Penso que será mais ou menos incontestável que os melhores jogadores da nossa equipa, até agora, são Semedo e Gélson. São sem dúvida nenhuma dos mais regulares. Se isso não é surpreendente, é pelo menos algo que não consigo deixar de destacar. É que o Ruben tem como concorrência no lugar um dos titulares da defesa do Uruguai, uma esperança bem mais experiente chamada Paulo Oliveira e um rodadíssimo e possante Douglas (uma longa paixão de JJ). Gélson não terá mais facilidades, já que disputa um lugar ao sol ao lado de Markovic, Bryan Ruiz, Campbell e outra grande esperança chamada Matheus. Com idades como 22 (Semedo) e 21 (Gélson) seria de esperar que permanecessem na sombra e que viessem a demorar a ganhar segurança para se assumirem como titulares, mas não tem sido esse o caso. Semedo vai embalado para cumprir duas meias épocas como primeira opção e Gélson, saindo João Mário, tem valorizado a cada jogo que cumpre, a tal ponto que já será mais ou menos previsível que em Janeiro teremos 2 ou 3 tubarões a testar a resistência de BdC para o segurar no plantel.

Por muito que alguns andem a apregoar a valia da sua formação e a ganhar troféus patrocinados nas Arábias, a verdade é que o Sporting continua a produzir muitos e bons jogadores que não têm a patrocinar a sua ascensão quinze ou vinte jornalistas, não têm as chamadas à Seleção A convenientes, nem fãs a entrar dentro do relvado a meio dos jogos para lhes darem abraços. Todo o espaço que já conquistaram é pelo que fizeram dentro de campo e porque não dizê-lo, pela confiança e exigência de JJ, o tal que está a destruir a “formação do Sporting”. E se Gélson é um habitué nestas coisas de brilhar antes do tempo, devo confessar que me espantou tremendamente a evolução de Semedo. O central literalmente saltou do exílio em Réus, para Setúbal, caindo na titularidade do Sporting…de onde nunca mais saiu. É o trajecto mais espantoso desde que Leonardo Jardim descobriu um médio prestes a rescindir contrato, regressado de um empréstimo de pouco relevo na Bélgica…chamado William Carvalho. Semedo pode muito bem ser o exemplo de que muitos jogadores com o ciclo completo na Academia, apesar de todos os apesares, podem ser soluções na equipa A, desde que lhes seja dada a confiança necessária para tal.

Quando tanta gente anda a “cascar” forte e feio na Equipa B, lembrem-se de William e Semedo e tenham calma. Lembrem-se também de quantos jogadores campeões da II Liga no ano passado emergiram este ano na equipa principal do Porto, já agora lembrem-se que o principal desígnio da “formação” é formar e embora todos gostemos de ver equipas de leão ao peito a vencer jogos, há que entender que também é sobre derrotas que constrói um jogador e em nenhuma equipa que joga na Academia existe o conceito que se não vence jogos na fase de crescimento – não vai ser bom jogador. Esse tem sido um dos maiores trunfos da Academia do Sporting, a sua filosofia de carreira dos atletas, a espera e a calma. Os Gélsons e os Semedos cresceram graças à mesma. E pelos vistos, cresceram muito bem.

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca