amanhã será verdadeiras sessões de laboratório para Jesus decidir o que vai fazer dentro de uma semana. A não ser que, entretanto, chegue um peso pesado para a frente de ataque, daqueles que nem precisa de adaptação para começar a metê-las lá dentro.