Ninja – agente secreto do Japão feudal especializado em artes de guerra não ortodoxas
Partizan – Exército não regular que tinha por objetivo atrapalhar a comunicação, roubar cargas e executar tarefas de sabotagem.

O mais recente post de facebook do nosso Director de Comunicação, Nuno Saraiva veio reacender o tal “Campeonato da Comunicação” disputado entre Sporting e Benfica e no qual, segundo Bruno de Carvalho, se decide uma parte significativa da Liga, essa sim real. Não é novidade para ninguém que ambos os clubes estão neste “campeonato” paralelo porque têm demasiado para dizer ao seu próprio público, uma corrente de informação que sobra ou não pode ser transmitida pelos meios mais tradicionais.

Na Luz não existe propriamente falta de espaço nos media. A grande maioria dos espaços informativos dos vários meios está povoada por profissionais e responsáveis que veem com muitos bons olhos o alinhamento com o chamado “Nacional Benfiquismo”. Mesmo assim, faltam sempre outros canais que se disponham a ser declaradamente os Ninjas e os Partizans na arte de sujar os adversários, de onde se destaca claramente o Sporting, alvo preferido das “incursões” dos vários Hugos Gil, Guerras e afins. A estas extensões de comunicação ou meios de propaganda é dado salvo conduto para “pilhar” livremente o espaço de informação que o clube, atempadamente lhes soube criar. Sempre que existe uma “bronca” nova que expõe o Sporting, podemos contar que virá destes “amigos” da Glasnost Lampiã. É mais do que óbvio que todos são coordenados e “ativados” no interior do clube, “carregados” semanalmente ou a vulso com informações que devem veicular e sempre modeladas na forma “vejam benfiquistas que os bons somos nós que estes x ou y são capazes de fazer isto e aquilo”. Seria interessante entender como nascem estes “operacionais” e de que forma sobem a “escada do poder” até fazerem parte do payroll de Vieira, mas talvez não seja assim tão diferente do fenómenos dos “boys” na política partidária.

Tive de pensar bastante no que é o contraponto do Sporting. Seria simplista dizer que estamos a caminho de ser uma aproximação do modelo encarnado. Será mais realista olhar para o que tem sido e quais são os objetivos da comunicação do Sporting. Desde que BdC comanda os destinos do clube e face a uma agenda de tolerância zero com o status quo de intermediários, o clube tem uma necessidade suprema de expor a sua versão da “história”. Cercados por uma comunicação social onde a narrativa encaixa o Sporting num papel secundário, foi bastante fácil de entender que para firmar e ver afirmada a sua visão da realidade o clube teria de romper algo no establishment dos media. Vezes sem conta existiram aproximações, diálogos ou “recados” com a via a pactos, para assegurar um mínimo de isenção ao tratar do tema “Sporting”. Tantas foram as tentativas, como os insucessos relativos. Hoje, o Sporting e BdC sabem que não estará para breve o dia em que o “nacional benfiquismo” decida prescindir de parte da maior vantagem conquistada…a hegemonia de opinião. O Sporting sabe muito melhor hoje que ontem, que não há espaço para terrenos neutros. Ou se é pró-Benfica ou não se existe. Se o Sporting quer “poder” nos media vai ter de criar esse media, pois “converter” um meio já existente ao equilíbrio ou isenção é algo que já está para lá do alcance de valores, deontologia ou profissionalismo.

Pode parecer exagero afirmar que o mapa dos órgãos de comunicação está completamente pintado de vermelho, mas a meu ver é mesmo essa a realidade. Resistem alguns focos de independência editorial, mas não são espaços que dependam do futebol para terem importância e como tal, permaneceram imunes às birras e ameaças encarnadas. Por outro lado, mesmo estes espaços temem apontar o dedo seja a quem for e encaram as polémicas desportivas como terreno demasiado perigoso para fazer investigação ou opinião. Uma neutralidade que só favorece a sensação de impunidade de Vieira e seus pares.

Ora, tirando de letra este “mapa mundi”, quais as opções reais do Sporting para se opor e combater os Ninjas e Partizans que o visam diariamente? Existem há muito tempo duas visões que preenchem o universo leonino:
1/ “Olho por olho, dente por dente”, ou seja se “eles” disserem A, nós responderemos Ax2. Se “eles” tentarem B, nós tentaremos Bx2; A cada palmo perdido, uma resposta imediata para conquistar 2 de seguida, seja como for, seja com que armas estejam disponíveis.

2/ “Água mole, em pedra dura…”. o Sporting deve insistir num modelo próprio de comunicação, num registo próprio, modernizando-se, adaptando-se às novas realidades dos media, rejeitando criar os seus Ninjas ou Partizans, mas ao invés encontrar no espaço das redes sociais à sua volta, uma partilha de informação clara e limpa, concentrada acima de tudo em passar mais e melhor Sporting…sujeitando o que os outros clubes fazem ou tentam fazer à insignificância dos seus métodos.

Eu sei que a maior parte tenderá a responder que é adepta da segunda solução. Todos nós como homo sapiens, o faremos sem hesitação. Mas…se olharmos atentamente às vantagens e desvantagens a longo prazo da mesma, podemos, se formos justos com a realidade desportiva portuguesa…perceber que há todas as razões para acreditar que uma abordagem deste género seria (e tem sido) derrotada em toda a linha, só granjeando simpatia e alguns likes no facebook e isso está bem longe do objectivo que é assegurar espaço para o crescimento do Sporting. Olhando para tudo isto com o distanciamento possível, diria que BdC e os Sportinguistas querem um Sporting maior e o espaço para essa afirmação depende, em muito, de como os meios de comunicação difundem o que é o Sporting, dia-a-dia, época a época, jogo a jogo. O Benfica já entendeu, faz tempo, que este crescimento do nosso clube se fará sempre à conta de um espaço que já é seu, que já controla. Vieira e seus compadres, ao contrário dos Papas de Norte, não menosprezaram a capacidade de revitalizar rápido o Sporting e talvez por observarem de perto e coincidirem nos espaços de decisão…empreenderam há muito uma corrida às armas “não convencionais”, recrutando os Ninjas e os Partizans disponíveis com vista a boicotar e sabotar o que fosse possível, licenças foram e são dadas para “matar” tudo o que pode vir a ser uma “bandeira” do Sportinguismo…e deve-se dizer, que só não têm conseguido mais e melhor, porque são obviamente bastante maus nessa função (como provavelmente em todas as coisas que já fizeram na vida). Este exército vermelho “não regular” ou “não oficial” teve (e ainda tem) tudo para ganhar o “Campeonato da Comunicação”. É dono do terreno e dos juízes, escolhe a hora e os dias de jogo, decide com quantos jogadores quer jogar e durante quanto tempo.

O Sporting começa a dar os primeiros passos rumo a qualquer coisa que pareça de facto estruturado e funcional. A função de Nuno Saraiva, a pontualidade espaçada das intervenções de BdC, um equilíbrio entre as linhas editoriais dos veículos de informação do clube são pontos a acompanhar, mas convém que todos reflictam primeiro no decisão entre o ponto 1 e 2 acima referidos, ou em algum formato que venha a aglomerar as vantagens de ambos. Isso é mesmo o fundamental. Antes de fazer algo, convém mesmo observar onde o fazemos e sequer se faz sentido fazê-lo.

 

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca