Vou debruçar-me sobre um tema e termo relativamente recente. O Nacional-Benfiquismo.

Tal como todos os ismos deste país o NB caracteriza-se por uma intolerância desportiva e consequentemente por uma inabilidade de reconhecimento do mérito. Mas no NB é negado sequer aos outros ismos a existência.
Traduz-se numa frase que se ouve amiude “Somos os Máiores”, por dá cá esta palha. Não que o Nacional-Benfiquista não aceite intelectualmente a diferença entre maior e melhor. Ele sabe que é pior que outros mas prefere ter a segurança dos números. Prefere a batota moral de dizer que somos melhores porque somos mais. Tal como uma infecção, por exemplo, um vírus, eles preferem ser muitos ainda que venham a morrer com o paciente.

O Nacional Benfiquista, como o reconhecer, como lidar com ele… Este é um assunto melindroso. Se o reconhecimento é fácil, pois o sentimos e vemos por todo o lado, o como lidar com ele é daquelas coisas que não nos podemos levar pela emoção e dar-lhe uma carga de antibiótico em cima dele (as chamadas bengaladas higiénicas). Se optarmos por ignorá-lo, para o Nacional-Benfiquista é a prova provada que é superior à restante população. Nem lhe passa pela cabeça que do nosso lado apenas não queremos descer ao seu nível.

Têm e usam chavões que depois não conseguem suportar (à e tal o Figo é o melhor do Mundo…. mas o Rui é um principe), e com ele não devemos usar a ironia, por duas razões. Primeiro podem não a reconhecer, e isso torna a ironia um desperdício, e reconhecendo a ironia não aceitam como tal e levam à laia de insulto.
Desportivamente o Nacional-Benfiquista (aqui já anteriormente chamado de Homo Lampionensis), é então alguém que desportiva e moralmente ainda não tem os polegares oponíveis. Num estado anterior de evolução moral e desportiva poderiam facilmente apelar ao nosso mais altruista sentimento de compaixão fosse dar-se o caso da sua proliferação e quase insuportável presença em tudo o que é desporto.

Acabo então esta dissertação sobre o Nacional-Benfiquismo com um exemplo. Nesta passada jornada havia quem soubesse que a bola na trave, contra o Setúbal, havia entrado. Quando lhes disse que sim a bola havia entrado chamaram todos os nomes ao árbitro, e nem lhes passou pela cabeça verem a repetição da jogada (lá está o não reconhecimento da ironia, frustante).

ESCRITO POR Parramau
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