Bruno de Carvalho, a quem vamos tratar por BdC, é uma mais valia do futebol português. Julgo que até os seus inimigos concluem hoje que não é mais um presidente daquele Sporting que se contentava em ficar à frente do Benfica.

BdC já passou a sua fase de varrer a feira e entrou declaradamente na sua idade madura como dirigente.
Prova disso, o Sporting foi o campeão do mercado de inverno, com vendas de 75,7 milhões de euros, batendo o tal Benfica (73,4) anunciado como clube que ia faturar 200 milhões. O Sporting não só vendeu mais que o seu velho rival como gastou menos (29 milhões contra 45) a comprar.

É verdade que grande parte da mais valia vai diretamente para os bancos credores mas não é mentira que desta forma se contribuiu para um alívio significativo no garrote financeiro de um clube durante muito tempo dirigido por uma pseudo elite de viscondes mas que estava a correr o sério risco de ser apenas um acompanhante de luxo de Benfica e FC Porto.

Hoje, o Sporting é de novo uma potência do futebol nacional.

Tem um presidente que já não cai na tentação de disparar para todo o lado e que vive o Sporting 24 horas sobre 24. Mais, um líder que aprendeu depressa o que é o futebol a este nível. BdC começa a saber ser presidente e continua a estar presente. O Sporting está feito à sua imagem. À imagem de alguém que sentiu o clube no meio das claques e que para chegar ao trono teve de lutar bastante contra o sistema instalado no seu clube (e também aí não desistiu).

Os sportinguistas amam o seu presidente apesar de com ele ainda não terem conquistado o campeonato. Não é coisa de somenos. É isso que se espera do Sporting de BdC. Não será uma tarefa fácil mas já esteve muito mais distante. O Sporting tem um excelente líder, um grande treinador, jogadores de qualidade e uma massa de adeptos entusiasmada. A liderança não lhe caiu do céu aos trambolhões, é fruto do trabalho de Bruno e dos seus pares.

Este presidente que, no meio deste turbilhão, ainda teve vontade para cumprir uma dieta soviética e que começa a assustar a concorrência não apenas pela sua juventude mas sobretudo pela estabilidade que está a conseguir proporcionar a um clube que muitos gostariam de continuar a olhar com um grande falido de finanças e de ideias. É garantido que no que diz respeito às ideias o Sporting está bem e recomenda-se como grande candidato ao título.

*texto de Joel Queirós, publicado no jornal Record