O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, diz que há “fraude e corrupção” no mercado de transferência de jogadores em Portugal, uma prática que só pode ser combatida através de intervenção e regulação externa. “Há quatro anos que ando a dizer que o Governo tem que pôr a mão nisto”, afirma Bruno de Carvalho, numa entrevista à Bloomberg.

No artigo que merece destaque no “top” de notícias no terminal da agência noticiosa norte-americana especialista em mercados financeiros, a Bloomberg diz que à primeira vista o futebol português parece nunca ter estado tão saudável como agora, já que a selecção portuguesa é campeão da Europa, Cristiano Ronaldo ganhou o prémio de melhor jogador do mundo e os clubes portugueses estão a conseguir encaixar milhões com a venda de talentos formados no país.

Bruno de Carvalho considera que a “fraude e corrupção” está a ameaçar esta visão de sucesso, apontando o dedo ao Governo, que “tem que dizer basta”. O mercado mundial de transferências de jogadores, avaliado em 5 mil milhões de dólares, é dominado pela fraude, sendo que os comportamentos pouco éticos e ilegais são comuns em Portugal, acusa Bruno de Carvalho. “É muito fácil roubar dinheiro a um clube”, acusa Bruno de Carvalho, descrevendo depois, segundo a agência, o processo de pagamentos ilícitos que têm sido feitos. “Nem é necessário abrir uma conta bancária, é muito fácil”, acrescentou.

O artigo da Bloomberg cita os temas quentes mais recentes do futebol português, como o caso dos e-mails do Benfica, a prisão de Vale de Azevedo e o Apito Dourado, que envolveu o Futebol Clube do Porto. Bem como as acusações de fuga ao fisco que incidem sobre jogadores como Cristiano Ronaldo e Fábio Coentrão. Refere ainda que o Sporting é um clube muito conhecido na Europa por produzir jogadores talentosos, mas que no passado mais recente tem ficado atrás do Benfica e Porto nas verbas obtidas com a transferência de futebolistas.

Bruno de Carvalho diz à Bloomberg que os clubes deveriam repensar as comissões que pagam aos agentes de futebol, exemplificando que não pagou nada na transferência de João Mário para o Inter, no valor de 45 milhões de euros. “É possível ter uma relação com os agentes se eles perceberem que têm de arranjar uma forma de não comerem o bolo todo”, afirmou.

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