A polémica o nosso clube de qual deverá ser a preponderância dos jogadores oriundos da formação no plantel principal já tem barbas. Às vezes parece mesmo ser uma discussão estéril, onde ninguém consegue chegar a conclusão alguma. Há várias correntes de pensamento, entre as quais destaco:
A) O peso deve ser igual às soluções que os jogadores dão a cada momento. Pode ser zero ou 100%, é a qualidade e a maturidade que contam.
B) Deve ser resguardado espaço no plantel para vários jogadores assimilarem processos e serem opção a médio prazo.
C) Um clube com a nossa dimensão não pode pensar na formação se quer vencer títulos. Os melhores devem vir de que parte forem, sem olhar a nacionalidade ou idade.
D) O plantel deve ter uma forte participação dos jogadores vindo da Academia, tentando ao máximo manter os melhores e ir gerindo entradas e saídas conforme o sucesso ou insucesso das esperanças em idade sénior.
Confesso que vejo méritos e deméritos em qualquer destas vertentes. Nem sequer consigo apontar um modelo que me agrade completamente. Não sei como poderíamos ter um Dost, um substituto próximo além de também apostar num Ronaldo Tavares ou num Pedro Marques sem que todos fossem beneficiados ou prejudicados. São, em última análise opções e convicções do próprio treinador principal. São opções até viáveis ou inviáveis pelo esforço financeiro. O que sei é que algum tipo de estratégia deve existir na manobra de todo o potencial versus a solidez do plantel ou a sua capacidade para vencer muitas (mas mesmo muitas) partidas.
Andamos há demasiados anos a testar modelos, oscilando entre Ajax’s e o sistema de “entreposto” dos nossos rivais, procurando referências no futebol mundial sem que nos encontremos com o nosso próprio arquétipo, com as nossas necessidades específicas ou com os nossos próprios trunfos. A massa cinzenta não é posta a laborar e acusamos de um mal eternamente luso de pensar que as soluções ideais estão fora do nosso próprio ADN. Há anos que deveria já ter sido criado um grupo de estudo visando apresentar uma proposta que resumisse a experiência, as virtudes e o nosso background de formação e definisse em linhas muito básicas, mas de fácil implementação o que é o Sporting enquanto binómio Academia > Equipa Principal.
Mais do dificultar a missão do treinador ou restringi-la, seria um óptimo suporte às suas decisões, pondo fim à eterna polémica do “treinador que aposta ou o treinador que não aposta na formação”. Não seria perfeita, não seria porventura sequer satisfatória numa primeira instância, mas seria o desbravar de um novo caminho, indo ao encontro da evolução e, principalmente, da inovação. É que gostemos ou não, em Portugal, os clubes “navegam” sobretudo aos ventos dos resultados e dos craques que vão surgindo, oscilamos com as marés de mais ou menos dinheiro e melhores ou piores direcções. A cultura, a identidade, os modelos ficam sempre para depois, bem lá para trás dos “projectos” que são tudo e não são nada.
Seria óptimo que os Presidentes, os Treinadores e os Jogadores do Sporting soubessem o que o clube espera que façam, quando o têm de fazer e quais os parâmetros de toda as avaliações possíveis e imaginárias. É que o futuro do futebol vai mais ao encontro de regulação e parametrização do que da velha máxima “o que interessa é participar e dar o melhor”.
*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca
23 Março, 2017 at 11:51
Caros amigos, este é um tema que aprecio bastante e que não deixa ninguém indiferente.
Na minha opinião temos de perceber algumas coisas.
1º A formação é uma das imagens do clube, ponto assente. Mesmo que nuns anos se aposte mais ou menos.
2º O que pretendemos da formação? Fornecer a equipa principal? Vender no imediato gerando receita (Exemplo do SLB, embora os contornos duvidosos dos negócios)?
3ºQual o “modelo” a implementar na formação e que tipo de jogador pretendemos formar. Fará sentido pretender formar jogadores talentosos mas ter treinadores que “castrem” esse talento?
É inegável que tem de existir uma estreita ligação entre a equipa principal e a formação, mas, acima de tudo, os objectivos e a “politica” da equipa principal têm de estar bem definidos. O “modus operandi” desta época revelou algum desnorte e um excesso de contratações, desvirtuando o que se vinha a fazer até então.
É urgente ser campeão?Sem dúvida. Mas preferem ser já campeões e esperar mais outros 15 ou 20 anos para ser outra vez?
Como referiu Inácio, o Sporting em 2000 é campeão quase por acaso e em 2002 Jardel e JVP numa excelente equipa fizeram o resto.
O Sporting andou ao sabor do vento e mesmo assim conseguiu lançar vários jogadores da sua formação.
Na minha opinião, BDC quase sempre tomou decisões pouco acertadas quanto à formação. Virgílio, Boa Morte, João de Deus (Sim a equipa B é importante na formação) foram péssimas decisões. A saída de Bento Valente, entrada de Paulo Leitão, Entrada de Luis Martins…Um vai e vem, sem se perceber bem o porquê. Tiago Fernandes está longe de ser consensual e apesar dos resultados é acusado de preferir força ao talento.
O que me preocupa é a falta de estabilidade e de um plano orientador. “Nós pretendemos isto, baseado nestes pressupostos” .
Preocupa-me ainda que se levantem bandeiras, saudando o momento fantástico da formação baseado em resultados…este é o principal erro. Nem sempre está tudo bem quando se ganha e nem sempre tudo está mal quando se perde.
Espero que o novo mandato de BDC traga mais estabilidade à formação, que se acabe com as danças de cadeiras.
Dizer que JJ não é a pessoa certa também está longe de ser verdade. JJ consegue potenciar vários jogadores, basta existir qualidade e isso não falta da nossa formação. Será importante colmatar com reforços? Sem dúvida. Não me espantaria que se gastasse em jogadores de qualidade confirmada.
Esta época foi uma lição para BDC, disso não tenho a mínima dúvida, como não tenho dúvidas que este não irá repetir os mesmos erros…