O mais recente episódio do nosso Director de Comunicação que ao juntar os órgãos de Comunicação Social para uma curta declaração ouve um intrépido “Anda lá..ó…” só acendeu na consciência dos adeptos leoninos (ainda mais) a ideia de que os media perderam definitivamente o respeito, a isenção e a dignidade profissional, tratando o Sporting de forma bem diferente, numa espécie de “sanções permanentes” a um país controlado por uma ditadura.

Se usarmos um pouco de lucidez e pragmatismo podemos observar que este tratamento diferenciado começou há muito tempo atrás e tem claramente origem na perda de influência do clube nas esferas de poder do futebol. Agravou-se com a lógica do conteúdo ajustado à demografia do consumidor e atinge agora o zénite com a vigência de Bruno de Carvalho. É uma espécie de escorrega que a imprensa nacional resolveu descer, ignorando propositadamente os adeptos de Porto e Sporting, investindo tudo numa visão vermelha da sua salvação financeira.

Curiosamente os adeptos de Porto, mas particularmente os adeptos do Sporting validaram este status, como quem paga para ser agredido. Os jornais são o epicentro deste movimento tectónico, sendo que os sismos ocorrem todos em Alvalade, com ondas de choque invisíveis à vista, mas com sistemática ajuda na derrocada dos nossos projectos, sonhos e ambições. Os media, que deviam servir de observação e narração da verdade, há muito que se aliam nas narrativas mais negras e derrotistas, com que se pinta o nosso clube.

Isto não é inocente e é muitas vezes uma chatice ter de “dizer bem” ou elogiar qualquer coisa que aconteça ou seja feita acontecer por Alvalade. Não me esqueço da apoteótica inauguração do Museu Cosme Damião, das campanhas gratuitas e regulares sobre os sucessos da Caixa Campus, dos 434 artigos, capas, curiosidades e afins feitos com o Golden Boy Renato, da resenha infindável de notas de observadores dos grandes clubes interessados em quase todos os jogadores do plantel (penso que só o Eliseu não teve um Man Utd interessado no seu concurso… mas como não vejo edições impressas há mais de 6 ou 7 anos, posso até estar enganado).

De certa forma até entendia que os media fizessem o polimento diário aos sapatos do Benfica, desde que não adotassem exactamente o comportamento contrário em relação aos outros dois emblemas. Era não só entendível, como inteligente em termos de negócio. Até acredito que isso tenha sido tentado de alguma forma ou feitio, mas…azar dos azares…quando se incute uma forma de privilegiar uma cor entre as demais, tende-se a deixar de ser confortável olhar as restantes. Ao celebrar uma espécie de pensamento único benfiquista, trabalhou-se o estilo e a forma, recrutaram-se jornalistas um pouco mais vermelhos ou um pouco mais dobráveis…e com o tempo, os cães a quem se ensinaram os truques de lamber poias encarnadas, deixaram de querer lamber (nem que seja por segundos) qualquer outro tipo de matéria orgânica.

Cada diz que passa, o cenário agrava-se. Perde-se cada vez mais a noção para onde é que este “tratamento diferenciado” caminha, sendo já admissível destratar um dirigente do clube de forma aberta, como se fosse um frete “ter de transmitir” a verdade vista aos olhos do Sporting. Quem não se dá ao respeito, não o recebe e espero que nos próximos dias esteja a ser considerada uma posição qualquer, um plano, um diagnóstico acompanhado de um caminho a seguir que consiga duas coisas muito simples e muito importantes: 1/ Fazer entender aos media que o Sporting não vai fingir que não se dá conta do que está a acontecer 2/ Marcar uma posição de força, legítima, honrosa e que mande definitivamente aos adeptos a mensagem de que os dirigentes não vão colocar os interesses comerciais da SAD por cima do orgulho e direito à verdade por parte do emblema.

Gosto de pensar que sou uma pessoa moderada, mas isso não me impede de perder a paciência com quem, dia após dia, insiste em comprar A´Bola, o Record ou O´Jogo e se diz Sportinguista. É que não duvido que seja um excelente adepto leonino, o que eu duvido é que seja tenha capacidade de entender o quão danoso pode ser aquela moeda que entrega e o quanto ela vai cair direitinha no bolso de quem investe tudo o que tem na arte de elogiar de forma apaixonadamente cega, tudo o que se passa no outro lado da 2ª circular. Enquanto não existir um bloqueio de todo e qualquer adepto leonino a estes meios, continuaremos a permitir que seja o nosso clube o “bloqueado”. Enquanto não “castigarmos” duramente quem nos ataca, seremos nós os primeiros a validar os ataques de que somos alvos, dia após dia, polémica atrás de polémica, “anda lá..ó…” atrás de “anda lá…ó…”.

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca