Custou muito dinheiro e veio rotulado de craque. De jogador com características especiais. E, como tal, divide opiniões e é-lhe exigido adaptação e rendimentos imediatos. Do forte pontapé já não restam dúvidas, mas aquilo que neste momento mais dá que pensar é a sua colocação em campo, como principal apoio do ponta-de-lança. É que olhamos para as movimentações de Alan Ruiz e vemos alguém que não gosta de jogar de costas para a baliza, de ter que servir de apoio a tabelas, de ter que executar sem dar o seu ritmo à jogada. Não admira, por isso, a sua tendência de recuar no terreno, ganhando metros e espaço para, de frente para o jogo, embalar e executar como um clássico número dez.
Assim sendo, a embirração que fica é: conseguirá Alan Ruiz viver amarrado junto à área?

Antes de responderem, caso precisem de tempo para pensar, podem sempre dar uma olhadela a este artigo publicado aquando da sua contratação.

 

«Chamam-lhe “El Mago” por terras argentinas, mais especificamente em La Plata, onde se formou. Aos 22 anos, Alan Ruiz dá o salto europeu, representando um dos maiores investimentos do Sporting CP nos últimos anos (5,3M Euros, com um valor de mercado de 2.2M Euros).

A fé leonina no talento do médio-ofensivo, que também pode jogar como segundo avançado e até extremo, é significativa e, como iremos constatar com números, justificada, mesmo sabendo que nem sempre os talentos sul-americanos reagem da melhor maneira à travessia do oceano.

Apesar da tenra idade, Alan Ruiz alinhou por quatro equipas sul-americanas antes de chegar a Alvalade: Gimnásia, o clube que o viu nascer, San Lorenzo, que nele apostou, e ainda Grêmio de Porto Alegre e Colón, que usufruíram do seu concurso por empréstimo.

Em Porto Alegre, apesar de não se firmar como titular, ficou famoso pelo temperamento intempestivo e aguerrido e, sobretudo, por uma grande exibição no derby da cidade, mas foi no San Lorenzo que conquistou o único título do seu currículo até ao momento, o Apertura 2013.

Em 2011 somou as mais importantes internacionalizações que contabiliza até ao momento, no Mundial Sub-20, torneio no qual a Argentina tombou nos quartos-de-final, curiosamente frente a Portugal.

Os números não enganam. Seja como apoio ofensivo a partir do meio-campo ou como segundo avançado, Alan Ruiz produz, justificando não só a aposta leonina como o interesse que já anteriormente tinha gerado noutros emblemas europeus.

Ruiz gosta de rematar de fora da área, seja de bola corrida ou parada, sendo essa uma das suas maiores armas, mas não se fica por aí, mostrando competência no drible, na protecção da bola e na oferta de ocasiões de golo aos colegas através do passe. Mesmo quando joga nas alas gosta de procurar zonas interiores para aplicar o seu remate e só com a camisola do Colon somou oito golos em 25 jogos.

Mas é tudo qualidades em Alan Ruiz? Nem por isso, embora as suas debilidades envolvam pouco a bola. A sua postura lutadora e por vezes conflituosa rendeu-lhe 31 amarelos e três vermelhos na ainda curta carreira, o que não é um bom prenúncio, embora por bandas sul-americanas tudo seja mais “acalorado”. Scolari também o chegou a definir como “preguiçoso”, mas ninguém melhor do que Jorge Jesus para servir de teste à capacidade de trabalho de um sul-americano.

Com a bola nos pés e devidamente integrado, Alan Ruiz será certamente uma “arma” leonina na época 2016/17. Para atingir um papel de relevo basta-lhe aderir às ideias de Jesus e controlar… o “salero”.»

 

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