Hoje é o dia em que todas as discussões que tenham a ver com futebol nos parecem demasiado simplistas, fúteis ou superficiais para serem levadas a sério.

Que importam árbitros, pontos ou falhas de plantel se a equipa mais promissora do futebol brasileiro, no dia em que embarca na viagem mais histórica do seu clube, deixa em casa famílias e amigos devastados com a sua partida? Que importa discutir com alguém, gritar com alguém, chatearmo-nos com um resultado, se de um momento para o outro alguém que nos é querido desaparece com a facilidade de um despertar?

Acordar e pensar que Marcelo Boeck, um dos que será sempre lembrado por nós como um dos mais comprometidos que alguma vez usou o nosso símbolo, poderia ter desaparecido não fosse por uma comemoração de anos. Ele a quem perdemos tantos minutos a criticar por um frango, ou pela falta de segurança, quando nada disso apagaria a dor que sentiria a nação sportinguista nesta altura.

Dizem que é só futebol. Pois em alturas como esta é que se percebe que deveria mesmo ser só futebol. Ser apreciar os nossos altletas, valorizar os nosso funcionários e quem acorda todos os dias para fazer com que sonhos de milhões de pessoas se concretizem. Apreciar o desporto pelo desporto e não perder tempo com ninharias que nada contarão.

Apreciar todo e qualquer que passe pelos nossos clubes, que dignifique as nossas camisolas e perceber que, de um momento para o outro, uma final ou um título parecem demasiado secundários.

O Chapecoense é a prova viva de que o trabalho, a organização e um plantel comprometido fazem milagres no mundo do futebol. O que conseguiram em apenas cinco anos, passando da Série D para uma final continental, ficará nas páginas douradas do desporto-rei. Eram, sem sombra de dúvida, o clube mais amado do Brasil. Ganharam o respeito dos adversários em campo, conquistaram adeptos em campo, encheram recintos e fizeram sonhar uma nação que apoiava em todo o lado o seu “verdão”.

Hoje, rivais, amigos e adversários unem-se para prestar homenagem a um clube que entusiasmava, que fazia vibrar mas também porque recordou ao mundo do futebol que é tudo demasiado frágil.
Pensemos nós: que importaria o ódio ao outro se numa manhã perdéssemos os jogadores que tantas vezes acompanhamos, que aprendemos a idolatrar? Os funcionários, os jornalistas, os treinadores e as suas famílias?

Dizem que é só futebol. Pois quem me dera que assim fosse. O futebol tem a capacidade de emocionar milhões, fazer chorar um país e parar o trânsito. O futebol é a coisa mais importante dentro das coisas menos importantes. E por isso é que a sua tragédia tem o impacto que tem.
Toda a força do mundo ao Chapecoense. Todos os abraços mais leoninos ao enorme Marcelo Boeck, que aqui terá sempre uma casa.

cybngjdxeaqe2py

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa