É complicado escrever depois de semanas como estas, com derrotas em Varsóvia (adeus Liga Europa), na Luz (Pizzi merece o Europeu de Andebol) e com o Braga (nem sei o que dizer). Vou tentar reflectir sobre o conjunto de situações que na minha opinião nos trouxeram até aqui:
– Saídas (relevantes) em relação à época passada: João Mário, Slimani e Teo Gutierrez. Ficámos sem o organizador de jogo e sem a dupla de pontas de lança (46 golos entre ambos). Teo, se bem se lembram, esteve em alta nos melhores momentos da época passada. Quando se lesionou/ausentou passámos um período complicado, em que tivemos de colocar o Bryan Ruiz na frente (quem se esqueceu dos falhanços de baliza aberta em Guimarães e Alvadade). Penso que o sistema de JJ assenta muito no que o segundo avançado faz de ponto de vista ofensivo e defensivo e isso tem claramente falhado. Continuamos à procura de segundo avançado.
– Entradas: se repararem a maior parte dos jogadores chegaram já na segunda quinzena de Agosto. De memória, Campbell, Bas Dost, Elias, Markovic, Castaignos e André. Isto quer dizer que não fizeram a pré-época e que quando chegaram tiveram muito menos oportunidades de se integrarem. Campbell, Markovic, Castaignos e André não jogaram com regularidade nas últimas épocas. Destes, o único que era titular regularmente era Bast Dost e, de todos os reforços, é o único que mostrou capacidade para jogar. Elias era importante no Corinthias mas não creio que sirva para ser alternativa ao Adrien. Não digo que os outros não venham a revelar-se bons reforços, mas olhando com frieza, era difícil esperar que fossem capazes de acrescentar grande coisa a curto prazo. Portanto e para concluir, a minha opinião é que os reforços contratados não tinham capacidade demonstrada para no curto prazo colmatarem as saídas e melhorarem a qualidade global do plantel. As razões para isto podem ser 1) maus critérios de recrutamento ou 2) incapacidade para ir buscar futuros titulares indiscutíveis (falta de dinheiro ou de atractividade).
– Liga dos Campeões: calhou-nos o pior grupo possível, fizemos os grandes jogos sem o Adrien e tudo o que podia correr mal, correu mal. Causou grande desgaste emocional e em virtude dos resulados adversos também desgaste anímico. Isso pesou num plantel sem tarimba para estas andanças.
– Arbitragem: saiu Vítor Pereira com a camisola do 35 vestida, mas continua a pouca vergonha. Já perdi a conta aos penalties não assinalados a nosso favor, explusões incompreensíveis e golos anulados sem razão a aparente. Sinceramente, pergunto-me o que é que andamos todos aqui a fazer a assitir a jogos de futebol quando já se sabe que o campo está inquinado para carnide. Lidar com esta merda é complicado. O meu segundo desporto de eleição é o ciclismo e estou cada vez mais convencido de que apesar do doping químico (e quem sabe mecânico) até é um desporto mais limpo que o futebol. Venha o vídeo-árbitro. Enquanto isso não acontece, temos ficar enraivecidos com isto e canalizar essa raiva contra os nossos adversários. Não em cacetada, mas em empenho e em capacidade de comer a relva.
– Estado Lampiónico e Comunicação: continuamos a ser bombardeados todos os dias com notícias negativas a nossa respeito. BdC e JJ odeiam-se. Petições sobre a reestruturação financeira do SCP que chegam à Assembleia da República. Ordinarices relacionadas com a contagem dos títulos (sim, são 22 deal with it). Daqui até Março vão ser os putativos (idiotas) candidatos à presidência do Sporting (haja paciência). O carnide nem precisa de colocar os seus representantes oficiais a atacar o Sporting. Tem paineleiros com agendas planeadas e alinhadas a bombardearem os espectadores com as suas alarvidades, com a complacência dos moderadores e sem que os paineleiros dos outros clubes o consigam pôr no lugar. Quem veja TV ou leia jornais fica sufocado com a sensação de que o mundo está virado contra nós. O objectivo é claro, desmotivar, desmobilizar e descredibilizar. Não sei como se lida com isto. Estas pessoas (paineleiros e jornalistas que lhes dão eco) são autênticos talibans: são imunes a factos, não mudam de opinião perante nova informação, demonizam o contraditório e têm mentalidade tribal. Não sei como se lida com isto, mas à bocado passei junto a um estaleiro e ao olhar para um ferro da obras ocorreram-me algumas ideias. Mas nada que recomende a “law abiding citizens”, naturalmente.
– Defesas laterais – Arranjem outros se fizerem o favor. Estes funcionam mais ou menos bem quando jogamos contra equipas fechadinhas, quando têm de jogar como segundos extremos. Mas em termos defensivos não têm cumprido.
– A puta da bola que não entra: tem entrado menos do que gostaríamos mas não é só azar, nem só incompetência. Perdemos os 2 jogadores que em conjunto marcaram 46 golos no ano passado. E só compensámos ⅔ do Slimani com o Bas Dost. Falta ali arte e engenho no momento de atacar a baliza.
Perante este cenário, penso que há várias coisas que se podem e devem fazer. Passo a elencá-las:
1 – Ganhar ao Belém. É uma final. Tenho dito.
2 – Daqui para a frente não interessa o resultado do Benfica, Porto ou de quem quer que seja. Quem puder ir ao estádio apoiar que vá. Quem está lixado demais que fique em casa a ver o jogo num quarto fechado. Irem lá assobiar neste momento só vos ajuda a vocês e só prejudica a equipa. Atenção que não digo que uns assobios não sejam necessários para abrir a pestana ao plantel. Mas dadas as circunstâncias, peço àqueles sportinguistas que aos 2 mins já estão de cigarro na boca desesperados porque ainda não estamos a ganhar 2-0 que fiquem em casa. Os restantes que vão apoiar.
3 – Reflexão interna. Repensar o plantel para o que aí vem e despachar os que não interessam/não jogam/não servem. Paulista, Meli, Esgaio estão na linha da frente. Petrovic, Castaignos e André logo a seguir.
4 – Reforços. Provavelmente Iuri Medeiros ou Matheus Pereira teriam feito melhor que Campbell e Markovic. Ou talvez não. Quem sabe. Há que pensar bem no que aqueles que lá estão podem acrescentar até Maio e em função disso reforçar a equipa. Eu sugiro um defesa esquerdo, um defesa direito, um segundo avançado (pah, até pode ser o Teo) e um número 8 (assumindo que o Elias não serve mesmo).
5 – Para animar, pensar no futsal e no futebol feminino que têm estado à altura dos nossos pergaminhos. O futsal em particular merece um grande abraço, qualificaram-se de forma brilhante para a final four (Dynamo joga muito) e conseguiram lidar com a ressaca da qualificação de forma notável (apenas 2 empates frente a carnide e braga). Se o raio da Final Four for no Cazaquistão e não no João Rocha aviso já que quero ir a Almaty e que ando à procura de companhia.
5 – #OMundoSabeQue já passámos por pior. Não serve de consolação nem diminui a ambição mas em alturas de crise há que pensar no caminho que fizemos até aqui e colocar os problemas sob essa perspectiva.
Termino este texto com duas imagens que procuro sempre que preciso de me animar.
Esta roubei do grupo Sporting Fans, Sporting Apoio ou Cortina Verde do Facebook (peço desculpa mas não me lembro de qual). Vamos mudar de mulher/marido, de namorada(o) e de amigos. Mas nunca vamos mudar de clube. Continuem a apoiar. Só é vencido quem desiste de lutar.
E esta é de uma faixa que eu acho que devia estar sempre afixada nas bancadas e que resume aquele que deve ser o espírito da equipa sempre que entra em campo. Foi muito difícil chegar até aqui. Em 2013 estivemos muito perto de perder uma parte importante das nossas vidas. Quem usa o símbolo do Leão ao peito nunca se pode esquecer de que representa uma parte importante da vida de 3.5 milhões de pessoas: “Quando envergares a camisola verde-e-branca lembra-te da honra que a colectividade te confere e transcende-te para mereceres a distinção.”
Os jogadores que ficam nervosos com a exigência dos adeptos que vão pró c*** que os f***.
ESCRITO POR Shark
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]
21 Dezembro, 2016 at 12:03
Boa malha.
O caminho agora é assumir os erros próprios e corrigir alguns erros de casting em janeiro. Aliviar a folha salarial e contratar quem é preciso contratar. Fazer algum dinheiro em vendas.
Continuar a denunciar toda a filha da putice do futebol portugues (parece que os andrades já abriram a pestana e só temos a ganhar se houver mais clubes a denunciar o colinho vermelho. Já se percebeu que, quando os deixamos em paz, chovem pontos em carnide.
A médio-prazo, pensar num diretor desportivo a sério, porque Jesus não pode ter carta-branca para escolher jogadores. Não é o seu forte.
Objetivos: apostar tudo no 2º lugar, para ir à Champions.
Ganhar as Taças que faltam.
21 Dezembro, 2016 at 12:46
“…pensar num diretor desportivo a sério,…”
Pensei que querias poupar na ‘folha salarial’…
21 Dezembro, 2016 at 13:56
E queria. Até pode ser alguém que já esteja no clube.
21 Dezembro, 2016 at 14:27
Um Director Desportivo “a sério” e com poder para evitar os desvarios do JJ tipo Alan Ruiz…. representaria uma Poupança
21 Dezembro, 2016 at 14:53
Ainda me lembro de quando também se considerou a contratação de Yazalde um desvario e uma contratação falhada…
Paciência e -já que se fala nisso neste post- apoio incondicional, é preciso.
ainda bem que as únicas opiniões que contam são as daqueles que têm competências técnicas, e não as dos comentadores.
…afinal, a Academia Sporting tem já um nome muito respeitado no mundo. aposto que cada decisão que se toma lá é seguida com atenção. Os que querem mal ao nosso Clube também ficam atentos, só que sempre esperando e torcendo (e contribuindo) para que as coisas não tenham sucesso. Mas daqueles que consideramos amigos do SCP espera-se que pelo menos não venham com opiniões destrutivas, porque se há coisa que estamos bem servidos é de inimigos.
21 Dezembro, 2016 at 14:57
A questão é que o Yazalde ou o Acosta não representaram um esforço equivalente a 8 milhões!
E essa é a questão! Um “gajo” que custa 8 milhões ao Sporting tem que chegar e fazer a diferença!
O grau de exigência é completamente diferente de um “gajo” que custa 2 milhões.
21 Dezembro, 2016 at 20:07
Se calhar até foi mais caro. Foi antes de 1974, o dinheiro valia mais.
Lembro-me de o Dr Abraham Sorin ter estado na Argentina muito tempo e em segredo, negociou duramente para garantir a contratação.
A grande diferença daqueles tempos é que o Sporting aventurou-se a gastar uma verba elevada num jogador estrangeiro que era um valor seguro, mas não andava a esbanjar dinheiro contratando tudo o que mexia
21 Dezembro, 2016 at 12:50
Concordo globalmente com o que foi escrito.
O ADN do Sporting é a formação.
Sempre que nos desviamos deste caminho… dá merda. Lembremos o que se passou com o Godo Lopes… ou o que se está a passar esta época!
“Ah e tal, os jovens para crescerem futebolisticamente têm de rodar por outros clubes, não sei do quê”…
Mentira! Futre, Figo, Ronaldo, Quaresma, Moutinho, Rui Patrício ou mais recentemente Gelson Martins não tiveram que rodar por lado nenhum para se imporem na equipa principal.
Quando há talento e entrega não há que temer idades inscritas no BI.
21 Dezembro, 2016 at 13:27
O pior é que nem todos os miúdos têm estofo para as assobiadelas contantes como teve Patricio por exemplo, quando as coisas não correm tão bem
21 Dezembro, 2016 at 13:53
nesse caso quem está mal…
é a central. não são os miúdos!
21 Dezembro, 2016 at 14:06
“Ah e tal, os jovens para crescerem futebolisticamente têm de rodar por outros clubes, não sei do quê”…
Mentira! Futre, Figo, Ronaldo, Quaresma, Moutinho, Rui Patrício ou mais recentemente Gelson Martins não tiveram que rodar por lado nenhum para se imporem na equipa principal.”
Cara Rute Rockabilly,
Dois pensamentos:
1- “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”.
Concordo, em absoluto, que a regra das “etapas” não pode ser um dogma. Depende dos casos em particular. O Gélson não teve que rodar. Certo. Mas o William e o João Mário (este estava a ter problemas na B por causa da sua falta de aplicação) tiveram.
Eu digo o que sempre disse: quanto há talento, não há que pensar nas “etapas”.
2- Os casos que cita não podem servir de grande exemplo. Tratam-se de jogadores com imenso talento (aliás, 3 deles foram figuras marcantes na própria Selecção Nacional desde muito cedo), e de entrada SEM HESITAÇÕES no plantel, quer do SCP, quer de qualquer outro dos grandes.
A questão coloca-se com os jogadores “on the brink” como (actualmente) os Iuris, os Geraldes, os Palhinhas…
Para mim é uma questão casuística.
SL
21 Dezembro, 2016 at 14:29
Caso a caso — ok!
SL
21 Dezembro, 2016 at 14:39
Vejam lá se os que temos hoje a brilhar não foram rodar para outro clube?
– JMario
– William
– Semedo
só para citar 3 exemplos.
E Gelson não foi rodar porque a merd@ do Carrillo foi de vela, senão tinha ido rodar também.
21 Dezembro, 2016 at 15:00
E Adrien… também rodou e até nos “limpou” uma taça!
21 Dezembro, 2016 at 16:08
E o Cedric idem 😉
21 Dezembro, 2016 at 16:18
Cara AlexiaFerreira,
É como eu disse: uns precisarão de “Equipe B/rodar”. Outros não. Não me parece que se possa ter uma só “regra”.
SL
21 Dezembro, 2016 at 14:21
Sem dúvida. as coisas devem ser analisadas caso a caso.
21 Dezembro, 2016 at 14:22
“Os jogadores que ficam nervosos com a exigência dos adeptos que vão pró c*** que os f***.”
Já pensei nisso tantas vezes estes dias, ficam nervosos? E a malta que tem ordenados de menos de mil euros e famílias para sustentar? Bardamerda para o nervosismo e a falta de entrega em campo.
De qualquer modo no próximo jogo em casa lá estarei para apoiar.
E O SPORTING É O NOSSO GRANDE AMOR
21 Dezembro, 2016 at 14:29
+ 1
SL
21 Dezembro, 2016 at 14:30
Isto mesmo!
Já várias vezes me perguntaram : Mas que vais lá fazer se vens de rastos?
Apoiar. Vou lá apoiar. Não os vou deixar sozinhos.
Eles que não me deixem “sozinha” a mim também, fdx!
21 Dezembro, 2016 at 15:09
Isto ate ‘e simples, o ficar nervoso ate ‘e uma coisa normal, uma pessoa sente-se nervosa antes de momentos importantes e ‘e normal que antes de certos jogos haja nervosismo. A grande questao aqui ‘e se sabem lidar com essa pressao ou nao. Se souberem, sao jogadores para o Sporting, se nao souberem sao jogadores para os Moreirenses e Tondelas desta vida.
21 Dezembro, 2016 at 14:28
Grande post !
Concordo com praticamente tudo…
Seria mais cáustico em relação aos nossos laterais porque penso que não têm estofo suficiente tanto para as tarefas defensivas como para as ofensivas — maus cruzamentos são a regra e não a exceção…
🙁
Contudo o NOSSO DEVER é APOIAR e no final dos 90 minutos ponderar …
confesso q quando não gosto não aplaudo mas também não assobio …. mas, atenção, NÃO critico quem o faz após os 90 minutos ….
SL
21 Dezembro, 2016 at 15:22
Elias é trinco ou 6 e substitui William, não Adrien.
Não há substituto para Adrien.
João Pereira e Zeegelar são abaixo do desejável. Scheloto é estranho e irregular.
Só há um saca rolhas, Gelson.
Dost é jogador de área e tem de ter um 2° PL ao lado. JJ sempre jogou com 2 PL. Não sei porque está a inventar.
Não se conseguiu substituir João Mário.
Faixa esquerda é colada com cuspo: campbell, zeegelar, bruno Cesar, brian Ruiz ou Jefferson… Não funciona em nenhum dos casos ou combinações.
Alan Ruiz tem pés de ouro e cabeça de merda.
Petrovic, Markovic, Meli, Alan Ruiz são erros de Casting.
Castaignos e André não se percebe a aquisição não jogando.
A culpa é nossa. Não é das arbitragens.
Ainda agora com o Braga, há uma falta clara para expulsão sobre o Wilson Eduardo, no início do jogo.
Somos maus, porque o plantel é mau e foi mal montado. Acontece. As expectativas do Presidente e do treinador é que os reforços fossem… reforços!
Não foram. Porquê? O que é que falhou? É preciso de ter a humildade de questionar os erros. Foi o Scouting? Foram empresários a despachar mercadoria? Foram comissões debaixo da mesa? Foram compras feitas no YouTube? Quem avaliou? Quem validou?
Porque é que foi tudo em cima do Joelho? Porque é que Slimani e João Mário jogaram se estavam vendidos? Querem maior demonstração de mau planeamento?
Como é que se faz uma das compras mais caras de sempre, Alan Ruiz e ninguém avalia a personalidade do jogador?
Não quero a cabeça de ninguém. Quero que o treinador e o presidente façam este exercício e questionem-se.
Parem, devolvam quem pode ser devolvido, vendam quem tem mercado, regressem os emprestados com potencial para o plantel. Desenvolvam essa futura equipa. Identifiquem lacunas e comprem atempadamente para 2017/2018.
21 Dezembro, 2016 at 15:29
“Como é que se faz uma das compras mais caras de sempre, Alan Ruiz e ninguém avalia a personalidade do jogador?”
Na altura o Scolari que até foi treinador do Ruiz no Grémio “avisou” publicamente….
21 Dezembro, 2016 at 15:38
Bom texto.
E obrigado por trazeres a frase do Bergkamp. Tive de guardar esta imagem.
21 Dezembro, 2016 at 17:40
E preciso estar mais atento às modalidades, há duas semanas que foi informado que a final four é no Cazaquistão
21 Dezembro, 2016 at 20:03
Grande texto
22 Dezembro, 2016 at 1:39
Que puta de texto!!! É isto mesmo.!!! Muitos parabéns pelo texto e amanhã são 90 minutos de apoio para trazer os 3 pontos