Não há grande volta a dar: o Sporting perdeu com justiça e se quer lamentar-se deve lamentar-se de si mesmo e da abordagem que fez ao jogo. Aliás, o primeiro minuto da partida foi prenúncio do que por aí vinha, com o Rio Ave a descer pela a esquerda e a nossa equipa a desposicionar-se completamente, deixando um adversário aparecer solto dentro da área. Esse remate Patrício defendeu.

E já que falamos em remates à baliza, fica a curiosidade: o Rio Ave fez cinco, o Sporting fez outros tantos. Aliás, depois desse aviso inicial, seria a equipa de Alvalade a chegar-se à frente e a causar sensação de golo. Primeiro, Alan Ruiz a puxar da canhota de fora da área para grande defesa de Cássio; depois André, na cara do redes, a preferir o remate em força que saiu à figura, com Adrien a fazer uma recarga demasiado fraca. Nada indiciava o que se passaria depois.

É verdade que o Sporting não pressionava como costuma fazer à saída da área adversária (Campbell, André e Alan Ruiz foram apostas completamente falhadas nesse capítulo), mas ver um central ganhar uma bola na ressaca de um pontapé de baliza, arrancar sem ser incomodado e vir por ali fora até oferecer o golo, já dentro da nossa área, entra para a galeria de momentos infantis do ano. Depois mais uma investida sem pressão e mais um golo. E mais outro, numa jogada tirada a papel químico da tal que tinha acontecido no primeiro minuto de jogo. No rescaldo, será fácil atribuir culpas à defesa, mas a verdade é que estes 15 minutos na casa dos horrores, que sentenciaram a nossa primeira derrota na Liga, começaram pela falta de pressão dos homens mais adiantados e pela incapacidade de William e Adrien, de quando em vez com a ajuda de Gelson (fantástico como, no meio de um cenário dantesco, o miúdo foi sempre tendo cabeça para jogar como se lhe pedia) estancarem as correrias dos adversários. Será igualmente forçoso dizer que foi estranho, vendo a equipa afundar-se, Jorge Jesus tivesse esperado pelo intervalo para fazer o que quer que fosse.

No recomeço, aquela fé tanto nossa impedia-nos de atirar a toalha ao chão. Hoje, ninguém poderá dizer o que aconteceria se Bryan Ruiz, tivesse acertado no alvo, aos 60 minutos, com a baliza completamente à sua mercê. Ou se Coates tivesse empurrado lá para dentro pouco depois de Bas Dost ter reduzido para 1-3. Mas neste mundo dos “ses”, ficam vários outros, como, por exemplo, se seria mesmo necessário rodar a equipa à quinta jornada? Se era para não dar descanso a Bruno César, fez sentido retirá-lo da posição onde tanto rendeu, em Madrid? E continuar a adaptá-lo, quando temos dois laterais esquerdos no plantel e não parecemos interessados em mexer nessa posição antes do fecho do mercado? Ou se foi feita a devida análise ao adversário antes de escalar a equipa para este jogo? As respostas ficam para quem de direito, num assumir de culpas que deve ser à dimensão do arrecadar de méritos quando as coisas correm bem.