Foram muitas as promoções na equipa B, para a frente de ataque, que se verificaram nas últimas semanas. Para além da chegada dos reforços Leonardo Ruiz, Liam Jordan, Bilel Aouacheria, Ricardo Almeida e a aparente integração de Pedro Marques (que cumpriu já 25 minutos na equipa B), subiram também Gil Santos, Bruno Fernandes, Jovane Cabral e o já famoso Ronaldo Tavares. Muitos dividirão o seu tempo entre os sub-19, principalmente na fase final, e a competição profissional da Segunda Liga, mas a frente de ataque que há semanas parecia lançada ao abandono, ganha agora nomes de qualidade e matéria prima para golos de todas as formas e feitios.

De todos estes jovens, que merecerão o nosso destaque ao longo da longa e penosa temporada nos pastosos relvados da Liga II e entre os trolhas que habitam a competição, temos claramente de mostrar a nossa surpresa perante o fenómeno Elves Baldé.

Falamos apenas de um juvenil, que foi um dos melhores dentro de uma geração de jogadores já elogiada e comentada. Elves emprestou às alas a velocidade e irreverência que tem caracterizado Alcochete, o perfume de futebol de rua com uma maturidade que surpreendia na sua tenra idade.

O prémio chegou muito antes do previsto. Com o número 89 e apenas 16 anos, Baldé é hoje opção ao serviço de João de Deus e até titular na última vitória leonina. O mais novo do actual plantel e arrisco-me afirmar o mais novo a jogar na equipa secundária do Sporting, desde que a mesma foi criada.

A sua juventude vai certamente trazer-lhe alguns problemas numa competição tão complicada e tão longa. Não vai figurar sempre no onze, não vai marcar golos e fazer assistências todos os jogos, como era seu costume no ano anterior, mas o facto do Sporting reconhecer qualidade para lhe dar este chance é prova que estamos perante um talento de características únicas, que bem lapidado pode ser um caso sério.

Muitos poderão perguntar, não estaremos a queimar etapas a um jovem jogador? Não existe fórmula sagrada para todos os jogadores. Existe sim a avaliação de cada caso, e cada um tem a sua maturidade, a forma de lidar com o crescimento desportivo e com a evolução do que lhe é pedido há medida que avançam os escalões de formação.

Muitos de nós juraríamos a pés juntos que Iuri Medeiros estaria na equipa principal antes de Gelson Martins. No entanto Gelson prepara-se hoje para a titularidade, nunca teve nenhum empréstimo e Iuri prepara-se para finalmente começar a crescer no contexto competitivo do Sporting, depois de dois empréstimos bem sucedidos.

Emprestar, rodar, jogar na equipa B, todas estas soluções são mais ou menos adequadas face ao atleta que estamos a trabalhar. Para muitos, chegar aos 18 anos (como Bruma ou Dier) à equipa principal é algo que surge com naturalidade, sem qualquer problema. Para outros é necessário crescer um pouco longe de casa, para ganhar a experiência que o talento não disfarça, e ainda muitos que precisam de crescer sim a partir do banco de suplentes.

Elves Baldé está a queimar todos os pontos que achamos ser certos para integrar um jogador, porque alguém viu nele capacidade para o futebol profissional com apenas 16 anos. Pelo andar da carruagem… Jesus pode começar a olhar para ele.

 

*às terças, a Maria Ribeiro revela os seus apontamentos sobre as novas gerações que evoluem na melhor Academia do mundo (à excepção do Dubai)