Diz-se que se devem avaliar os candidatos pelo seu programa. Eu concordo. Concordo a tal ponto que avalio a sua prestação como presidentes exactamente pelo cumprimento do mesmo documento. Sei perfeitamente que estes boletins são idealizados como superpanfletos de campanha, visando uma estrutura bastante focada em argumentos eleitorais, mas a ter de usar a minha racionalidade neste tipo de avaliações, prefiro a certeza das palavras escritas do que a subjectividade dos “estilos”, do que a negritude das lavagens de roupa suja ou os CV´s repletos de cargos recriados e retocados para fazer de um berlinde, uma verdadeira bola de bowling.
Pedro Madeira Rodrigues surge no mapa das eleições, sendo uma figura mais ou menos desconhecida do mundo de adeptos Leoninos. Poucos se lembrarão que foi o autor do musical “1906-O nosso grande Amor” (pelo qual venceu um prémio Stromp), ainda menos será recordado por ter concorrido como vogal às eleições de 2011 na lista de Pedro Baltazar. Quem conhece as minhas opiniões sobre o “firmamento” de “notáveis” sportinguistas sabe que não dou a mínima importância ao facto de PMR estar relativamente ausente dos palcos mediáticos. Pelo contrário, isso só joga a seu favor. De papagaios de leão na lapela estãos os media cheios e muito poucos merecem sequer o metal do pin que ostentam.
O facto de ter sido atleta de futebol do Sporting nas camadas jovens é digno de registo, mas não sejamos hipócritas, não acho que mereça mais do que isso. Mais também não merecerá a dita participação como “CityLion” no Camarote. Não vejo como útil ligar posições assumidas com a responsabilidade do anonimato de um nickname num blog, com a candidato à Presidência do Sporting. Se eu, por algum acaso de um destino impossível um dia me candidatar, sentir-me-ei ligado a tudo o que escrevi e escrevo, porque é o que penso e acredito, mas aceito que PMR não seja como eu e está no seu direito não querer ser julgado por mais do que o que propõe como candidato. Evitemos puritanismos ocos.
E o que nos propõe PMR? Bom, esse é que é mesmo o problema. Li o programa da sua candidatura e acompanho os seus espaços de campanha na medida do possível e poupando-vos a análises exaustivas posso-vos adiantar que destacos as ideias fundamentais como:
1/ Manual de Conduta Interno
(Para quem? Quem controla a sua aplicação? Quais as penalizações associadas? Não entrará em conflito com o Código do Trabalho, tornando-se letra morta? São apenas “guidelines”?)
2/ Apresentação (no iníco e fim dos mandatos) da Declaração de Rendimentos do Presidente da SAD
(A quem deve ser apresentada? Poderá ser consultada por qualquer sócio? Não incorre em contradição com o direito à privacidade fiscal?)
3/Limite máximo de 23 jogadores no plantel principal
(E se a equipa B descer de divisão?)
4/Tornar Moniz Pereira o Sócio Perpétuo nº2
(E João Rocha? E Carlos Lopes? E os fundadores? E os 5 Violinos? E Damas?)
5/ Desenvolver o conceito de EAS nas modalidades?
(Boa ideia, a merecer ser explorada)
6/ Garantir a maximização dos “Dias Sporting”, criando mapas de jogos contíguos e facilitando o acompanhamento das modalidades
(Aqui também, completamente de acordo, embora anteveja naturais impossibilidades quer da SportingTV, quer na articulação dos calendários das várias Federações)
7/ Novas categorias de Sócios (sócio claque, sócio filho, sócio-núcleo, sócio internacional)
(Bom…faltará aqui o sócio-às vezes, o sócio-este mês não dá jeito ou mesmo o sócio-sócio)
8/Recuperar a posse da Academia de Alcochete
(Pode parecer consensual, mas quem concordará, depois do estudo de impacto financeiro?)
9/ Distribuir gratuitamente o jornal do clube aos sócios, via digital
(Um jornal não é uma newsletter. Esta medida seria o fim da versão em papel)
10/ Centro de Estágios no Norte
(Num país tão pequeno como o nosso, será mesmo necessário? Qual a racionalidade desta despesa?)
11/ Encerrar o fosso, construindo bancadas no seu lugar
(Há tantas questões que dificultam esta medida, que realizá-la de forma satisfatória custaria um mini-estádio)
12/ Construir um Velódromo e um Clube Naval
(Certo…e um Centro Culinário de Croquetes, não?)
13/Substituir as cadeiras do estádio Alvalade
(Uma medida cara que tem sido protelada, mas que faz sentido mediante algum desafogo financeiro)
14/Residência para ex-atletas
(Teoricamente é uma boa ideia)
É claro que o documento tem muitas mais propostas, mas sinceramente, são apenas conceitos gerais, intenções, leves e superficiais manifestos de caminhos sem qualquer concretização ou plano. Há ainda muitas propostas que já estão a ser pensadas e operadas pela actual direcção e como tal não acho que sirvam de diferencial nesta análise.
Como podem ver, é muito pouco o que PMR nos apreenta como ideia para o clube. Não parece existir uma reflexão atenta e profunda do que o clube e a SAD necessitam, não parece ter sido feito um trabalho sério para escutar os sócios, não parece ter sido racional a proposta de algumas alíneas (que vão mais de encontro ao tipo de sócio que é o próprio candidato – e seus amigos – e não à universalidade do clube).
Cada um tirará as suas próprias conclusões, mas confesso que esperava mais seriedade e mais envolvimento da parte de quem tão facilmente humilha o trabalho feito pela actual direcção e se convence estar melhor preparado para comandar o clube durante 4 anos.
A gestão do dossier treinador e director desportivo é em si própria reveladora da impreparação para a complexidade do mundo do futebol. PMR primeiro defendeu que manteria JJ, depois (com os resultados negativos a surgirem) invocou uma suposta perda de confiança (absurda já agora) para dizer que trará um novo treinador. Avisou que o clube não gastaria um tostão para obrigar JJ a sair, depois alterou e disse que chegaria a um acordo, acabamos por saber que vai “responsabilizar” BdC pelo dinheiro que ele próprio irá investir na cláusula de rescisão. Para quem tem a vantagem de poder “dizer” em vez de “fazer”, para quem defende outra via para o clube, este candidato mostra muita hesitação, demasiada ingenuidade e um recurso a posições que podem ganhar votos, mas que farão de um possível mandato uma enorme procissão de promessas não cumpridas.
Ailás a gestão do tal suposto grande nome, “que vai surpreender os sportinguistas”, para substituir JJ (a 3 meses do final da época!) é…bom…é ler as suas declarações e analisar. Primeiro, o meu voto não depende, como PMR acha, do tamanho do nome que anunciar para treinador. Aliás, aproveito para dizer que usar nomes de treinadores, jogadores, directores desportivos numa campanha só afasta o acto eleitoral do que deveria ser – uma disputa de ideias e projectos, de caminhos e soluções, de capacidades e aptidões presidenciais. Segundo, guardar o tal nome para a véspera do acto eleitoral parece mais um ganhar de tempo ou no pior dos casos, uma incapacidade para ser frontal com os sócios, fazendo de uma pré-promessa um trunfo, quando há apenas uma mão cheia de nada para revelar. Terceiro, quem garante a PMR que o seu novo treinador terá melhores resultados? Não me parece ajuizado colar o seu sucesso como presidente à dimensão da entrada de um novo técnico. Falta aqui muita percepção do que são as suas próprias limitações como “chefe”, falta aqui muita falta de noção do que fez esta época JJ parecer um treinador “perdedor” (utilizando as suas palavras). Falta aqui uma total incapacidade para entender a guerra sem quartel que muitos operantes do futebol português têm vindo a fazer ao Sporting e não apenas a BdC.
A PMR falta essencialmente alguém que lhe narre a big picture do nosso futebol e lhe explique o tipo de presidente que o Sporting precisa. Imaginar que Vieira ou Pinto da Costa, Doyen ou Jorge Mendes lhe vão abrir uma passadeira para que o seu projecto (seja ele qual for) se mantenha sólido é uma ideia gira e até simpática, mas estará longe de ser real. Se for eleito, imagino a sua cara de espanto quando começar a entender os porquês de no Sporting ser muito mais difícil de executar o que quer que seja a médio ou longo, talvez então entenda o que parece não entender nos rumos polémicos, quezilentos, revoltosos e combativos da actual direcção. Talvez opte por fingir que nada é real e resolva brincar aos Clubes Navais ou tapamentos de fosso, adiando as batalhas necessárias, adiando uma voz de proptesto do Sporting e a mudança de um futebol dividido entre a alternância das hegemonias corrompidas dos nossos rivais.
Deixo os programas de ambos os candidatos (Bruno de Carvalho aqui, Pedro Madeira Rodrigues aqui), para que qualquer um possa confrontar estas minhas ideias e principalmente confrontar as dos candidatos.
Na próxima semana tentarei analisar a proposta de BdC.
*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca
22 Fevereiro, 2017 at 23:28
É preciso entender para onde sopram os Ventos da História. Haverá quem se interrogue sobre “o que são os Ventos da História” e como interpretá-los.
Neste momento os ventos da História são contrários às Oligarquias, às Ditaduras que não fundamentem o PODER na vontade do Povo e contrários a tudo quanto cheire a bafío histórico que é tudo aquilo que fica para trás quando o vento acaba de soprar, alguma humidade residual e um cheiro que não era suposto subsistir, résteas de mentalidade ultrapassada pelos acontecimentos e incapaz de adaptação a uma nova realidade.
Porém, “Os Ventos da História” apontam indiscutivelmente aos valores e à sua defesa intransigente; procuram libertar a Verdade dos jogos agrilhoantes da Mentira e identificam o interesse colectivo com aquilo que é exclusivamente NOSSO. O NOSSO Interesse, o Interesse do Sporting, é a defesa intransigente daquilo que é exclusivo do Sporting Clube de Portugal. Hoje chama-se-lhe “ADN”, eu que, sou antigo, chamo-lhe antes “Personalidade Base” do Sporting Clube de Portugal, aquilo que nos define e nos qualifica como únicos em traços que se mantêm inalteráveis desde os primórdios da nossa FUNDAÇÃO:
Clube Universal e Ecléctico que, meritoriamente, se enquadra entre os maiores da EUROPA CIVILIZADA. Foi esta a intenção dos fundadores, é este o nosso objectivo.
Este Objectivo só é atingível nas faldas da Montanha da Verdade Desportiva e na segura saúde Financeira que garanta estabilidade directiva e recursos vastos que, lhe permitam crescer e convencer de forma estruturada, organizada, gradual e progressiva.
Esta realidade, oposta daquela em que o Sporting viveu nos vinte e cinco anos que antecederam a chegada à Presidência de Bruno de Carvalho, existe agora graças a Bruno de Carvalho que a construiu, tenazmente nos primeiros quatro anos de mandato.
A actividade do Conselho Directivo do Sporting, do Conselho Fiscal e Disciplinar e da Administração da SAD (não falo no Conselho Leonino porque é tal qual o apêndice, se for extinto, não se perde porra nenhuma) construiu tenaz e pacientemente a base de um colosso para sobre ela poderem repousar, tranquilamente, o Clube e a SAD.
Os Ventos da História são favoráveis a Bruno de Carvalho porque o Clube não é só de alguns e muito menos o é da Oligarquia que o governou. O Sporting é de todos nós e ninguém no-lo irá arrebatar para o entregar à incerteza e dúvida que, a candidatura de Madeira Rodrigues instila cada vez que abre a boca para falar.
Os Ventos da História apontam à Verdade, aos valores exclusivos e à “inclusão” e consequentemente, qualquer Sportinguista que pare para pensar, não hesitará no momento de votar e confiará aquele que nos não suscita dúvidas e incertezas, quanto ao Rumo que levamos e seguimos: BRUNO de CARVALHO.
O Sporting vai votar Bruno de Carvalho. suspeito mesmo que há gente na comitiva de Madeira Rodrigues que na privacidade da cabine votará em Bruno de Carvalho. Já agora, que seja por goleada.
23 Fevereiro, 2017 at 9:23
Com tudo o que de bem feito foi feito nestes ultimos 4 anos, nunca poderei considerar o city lion como candidato ao Sporting, mas apenas como um otário que está contra o BdC mas não possui qualquer projecto de fundo ou sequer ideia do que ser um Presidente significa.
Falar mal de tudo o que BdC faz não faz qualquer sentido, até porque poderia haver muitas coisas para mudar, mas no geral estamos já no bom caminho.
Depois a campanha suja desde o dia 1 (até podemos considerar que a campanha comecou enquanto city lion, e como tal já vem de há muito tempo) não faz qualquer sentido, até numa altura em que o clube está a incomodar o sistema instalado.
Sermos atacados todos os dias é suficiente, não há necessidade de ter alguem da casa (não que eu o considere da casa) a atacar internamente.
Acima de tudo o candidato veio destabilizar todo o projecto que foi criado nos ultimos 4 anos, e ainda não foi capaz de gerar uma ideia que seja realista e concreta para ajudar o Sporting.
Achar que vai ser mais calmo e negociar com os adversários é o mesmo que achar que se pode sair do carro no meio dum safari e ir brincar com os leões porque se chama o animal com cuidado…. estamos em guerra, e em tempos de guerra não se limpam armas, é matar ou morrer!