Caros convivas, desta vez e por força de circunstâncias fortes, vou guiar-vos num mergulho, nos arcanos da nossa História. Quando se diz comummente Sporting Clube de Portugal, por vezes esquecemos as origens das nossas raízes, de onde nos vêm e de que partes do mundo nos chegam… mas acreditem, as nossas raízes francesas são profundas. Para acompanhar este petisco, e à laia de aperitivo aí vai um bom vinho ribatejano, vermelho sangue, que nos enche o coração e a Alma… assim é a primeira taça que vos sirvo, com queijo chèvre e compota. Adiante.

Foi Salazar Correia, que em viagem a França, ao ver as camisolas do Racing de Paris, clube de rugby fundado em 1890, trouxe uma na bagagem, e já em Portugal trocou as listas vermelhas originais, pelas nossas verdes, dando assim origem à mais bela camisola desportiva do Mundo (bem sei que para muitos será a segunda, atrás da Stromp… mas temos que dar ênfase à história). Esse mesmo Salazar Correia, a quem na nossa formação damos um dos nomes das equipas com que competimos.

Muito mais tarde, e após interregnos, e retomas da modalidade, aquando do nosso regresso em 2012, as nossas raízes manifestaram-se novamente, os nossos treinadores principais Laurent Mourie e Carlos Castro, também têm profundas ligações ao país hexagonal. Mas como não há duas sem três, nesta última semana, mais umas raízes francófonas nos foram adicionadas. As nossas seniores foram convidadas para um jogo com o USAP (Union Sportive des Arlequins Perpignanais), de Perpignan, clube de rugby fundado em 1902, e um dos históricos franceses e com uma massa adepta grande e fiel.

As nossas seniores ganharam o troféu em disputa por 10-17, mas o mais importante foi o convívio, com os portugueses, e com os sportinguistas locais, a nossa equipa a ser reconhecida como uma mais-valia só ao alcance de um clube que honra em cada ação a frase proferida pelo nosso fundador “Queremos que o Sporting seja um grande clube, tão grande como os maiores da Europa”.

E vamos continuar a criar raízes, por certo, desde jogadores que por cá passaram, o Benjamin, que trazia a gaita-de-foles a tocar marchas e a incitar à carga dos companheiros nos jogos, até outros que estão na nossa formação. Por mim, e acho que a todos nós, só resta agradecer estas nossas raízes e pensar em desenvolvê-las. Pois para sermos grande, temos que pensar-nos Grande.

com lágrimas no rosto, um português, residente em Perpignan, disse: “Jamais pensei ver o meu clube jogar rugby em França. Nem nos meus melhores sonhos imaginar vencer o USAP em Perpignan. O mundo pode acabar amanhã. Morrerei feliz…”

leoasrugby

*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio