Caros Tasqueiros, escrevo-vos no rescaldo de mais um original almoço de alguns dos frequentadores deste espaço.

Em primeiro lugar, sublinhar bem que esta coisa de me reunir com um grupo de malta que não conheço de lado nenhum não faz nada, mas mesmo nada o meu estilo. Sou higienicamente misantropo e gosto sobretudo de passar o meu tempo com aqueles que aprecio com alguma segurança. E nestes 40 e tal anos já tenho uma colecção suficientemente grande de bons amigos para dispensar grandes procuras e riscos.

Mas aí está: isto NÃO foi um almoço entre desconhecidos! Todos, de uma ou de outra maneira, nos conhecemos mais ou menos profundamente, e de que maneira! Já sabemos as manias de alguns, as preocupações de outros, os ódios de estimação de certos, as preferências de sicrano e as dúvidas de beltrano. Daí a atracção, daí a estranha familiaridade, entre malta de todos os sexos, idades, profissões, etc…, unidos pela paixão por este Clube, e reunidos graças a esta Tasca! E o Cherba “is the man”. Depois de 8 anos de incansáveis posts, está na hora de lhe fazer esta pública homenagem!

Isto já foi um Cacifo, dele, do Sousa Cintra, do Jordão e do Douglas (sobretudo). Um espaço parecido com este, só que muito, muito mais pequeno. Eram estes poucos a postar e umas dúzias, poucas, a comentar. Aí, então, é que era fácil reconhercermo-nos! Cada post teria meia dúzia de comentários, algumas dezenas era uma multidão. A evolução já a conhecem, aqueles bons posteiros abandonaram o barco, para nossa tristeza, mas ficou o resistente e resiliente Cherba, que chamou para o seu lado a Maria Ribeiro, o Javardeiro, o Sá, o Mário Túlio, entre outras estrelas, mudou a placa do estabelecimento e agora a chafarica é isto que sabemos, posts frequentemente com centenas de comentários e o grupinho (entretanto diluído) de outrora potenciado várias vezes nesta multidão de hoje, com toda a saudável diversidade que isso obrigatoriamente traz.

O que me leva, depois da nota histórica, ao ponto que gostava de sublinhar: com a fama e a multidão, vieram também algumas profundas divergências mal geridas e um certo e desnecessário “tribalismo dentro da tribo” ao de cima.

Eu já fui em tempos “croquete”, cheio de fé nas glórias passadas de Duque e no génio prospectivo do Freitas, que fariam do fantoche Godinho o que queria. Defendi o meu ponto de vista aqui, contra a globalidade da malta do blog que está desde os primeiros tempos do lado de BdC e fi-lo com a convicção de quem defendia o melhor para o meu Clube, para o nosso Sporting. Nunca depreciei esse senhor que me parecia caído do nada, que alguns diziam ser um perigoso lunático, mas que me parecia um sincero adepto, como eu. E tristemente, passados dois anos apenas, constatei ter feito uma opção profundamente errada. As dúvidas se havia de sair Djaló ou Postiga para entrar o Saleiro, ou se seria melhor deixar estar, substituiu-se por uma situação de bancarrota, com um plantel pejado de pernetas velhos, lesionados e mal treinados.

Felizmente houve um par de adeptos a mexer-se com uma moção, e que orgulho tive nesses adeptos! Felizmente houve uns representantes da mesa da Assembleia Geral corajosos, e que orgulho tive nesses representantes! E felizmente lá houve eleições e lá se corrigiu o erro do passado, não desdenhando do Couceiro e da sua provável boa vontade. Mas era altura de mudar, e que orgulho tive dos sócios! E cá estou agora, de corpo e alma com esta opção, que fortunadamente desta vez se afigurou mais do que certa. E agora já sou “brunete”, ou “ovelha”, conforme aquilo que os meus mais assanhados interlocutores acham que mais me insulta.

Moral da história? Estou-me a cagar para os rótulos que me pretendem colar. Se acreditar no Duque como acreditei fazia de mim croquete, pois que se foda. Se acreditar, e agora admirar, o trabalho de BdC faz de mim outra coisa que gostem de me chamar, também caguei.

Não estejam tão preocupados com os adjectivos qualificativos, com os preconceitos, com os rótulos, pois o que realmente nos define é aquilo em que nós acreditamos e não o nome que lhe dão. E a diferença de opinião é salutar. Podemos estar certos, e nesses casos oxalá façam as coisas à nossa maneira, ou estar errados, e então oxalá façam o contrário daquilo em que acreditamos, para o bem do Clube. E se existem uns mal fodidos que pensam que com rótulos nos inibem, pois até esse direito julgo que têm, é deixá-los estar. E os desvarios de comentários que se cometem são isso mesmo: desvarios de comentários! Depois ao vivo é que nos entendemos, e penso que entendemo-nos bem, logo não faz sentido que o convívio blogueiro se deixe afectar pela divergência. Excessos de linguagem são frequentes e irrelevantes, por isso deixemo-nos de picuinhices. Defendamos aquilo em que acreditamos sem querer necessariamente que desapareça a diferença. Saibamos respeitá-la!

Eu por mim falo, que estou longe de ser perfeito, que não tenho paciência nenhuma para ler “trolls” como o Riga ou o Trolha (por exemplo), e quanto a escrever-lhes, só se for para dizer coisas menos agradáveis. Mas isso não quer dizer que faça questão que desapareçam do mapa. Nem que deixaria de lhes falar civilizadamente ao vivo, no almoço ou na roulotte, como bons sportinguistas que julgo que são, como todos julgamos ser.

Enfim, serve este longo texto para me congratular por aquilo que “isto” se tornou, neste monstro de confluência de espírito leonino e talvez para contribuir para que se volte a uma pureza original, em que nos podemos mandar todos foder sem abichanar, nem com isso deixarmos de conseguir beber um copo juntos a seguir!
Saudações Leoninas a todos, e ao Cherba em particular!

 

ESCRITO POR Placebo
*às quartas (por razões óbvias este texto é publicado mais cedo), a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]