Colocar este texto aqui na Tasca não foi decisão fácil. 

Por muito que um gajo esteja convicto das suas razões, não é fácil levar com críticas em cima. Algumas frontais, que se podem refutar. Outras veladas e venenosas que, não tendo um alvo preciso, deixam no ar muitas interrogações e poluem a Tasca… Chegámos a um ponto de intolerância com contornos esquizofrénicos. Ando aqui há um ano e pouco e, talvez fruto de um momento que nunca se viveu na era Bruno de Carvalho, as sensibilidades andam num patamar tal que entrar na agressão verbal a Sportinguistas, é o prato do dia.

Não sei o que alguns pretendem com isto. Afastar da Tasca aqueles que têm uma opinião diferente da sua, limpando as “ervas daninhas”, vulgo aqueles que não partilham das suas opiniões e que são uma “merda de Sportinguistas”? Afirmarem-se perante os “fregueses” mais irredutíveis para que o seu Sportinguismo não seja posto em casa?

Interroguei-me várias vezes antes de escrever estas linhas. Achei que era preciso “ter tomates” mas como já não tenho idade para andar a sopesá-los, direi que foi só o carácter que os meus saudosos pais me transmitiram, que me levou a dar a minha opinião.

Antes do mais e talvez isto possa ser a pedra de toque para as reacções que venham aí, coloco esta questão que tantas e tantas vezes é aqui abordada: SOMOS DIFERENTES. Porquê e em quê? Não tenho a certeza da irrefutabilidade da minha opinião, mas decido arriscar.

Os Sportinguistas terão um sangue diferente dos outros adeptos? Serão, todos eles, educados com padrões  vários de excelência? Arrogar-se-ão o direito de ser uma casta superior? Obviamente que não. E é aqui, perante as interrogações que coloquei a mim mesmo, que parti para uma conclusão: somos diferentes, porque aprendemos, durante anos e anos de desilusões a nível do Futebol, a tornarmo-nos resilientes, a transmitir esse estado aos nossos filhos e netos. O conformismo só entra nesta equação quando termina uma época mas logo, de imediato, há lugar a outra e, de novo a tenacidade e esperança.

Acusamos os outros de serem arrogantes, vaidosos. Ganham, tornam-se assim. Como é habitual no Homem, o poder cega, corrompe. Como nos tornaríamos nós se estivéssemos do “outro lado”? Seríamos mais magnânimos com os que não vencem, mostraríamos a face hedionda dos que não sabem ganhar sem humilhar o vencido?

O que eu critico indignadamente é a ausência de escrúpulos quando é preciso ganhar a qualquer custo, a indigência demonstrada, o passar a mensagem aos prosélitos de que se é sério, honesto, impoluto. E entra o “comer gelados com a testa” hoje tão em voga, por parte dos tais prosélitos, a ausência de sentido crítico, o “assobiar para o lado”. E aqui eu penso que estamos a entrar na paranóia de não aceitar a opinião do “gajo que está sentado na mesa mais distante”, que entrou na Tasca com receio de que o acusem de não ser “um dos deles” só porque a sua voz é um pouco diferente da que usam os habituais frequentadores, mais voltados para o vozeirão, ao arroto ostensivamente ampliado, ao passar mais acentuado das costas da mão pelos beiços.

No final da semana passada, não dei opinião sobre o post “hoje escreves tu!: «Dias de Raiva» apenas e só porque li que aqueles que o não fizessem não estariam comprometidos com o que o mesmo defendia (agora, debruçando-me sobre o mesmo, achei-o “bem metido” mas discordando de um ponto ou outro). Nunca gostei de ser pressionado e ceder só porque sim. A única vez que tal se revelou impossível para mim, foi quando entrei para a tropa e, especialmente, quando tive que “malhar com os costados” em Angola! A recusa colocar-me-ia como proscrito pelo Estado Português… e a minha vida era a minha família, os meus amigos, aqui, neste país!

Desejo ardentemente e no mais curto espaço de tempo, que todos nós nos possamos colocar na posição de Ganhadores e esperar que saibamos ser diferentes dos outros! Sempre por um dos grandes amores da minha vida: O Sporting Clube de Portugal e por aquilo que, circunstancialmente, o meu já velho coração me ditar!

 

TEXTO ESCRITO POR jmfs1947
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]