Pavilhão cheio, duas equipas candidatas ao título e que investiram para isso, empatadas no segundo lugar da classificação e estavam reunidas todas as condições para um Derby fantástico.

Começar pelo mais importante. Ganhou o Sporting. Mas para mim que vi o jogo duas vezes, uma no pavilhão e outra logo quando cheguei a casa, esta vitória fez-me lembrar uma corrida de 100m do Usain Bolt. Passo a explicar.

Bloco de partida e na ideia de todos, o Bolt (Sporting) vai ganhar. Tiro de partida e uma saída dos blocos em grande, (Golo de Frankis 1-0) e tudo parece confirmar a expectativa inicial… depois a primeira fase de aceleração. O Bolt é mais alto leva mais tempo a chegar à posição vertical e por isso por vezes perder algum terreno… no jogo correspondeu à fase do 2-1 para 2-4, mais ou menos entre o minuto 1 e o minuto 5. Foram algumas falhas na finalização que justificaram este ligeiro atraso no marcador.

Após o Bolt atingir a posição vertical vem a fase de aceleração propriamente dita… e é vê-lo a deixar para trás os outros… no jogo foi entre cinco minutos e o fim da primeira parte. Se aos cinco minutos perdíamos 2-4, aos seis minutos empestávamos a 4-4 e depois seguiram-se dez minutos de para se conseguir descolar no marcador… 8-7 aos quinze, depois 12-8 aos vinte minutos, aos vinte e cinco 14-9 e ao intervalo 17-11 estava ganha a distância que iria trazer conforto a todos, espectadores, dirigentes, treinadores e jogadores.

Nos 100m de Bolt, estamos na fase em que ele olha para um lado e não vê ninguém depois olha para o outro ninguém vê. Segue isolado no comando. No derby estamos a regressar para a segunda parte. O Sporting mudou um pouco a sua forma de estar no jogo. Passou a estar mais a olhar para um lado e para o outro, a ver se aparecia alguém, do que a procurar alargar a distância que trazia.

A velocidade de jogo no ataque foi baixando e procurou-se mais não falhar do que marcar. Quer isto dizer que se jogou não para construir uma situação de golo, mas sim para não perder a bola de modo fácil. Mas o andebol tem uma regra que impede que se jogue assim e os árbitros foram “listos” a levantar o braço assinalando jogo passivo ao ataque leonino. A gestão da vantagem foi sempre feita com rigor, nunca se deixou aproximar o adversário de modo a colocar em perigo a liderança da corrida… houve até alguns sorrisos como faz o Bolt ao ver mais perto algum dos outros, mas deu para segurar e bem a vantagem 28-25 no final e vitória saborosa sobre o rival.

Uma palavra final para os sócios e adeptos… finalmente o pavilhão teve o ambiente que aqueles jogadores merecem. Eu sei que na tv se viam alguns lugares vazios, mas isso deveu-se ao facto de a grande maioria ter estado de pé sempre a apoiar e a …”cantar por ti!” Sporting!

Relembrar que no próximo sábado, 19 Novembro pelas 18:00 no Pavilhão do Casal Vistoso, o Sporting recebe os italianos do ADS Romagna em jogo da 1ª Mão da 3ª Ronda da Taça Challenge.

derbiandebol

Para fechar uma análise individual aos nossos atletas:
Matej Asanin (*****) – 34% de eficácia, 13 defesas e algumas delas tão importantes, lembro só a do último livre de 7m que poderia colocar o jogo a dois de diferença. Está em comunhão permanente com o jogo e com as bancadas.

Pedro Solha (***) – Provavelmente só procurando as estatísticas de um jogo de iniciados do Solha para ter número como estes. Fez 10 remates e marcou um golo (10% de eficácia) Tivéssemos tido o Pedro Solha que jogou no Dragão Caixa e ontem o resultado era bem diferente. Defensivamente esteve muito bem, anulando o Ponta direita contrário e conseguindo alguns roubos de bola que resultaram em Contra-ataques. 3

Frankis Carol (****) – Entrada de Leão. Depois oscilou entre o bom e o suficiente. Defensivamente esteve muito bem na primeira parte mas na segunda deixou que o Lateral direito Terzic conseguisse brilhar.

Carlos Ruesga (****) – Um senhor a jogar. Delicado, sempre sem fazer ondas mas tão eficiente. Não fez um jogo perfeito, mas soube nos momentos certos segurar a bola e marcar o ritmo do jogo de acordo com as necessidades.

Cláudio Pedroso (******) – Foi a surpresa no 7 inicial. Sendo este o primeiro jogo de Pedroso como titular esteve soberbo, perfeito nos primeiros 30 minutos. Fez quatro golos em quatro remates (100% eficácia) e soma ainda cinco assistências. Na defesa esteve muito bem quer na marcação ao pivot quer sobre o lateral esquerdo adversário.

Pedro Portela (***) – Tal como o seu colega da ponta esquerda, não foi a noite dele. Só marcou de livre de 7 metros, falou em contra-ataque e de ponta direita. Foi lutador na defesa e esteve nesse plano muito bem, como todos.

Michal Kopco (******) – Que Leão este. Um muro na defesa. Luta, de modo leal, por cada centímetro do campo. E no ataque cria que se farta. Cria espaços para os laterais, cria situações de 2×2 com Ruesga, cria golos cada vez que a bola lhe chega às mãos… e ainda cria ambiente com os adeptos. Só sabe ganhar.

Bosko Bjelanovic (*****) – Só defendeu por razões estratégicas. Mesmo assim ainda molhou a sopa numa situação de contra-ataque. Foi fortíssimo no bloco central do 6:0. Ele e Kopco estiveram fantásticos.

Janko Bozovic (*****) – Pela primeira vez o canhão ficou no banco. Mas quando foi chamado a ocupar o lugar de Cláudio Pedroso disse presente, e disse de tal forma que não saiu mais. Cinco remates e cinco golos, 100% de eficácia, e atenção que estes remates são de 9 metros. Foi a referência que o Sporting precisava para a segunda parte.

João Pinto (****) – Quando a utilidade se sobrepõem a tudo. Entro para dar descanso a Frankis e soube sempre interpretar a preceito cada momento do jogo. Sem falhas e com um golo numa única tentativa foi a descrição em forma de jogador.

Igor Zabic (****) – Fez com Kopco o que João pinto fez com Frankis. Entrou para dar descanso ao colega e não se sentiu a falta de Kopco. Este é o melhor elogio que se pode fazer a Zabic num jogo destes. Defendeu muito bem e deu continuidade ao bom jogo ofensivo.

Francisco Tavares (***) – Entrou para a ponta direita durante uma suspensão de Portela e não comprometeu.

Zupo (*****) – Preparou muito bem a partida e defensivamente esteve fantástico na estratégia que montou. Anulou os pivots contrários e deixou os pontas sem jogar. Esteve sem muito activo, um animal de campo, como ele gosta de ser.

*às sextas, o Carlos Ruesga avança para a linha de sete metros e explica-nos o porquê da expressão “futebol… pé! andebol… mão!”