Novo debate no futebol mundial, com focos de incêndio um pouco por toda a Europa. Afinal, as novas tecnologias vão desvirtuar o desporto-rei ou, pelo contrário, dar-lhe um rosto mais justo e limpo?
Pois bem, vão fazer as duas coisas. Mas nunca na proporção exagerada que os dois lados da barricada têm assumido.
É óbvio que 10 segundos para verificar se uma decisão está correcta, num golo anulado ou num penalty, são apenas excassos momentos para as consequências práticas que isso terá. Erros desses custam muito dinheiro, trazem muita desilusão e desvirtuam muito mais o jogo que todos amamos do que a paragem em si.
Perceber se existe mão na bola, ou bola na mão, verificar a dúvida em torno de uma jogada fora-de-jogo, jogadas de área, lances de perigo, tudo isso poderá ser muito mais esclarecido, as decisões menos no calor do momento e mais na frieza das regras e a televisão fará com que não existam tantas margens de interpretações.
Mas, porque errar é humano e quem vai interpretar tais lances também são humanos e não sensores, a margem de erro e de dúvida permanece sempre. Ainda que em doses muito mais reduzidas. Quem apoia as novas tecnologias no futebol não pensa anular o erro, pensa sim na diminuição ao máximo do mesmo, para que os resultados se aproximem muito mais da realidade factual e muito menos influenciáveis pela terceira equipa em campo.
Há dias um jornalista espanhol dizia “o futebol é polémica. Retirem a polémica ao futebol e ele pode morrer”. E penso que aqui estará parte do problema. A polémica em torno do futebol e todos os contornos de um grande jogo alimentam uma indústria secundária que encontrou na polémica uma forma de ir sobrevivendo depois da crise na imprensa. Um lance duvidoso em pleno derby, posteriormente analisado, rende mais em publicidade, vendas e espectadores que qualquer outra coisa no futebol. Rende mais que qualquer grande golo, que qualquer título e que qualquer recorde batido.
O futebol fez-se entretenimento. Quer dar um espectáculo a quem está em casa e alimenta-se disso. Inflaciona-se por isso. Qualquer ponto que possa aborrecer o “comprador de bilhete” tem a natural resistência de todos. Mas para quem está no estádio, aqueles 11 segundos perdidos que podem significar a diferença de um golo no marcador, não importa minimamente o tédio. Importa apenas a verdade.
Enquanto existir paixão no futebol, não há tédio. Mas os “verdadeiros amantes do desporto”, os tais que não têm clube, nem preferência, os tais que relatam factos e nunca opiniões, os tais que se excitam com o futebol argentino e jamais idolatrariam alguém tão mainstream como Zidane, nunca aceitariam que o “seu futebol” fosse trocado por maquinaria e geringonça.
O que eles se esquecem todos os dias, é que o futebol jamais lhes poderá pertencer. Ele pertence a adeptos que largam tudo para chegar a horas ao jogo, que pagam o seu bilhete de época, que compram a camisola, que viajam para todo o lado. Ele pertence aos apaixonados que gritam de raiva por ver a equipa prejudicada. Que perdem títulos por isso, que descem de divisão por isso, que não chegam à Europa por isso. Estas são as pessoas que devem lutar pela verdade no desporto, porque elas pagam todo este espectáculo.
Se Maradona não marcasse um golo com a mão, hoje existia um país com mais um Mundial. Se o Ronny não marcasse com a mão, hoje o Sporting tinha mais um campeonato. E estes são apenas exemplos flagrantes de que as novas tecnologias podem ajudar na verdade desportiva.
O que vai contar mais são sempre os treinadores, os atletas e as estruturas. Isso dá títulos garantidamente. A tecnologia apenas vai verificar a veracidade dos pontos ganhos num jogo.
E antes que me esqueça. Na Holanda testes foram feitos em 11 segundos, a tecnologia de linha de golo garantiu um hat-trick a Jamie Vardy na passada semana e o penalty ontem assinalado, no Mundial de Clubes, está correcto.
Isto tudo só numa semana de 2016. Imaginem quantos erros não se anulariam num ano.
Aprendamos que a mudança faz parte do mundo. Mas que os símbolos que defendemos e o jogo que gostamos podem evoluir todos os dias.
Que sentido faz que num mundo em que se imprimem carros em 3D e se descarregam milhares de ficheiros em segundos, exista uma profissão, numa área que mexe milhares de milhões de euros todos os anos, em que o principal utensílio é… um walkie-talkie?
*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa
15 Dezembro, 2016 at 21:27
Excelente texto.
É isto.
Reparem nos títulos que o Record tem feito sobre o uso do video-arbitro.
Ja vi campanhas menos nojentas.
15 Dezembro, 2016 at 21:37
http://misterdocafe.blogspot.pt/2016/12/o-lapis-encarnado-do-record.html
15 Dezembro, 2016 at 21:35
o futuro chegou… ainda que não seja possível aplicar o método aos jogos da segunda liga.
15 Dezembro, 2016 at 21:40
Boa noite, eu posso estar a viajar, mas será que a traffic é o tal investidor que vai ajudar a expandir a marca Sporting?
15 Dezembro, 2016 at 21:53
não…
desde logo porque uma empresa não pode ser acionista de 2 empresas concorrentes.
15 Dezembro, 2016 at 22:04
Eles ainda têm participação no Estoril, pensava que não. Mas de qualquer das formas , dependendo dos moldes do negócio, pode ser algo muito positivo.
15 Dezembro, 2016 at 22:10
do que eu entendi do negócio trata-se apenas de prospeção no mercado brasileiro onde o Sporting não tem uma rede de observadores.
jogadores juvenis, juniores, sub21 indicados pela traffic serão enviados para portugal para avaliação.
se existir interesse, os direitos do jogador são comprados a 100%… não há partilha de nada.
15 Dezembro, 2016 at 22:22
Eu vou dizer uma coisa. Eu não vejo os fundos como algo maligno, desde que partilhem os riscos com o clube, e partilhem os dividendos em partes iguais.
Sim o presidente falou, se não me engano principalmente jogadores jovens, ora principalmente não quer dizer só jogadores jovens.
15 Dezembro, 2016 at 22:30
eu espero que este acordo tenha regras absolutamente claras.
trata-se apenas e só de prospeção no mercado brasileiro que é basicamente gigante e onde o Sporting não tem uma rede de observadores.
15 Dezembro, 2016 at 22:27
Mas posso estar enganado, é difícil comentar muito, porque ainda não há dados suficientes para termos uma opinião definida.
15 Dezembro, 2016 at 22:39
Pois é…
A polémica ” apimenta” o futebol…
Mas é a honestidade que o pode salvar…
SL
15 Dezembro, 2016 at 22:44
Pela notícia no Site, parceria com vista ao mercado brasileiro e asiático.
Parcerias são sempre benvindas.
Terceiros a querer mandar em nós, a gerir o nosso clube desportiva e financeiramente… não!
Jogadores jovens, academias, novos patrocinadores. Well done!
15 Dezembro, 2016 at 22:51
Acho que isso é seguro, desde que o Bruno de carvalho se tornou presidente. Quem manda é os sócios, Nem os bancos tiveram hipóteses.
15 Dezembro, 2016 at 23:01
Neste tipo de negócios, como em tantos outros, não vejo mal nenhum em comissões.
Se alguém ajuda ou facilita um negócio, porque razão não pode ser compensado? Isso acontece em todo o lado.
O que é perjurativo é quando há de facto partilhas e terceiros influenciam a gestão de quem tem os direitos desportivos. Já os financeiros… deve ser cumpridos conforme contrato.
15 Dezembro, 2016 at 22:44
Sim penso que o presidente vai apresentar as regras, depois da luta que teve com os fundos. A comunicação social iria procurar explorar a situação.
A questão é que ele não é contra os fundos em sí.
Era contra os fundos que no fundo não corriam riscos nenhuns, porque caso os jogadores não rendessem o clube cobria o investimento deles, E ficavam com maior parte dos dividendos.
Aliás quem não se lembra, que na altura da 1 eleição, uma das promessas era criar um fundo de 50 milhões.
Agora é só esperar para ver, mas tenho total confiança no nosso presidente.
16 Dezembro, 2016 at 7:21
Repara que se o Sporting tivesse coragem poderia criar um fundo de adeptos.
Ou seja, os sócios e adeptos do clube compravam “accões” de um jogador e se o jogador fosse vendido repartiam os proveitos. Ficava o clube com 50% e o fundo com o resto.
Isto seria transparente e todos ganhavam.
No caso da doyen o clube paga os ordenados, promove o jogador e no final fica com 25% do Venda (o que significa que pode até ter tido prejuizo pois pagou prémio de assinatura e andou a negociar tudo para o vender).
No final todo o caso foi mal gerido por nós. Deviamos ter levado o caso ao Tribunal por quebra de contrato, não por clausula abusiva no TAS porque esses não fazem nada. Um Tribunal normal teria de considerar a quebra de contrato como causa de rescisão unilateral.
16 Dezembro, 2016 at 9:36
Isso poderia dar muito mal resultado.
No extremo, poderia haver pressão por parte dos adeptos para vender o jogador e receber o retorno no investimento. Além de que seria difícil de controlar quem seria o verdadeiro dono das acções…
15 Dezembro, 2016 at 23:19
A Maria Vieira tem toda a razão e fez um excelente texto para debate que confirma.
O actual Status Quo Mundial, sob a ameaça do terrorismo e da débacle das democracias à moda Judaica, impõe seriedade em organismos que, desde a nascença, foram exactamente aquilo que se quis que fossem mas, nunca organismos sérios, repositórios das virtudes desportivas e do fairplay. Tudo isto lhes tem servido de fachada, num dos mais rentáveis exercícios de demagogia a que o Mundo assistiu desde a sua criação em sete Dias pelo Padre Eterno. Porém, nos dias que correm, FIFA e UEFA têm de ser sérias porque é essa a via escolhida para salvar a Democracia Liberal e o Capitalismo. Isto é é essa a via de fuga em frente que o Capitalismo Financeiro entendeu indispensável à salvação do coirão, face à desagregação das sociedades ocidentais, perante o terrorismo Islâmico. Sociedades geradas na corrupção de políticos e empresas são sociedades condenadas à morte. Não há na História da queda das civilizações nenhum exemplo mais eloquente que o da decomposição da actual “Civilização Ocidental”, em resultado da perda total dos valores em que supostamente assenta. Perda provocada e que tem servido um fim: – Colocar o Mundo Ocidental como escabelo do domínio do Ocidente pelo Capital Financeiro Internacional, nada mais.
Simplificando porque as ramificações são hidricas, o que se passa é o seguinte:
1. O Capitalismo Financeiro “financia” determinado partido do centro-esquerda e determinado político na ascensão ao poder. Coloca-os onde lhe fazem jeito.
2. Chegou o momento de cobrar: – o Lobby adequado à matéria que se deseja legislada de certo modo, faz junto do partido e do político financiados (i.e., comprados) a pressão para que seja legislado num determinado sentido.
3. O Capitalismo Financeiro “financia” determinado partido do centro-direita e determinado político na ascensão ao poder. Coloca-os onde lhe fazem jeito.
4. Os cabeças de cartaz do Partido que passou para a oposição vão a) para Bruxelas mamar à conta do pessoal; b) para a administração de um conglomerado Industrial financiado pelo sistema Financeiro Internacional. c) para o Conselho de administração de um banco, uma empresa pública ou uma seguradora…
Nas próximas eleições volta o centro-esquerda ao poder (a tão desejada rotatividade). É indispensável que todos mamem para que todos obedeçam. Valores morais? Pimba 1. Princípios éticos? Pimba 2. Pimba 3 e 4 e 5 e 6, etc. o que interessa é carcanhol para pôr os políticos na economia e esta na política.
O video árbitro virá, assim como mais da tecnologia digital para o futebol porque é preciso arrepiar caminho e recuperar valores antes que todo o Mundo Ocidental caia na equipe da DIREITA de novo e o Capitalismo Financeiro seja relegado para a cadeia e os campos de concentração.
A cultura do politicamente correcto (isto é a cultura da censura social à censura aos poderosos) deu à luz uma aberração: – Não à Corrupção, não ao politicamente correcto. Assim, o contrário daquilo que é, assume a correcção política do ter de ser, uma vez que tudo o que se passa dentro do mesmo sistema, entra no ciclo. Porém, desta feita, a Direita que vier, virá para ficar não chegará eivada de idealismo e ingenuidade.
Ora, as novas tecnologias que revelam a verdade da mentira, estão dentro do actual “Trend” e vão-se impôr no futebol como se impuseram no Rugby e em todos aqueles desportos que começaram a perder audiência por falta de confiança do público.
Aquilo que temos de precaver é quais são os árbitros ou antigos árbitros escolhidos para desempenharem a função de video-árbitro. Se não houver cuidado com os nomes dos ditos, continua tudo na mesma só que, em vez de sete caixas com a fotografia do “Insébio” passam a ser oito!
16 Dezembro, 2016 at 13:39
mais um bom bife servido à moda do leão Tulio…. concordo totalmente, o capitalismo selvagem domina todos os setores da sociedade, e esta civilização está esgotada e vai acabar como acabaram, a egipcia, grega e a romana…. SL
16 Dezembro, 2016 at 0:06
Tudo bem, que venha o video arbitro.
Irá sem dúvida ajudar o futebol em todo o lado mas aqui em portugal acho que não.
O primeiro teste do video arbitro, aqui, quem teve como juiz?
Um que conseguiu achar que jogar a bola com as duas mãs dentro da area não é penalti.
E quem foi o supervisor deste?
Um que pura e simplesmente tirou um campeonato ao Sporting com a famosa mão de ronny.
Em portugal isto morre, o paraiso dos trafulhas e suas bitches.
16 Dezembro, 2016 at 0:09
OFF:
Vejam no facebook do Sporting o vídeo de Boas Festas.
D-I-V-I-N-A-L!
16 Dezembro, 2016 at 0:11
Ou aqui:
http://oartistadodia.blogspot.pt/2016/12/como-desejar-feliz-natal-em-varios.html
😀 😀
16 Dezembro, 2016 at 10:12
Grande Slimani, espero que volte daqui a 2/3 anos para ser campeão!!
16 Dezembro, 2016 at 10:34
Falta em L.G.P. 🙂
Para o ano, não falta decerto 🙂
16 Dezembro, 2016 at 0:33
Está engraçado, mas salvo erro o braga fez algo parecido o ano passado creio.
16 Dezembro, 2016 at 5:04
Por enquanto não gostei desta parceria com a Traffic. Não confio na gestão brasileira típica a este nível; é um modelo baseado na maximização dos lucros através não de boas políticas de investimento mas de esquemas de corrupção, tráfico de influências, etc, que as substituam, ou seja, uma lógica de minimização do investimento para maximizar os lucros – nunca dá certo mais a prazo. Alguém acaba por se lixar e geralmente não são eles ou até serem eles já muita gente se lixou pelo caminho.
Quero saber mais pormenores.
16 Dezembro, 2016 at 7:24
A questão é que os erros no futebol permitem que uns continuem a ganhar, e normalmente são esses que ja estão por cima.
Na LE fomos eliminador pelo shalke por “mão na Bola” por se Defender uma Bola com a cara. Na Champions fomos eliminados do play-off em dois jogos bem roubados.
No campeonato nem Vale a Pena falar, desde a carga do luisão que deu o campeonato ao carnide (e nos roubou a nós a “epoca perfeita”), o Lance do rony, a final da taca da carica, etc
Uns ganham muito dinheiro com todos esses “erros” . Até um titulo europeu deram ao Barcelona baseado inteiramente em “erros”.
16 Dezembro, 2016 at 8:34
Maria Ribeiro a Presidente!
Topámos logo pelos títulos das “notícias” dos “jornais” que a nova palavra de ordem é desacreditar ao máximo o vídeo-àrbitro e passar a mensagem de que causa mais confusão do que a que resolve.
Isso é mais uma prova de quem manda nesses “jornais” em Portugal.
Como diz o Dobeth, e muito bem, os gatunos não querem câmaras de vigilância.
16 Dezembro, 2016 at 9:07
Mais um excelente texto.
O Futebol ou acompanha as outras modalidades ou acabará por ser ferido de morte pelos erros.
Ténis, NBA, NFL, râguebi, são modalidades onde as tecnologias ajudam a tornar as decisões mais justas. Ontem num zapping apanhei no canal 3 da RTP paineleiros cheios de criticas, o daniel de paredes, o manel josé e companhia, só pensei numa coisa: se estão contra só pode ser uma coisa boa 😀
16 Dezembro, 2016 at 9:36
Olha que tens toda a razão. Mas é aquela velha história, eles são todos uns comprados, que vão para ali para debitar a versão lampiursa, por isso é que eu nem vejo esses programas.
Acho que é preciso continuar a lutar, luta essa que foi encabeçada pelo nosso presidente, algo que num país normal seria digno de aplausos.
16 Dezembro, 2016 at 9:40
“Ontem num zapping apanhei no canal 3 da RTP paineleiros cheios de criticas, o daniel de paredes, o manel josé e companhia, só pensei numa coisa: se estão contra só pode ser uma coisa boa ”
É um principio que nunca falha!
17 Dezembro, 2016 at 18:36
Os lampiões não quiseram o sorteio dos árbitros, nem querem o video árbitro. Eles querem gerir a banca da batota que lhe assegure a escolha de árbitros e avaliadores. O cortejo dos seus agentes já está no terreno a tentar descredibilizar o video árbitro com o argumento que demora uns segundos.Para eles o correcto é os erros do JSousa, ASDias, Capela, Paixão, Ferreiras etc, ficarem para a eternidade.