barcosHernán Barcos foi um dos nomes que passou pelo Sporting sem deixar marca. De resto, o próprio admitiu esta quinta-feira que a passagem pelos leões não correu como desejava, muito por culpa própria. Em entrevista à TSF, o avançado argentino falou da experiência em Alvalade e teceu vários elogios a Jorge Jesus, técnico com que diz ter aprendido muito.

«Ele ensina a colocares-te no campo, a ver mais o lado do grupo do que o individual e muitas coisas que se aprende no dia a dia. O Jorge é um grande treinador, temos uma boa relação, falámos mesmo depois de eu sair, respeito-o muito, sabe muito de futebol, aprendi muito com ele e isso é o que importa, o profissional. Se tu vires só o lado mau achas que é um louco e não sabe nada, mas se vires o lado bom é dos melhores treinadores que trabalha taticamente o futebol e ensinou-me coisas que com 30 anos não sabia», afirmou.

Agora no Liga de Quito, do Equador, o jogador de 32 anos garantiu que não guarda mágoa do Sporting e que gostaria inclusivamente de voltar. «Para mim foi uma grande honra vestir a camisola do Sporting, não tive muitas oportunidades para jogar, mas não culpo o treinador porque eu não joguei bem, e quando consegui ficar bem para jogar, a equipa estava muito bem, o Slimani fazia sempre golos, não tive muitas oportunidades para jogar. Fiquei em dúvida aí porque não consegui mostrar o que realmente sou e obviamente que, se tiver outra oportunidade, vou aproveitar de maneira diferente do que como fiz agora», indicou.

Barcos falou também a época dos leões, mostrando-se confiante de que a próxima correrá melhor. «O Sporting continua a ter uma grande equipa, um grande plantel, mas as coisas não correram bem. Ficar fora de todas as competições é difícil e o Sporting não está habituado a isso, mas acho que tem um grande plantel para na próxima temporada cumprir os objetivos desta época. Tem um grande treinador e não tenho duvidas que a próxima época vai ser melhor do que esta», sublinhou.

********************

marcelo meliEntretanto, Marcelo Meli deu uma entrevista ao Record onde descarregou a frustração pela passagem falhada pelo Sporting.

R: Qual é o balanço que faz da curta passagem pelo Sporting?
MARCELO MELI – Se bem que tento sempre tirar o melhor partido de todas as minhas experiências, não trouxe do Sporting boas recordações no plano desportivo. Aprendi muito. Melhorei enquanto jogador, mas não me sentia bem porque não tinha oportunidades.

R: O que pensa que aconteceu para não ser utilizado? Foi ‘culpa’ sua ou do treinador?
MM – Os dois primeiros meses foram de adaptação. Cumpri-os sem problemas, mas depois senti que não era levado em consideração por parte do treinador. Tudo isto me parecia estranho, porque quando Jorge Jesus estava no Benfica também mostrou interesse na minha contratação. Merecia uma oportunidade e não uns minutos em dois jogos. Não é com dez minutos por jogo que um jogador consegue mostrar-se ao técnico…

R: Como era a sua relação com Jorge Jesus? Ele alguma vez lhe explicou o porquê de não jogar?
MM – Era muito difícil. Aliás, quando tivemos uma conversa aberta foi quando eu fui falar com ele, perguntando-lhe qual era a minha situação no clube. Queria saber por que é que não jogava ou por que é que não tinha a oportunidade que merecia. Sinto que merecia mais, porque desde o primeiro dia que cheguei a Portugal, treinei-me sempre bem durante os seis meses e nunca tive nenhuma lesão. Penso que merecia uma oportunidade e não os dez minutos que Jorge Jesus me deu em dois jogos.

R: Com Benítez aconteceu algo parecido. Também não se adaptou a Benfica e Sp. Braga e voltou ‘a casa’. Sente que há grandes diferenças entre o futebol argentino e o futebol europeu, sendo essa uma das principais razões para estas situações acontecerem?
MM – Sabia perfeitamente que à minha frente estavam dois jogadores muito importantes, como William e Adrien. São os dois titulares da seleção portuguesa! Mas houve um momento em que o Adrien se lesionou, estávamos em quatro competições e essa seria a altura ideal para ter uma oportunidade. Mais uma vez, não aconteceu. Há diferenças substanciais entre o futebol argentino e o europeu. Na América do Sul é um pouco mais físico e agressivo.

R: E que opinião traz de Jorge Jesus? Partilha a ideia de que é um dos melhores na Europa?
MM – Sim, sim. É um treinador que gosta de trabalhar a vertente tática do jogo e a verdade é que com ele aprendi muito nesse aspeto.

R: Que referências tinha do Sporting antes de sair do Boca?
MM – As únicas referências que tinha do Sporting chegaram-me através do meu representante, porque os jogadores argentinos que lá estavam, eu não os conhecia. Falei com o Jonathan Silva antes de ir, e ele deu-me várias informações sobre o clube.

R: Encontrou-se com vários argentinos no Sporting. Ajudaram-no nos momentos mais difíceis?
MM – Sem dúvida que sim. Encontrei o ‘Galguito’ (Schelotto), o Alan, o Barcos e o uruguaio Coates. Ainda lá estavam os dois ‘rapazes’ da Costa Rica, o Bryan Ruiz e o Joel Campbell. Todos eles me ajudaram muito. Passavam o dia-a-dia comigo e, à parte do futebol, partilhamos vários momentos familiares. Construí uma boa amizade, com eles e com as suas famílias.

R: Gostou de Lisboa?
MM – É uma cidade muito bonita! Sentia-me seguro e os portugueses são muito amáveis. Nesse aspeto, as coisas eram perfeitas.

R: Qual foi o jogador que mais o impressionou na sua passagem pelo Sporting?
MM – Dos meus companheiros, todos sabemos quem é Sebastián Coates. Um jogador de seleção… Podia dizer muitas coisas boas sobre ele, mas também o podia ‘matar’ com a música que ouve [risos]. William Carvalho foi o jogador que mais me impressionou.

R: Também partilhou o balneário com Patrício, outro campeão da Europa. Há várias referências no plantel…
MM – Todas as equipas deviam ter duas ou três referências e o Sporting tem em Patrício, William e Adrien as suas. Para dizer a verdade, dei-me sempre muito bem com eles.

R: Que opinião traz dos adeptos do Sporting?
MM – São muito fiéis! Em Alvalade o estádio está sempre muito bem composto, mas fora também vão muitos adeptos. É também por isto que o Sporting é um clube de grande dimensão.

R: Alan Ruiz está finalmente a mostrar-se em Portugal…
MM – Ao Alan fez-lhe muito bem a regularidade que o treinador agora lhe está a dar. Antes jogava num jogo e no outro ficava de fora. Agora não…

R: É verdade que o Alan precisa de muita ‘atenção’ para render ao máximo?
MM – [risos] Sim, sim…! É preciso dar ‘mimo’ ao Alan. Mas repito que é ainda mais importante dar-lhe confiança com mais minutos e tempo de jogo.

R: Sentiu uma grande pressão para o Sporting ser campeão?
MM – Tínhamos quatro provas para disputar, e quando ficámos fora da Liga dos Campeões, em dezembro, a pressão para ganhar o título foi ainda maior.

R: Há muitas diferenças entre o Sporting e os restantes candidatos ao título em Portugal?
MM – Todas as equipas têm altos e baixos. Têm de ter força, porque de certeza que a próxima época vai correr melhor.

R: Mesmo sem ter jogado, foi convocado para o jogo com o Real Madrid, em Espanha…
MM – Apesar de tudo, trouxe muitas coisas boas de Portugal e essa foi uma delas. Pude conhecer o Santiago Bernabéu e ainda conversei com o Cristiano Ronaldo. Isso fica para toda a vida.

R: Que lhe disse Cristiano Ronaldo nessa conversa?
MM – Uma humildade enorme! E é um dos melhores jogadores do Mundo… Deu-me umas calças, as quais guardo religiosamente em casa. Fiquei muito contente e nunca vou esquecer.

R: Pensa que em algum momento Cristiano Ronaldo jogará lado a lado com Messi?
MM – Isso já será mais difícil, porque temos a ‘mania’ de estar sempre a comparar Cristiano Ronaldo com Messi. Eu não gosto de comparar ninguém. Gosto de os ver jogar e de apreciar o que fazem em campo. São os melhores do Mundo e o mais importante é termos a capacidade de apreciar o que fazem.

***********************************************************************

mauricio
Revelado pelo Palmeiras, o zagueiro Maurício Nascimento, de 28 anos, vem construindo uma carreira sólida na Europa, com boas passagens por Sporting-POR, Lazio-ITA e agora Spartak Moscou-RUS, que o contratou por empréstimo em agosto do ano passado. Segundo conta o defensor, ele chegou ao “Velho Continente” sem muita moral, após uma passagem irregular pelo Sport em 2013 – antes, passou por Joinville, Vitória, Portuguesa e Grêmio depois de deixar o Palestra Itália devido à briga com o atacante Obina, em meio ao Campeonato Brasileiro de 2009.

No entanto, Maurício conseguiu cumprir uma promessa ousada que fez ao presidente do Sporting quando o clube lisboeta o contratou por 450 mil euros (R$ 1,5 milhão) em 2013. “Cheguei ao Sporting desacreditado por muitos, por ter vindo do Sport Recife. Todos me apontavam como um nome pra compor elenco apenas. Mas sempre fui um cara muito determinado e guerreiro nas coisas que faço”, conta, em entrevista ao ESPN.com.br.

“Quando fui, a situação do contrato era uma, e chegando lá era outra. O presidente falou: ‘Ou você assina assim, ou volta ao Brasil’. Eu falei: ‘Assino sim, sem problemas. Em no máximo dois anos, vocês vão me vender e ganhar o triplo do que investiram em mim’. O que na verdade era quase nada, porque fui ganhando muito pouco (risos)”, brinca. A profecia se concretizou, e com sobras. Após quase dois anos muito bons pelos “Leões”, ele foi vendido à Lazio por 2,65 milhões de euros (quase R$ 9 milhões). Ou seja, por um valor seis vezes maior do que o que o Sporting desembolsou para tirá-lo do futebol brasileiro.

À época, o clube português era treinado por Leonardo Jardim, que hoje faz muito sucesso no comando do Monaco. E para ganhar uma chance entre os titulares, o ex-palmeirense trabalhou duro e contou com aquela força que o destino às vezes dá aos boleiros. “Eu ficava quietinho lá treinando, na minha, e esperando uma chance. Foi quando machucou o Rojo [lateral e zagueiro argentino hoje no Manchester United] num amistoso contra a Real Sociedad-ESP e o Jardim me deu a oportunidade de jogar. Ganhamos de 2 a 0, com um gol meu de cabeça. Depois, fui um dos melhores em campo contra a Fiorentina, ganhamos por 3 a 0. Dali em diante eu decolei e não saí mais dos titulares”, recorda.

Quando Rojo voltou da lesão, Maurício estava tão bem que seguiu no time, com Jardim encaixando o argentino ao lado do brasileiro e formando um time muito sólido, que lutou pelo título até as rodadas finais e terminou como vice-campeão da temporada 2013/14. “O Rojo voltou e nós fizemos a dupla de zaga. Levamos o Sporting para a Champions e fomos vice-campeões, ficamos atrás só do Benfica. Foi um dos melhores anos da minha carreira”, relembra o defensor, que revela ter sido cobiçado por vários grandes clubes europeus – até na Premier League“Não teve proposta oficial, mas houve interesse do Manchester United, Olympique de Marselha, Schalke 04… O United veio forte, mas para jogar na Inglaterra tinha que ter passaporte europeu, e eu não tinha. Como eles queriam alguém imediatamente, acabou não dando certo para mim”, lamenta.

Atualmente atuando como titular do Spartak, Maurício diz que guardará para sempre com carinho sua passagem pelo Sporting, que tinha um grande time em sua época. “Foi muito prazeroso jogar em Portugal. Nosso time tinha Slimani, Montero, Rojo, Eric Dyer, Adrien, William Carvalho, Rui Patrício… Era uma seleção, só feras! Tive a oportunidade de aprender muito com eles e ajudou um pouco também (risos)”, diverte-se“Com o Sporting, estive em palcos que todos os jogadores sonham estar. Joguei duas Champions e duas Ligas Europa. Espero conseguir o mesmo aqui no Spartak. Somos os líderes do Campeonato Russo na frente do nosso rival CSKA e queremos trazer esse título que não vem há 12 anos para poder recolocar o clube na Champions”, decreta.

Maurício fez 52 jogos e dois gols em quase dois anos de Sporting. Duas de suas partidas mais emblemáticas foram os confrontos contra o poderoso Chelsea, pela fase de grupos da Uefa Champions League de 2014/15, com duas derrotas para a equipe inglesa. No 1º jogo, em Lisboa, o brasileiro anulou o espanhol naturalizado, mas os Blues ganharam por 1 a 0 em pleno Alvalade. O ex-palmeirense ainda saiu de campo com o nariz quebrado, tendo que ser substituído e levado para o hospital com suspeita de concussão cerebral.

Naquele dia, Maurício e Diego foram da amizade à quase troca de sopapos. “Meu jogo mais marcante foi na Champions, em que anulei o Diego Costa. Perdemos, mas foi uma partida muito disputada. Saí com o nariz quebrado em duas partes (risos), mas tive uma atuação muito boa. Eu e o Diego quase saímos na porrada durante o jogo. A família dos pais dele é de Itabaiana, no Sergipe, que é a mesma cidade dos meus pais. Antes do jogo a gente bateu papo, mas dentro de campo o homem se transforma (risos)”, relata“Já no segundo jogo, nos reencontramos no túnel, conversamos e demos risada. Durante a partida, fui marcar o Diego e ele se transformou. Provocava, brigava, instigava, sempre daquele jeito dele (risos). Isso me surpreendeu, porque antes do jogo a gente estava dando risada e conversando numa boa. Mas em campo saiu faísca (risos)”.

Apesar dos “arranca-rabos” em campo, Maurício conta que Diego Costa foi muito simpático depois da partida em que o zagueiro quebrou o nariz. O jogador da seleção espanhola foi aos vestiários visitá-lo e trocar camisas com o adversário. “Depois daquela partida, o Diego mostrou quem ele é de verdade. Se preocupou muito comigo e foi até o vestiário me ver. Levou umas castanhas-do-Pará pra mim e perguntou como eu estava (risos). Até trocamos camisa. É uma pessoa maravilhosa, que se preocupa muito com o próximo. Mas, em campo, é melhor não se enroscar com ele, porque é um cara que luta e briga muito até o final, E como briga! (risos)”, encerra, às gargalhadas.