Defendo, desde há muito tempo, que uma das melhores formas de abordar o mercado de transferências, sabendo nós os poucos recursos que temos quando comparando a outras ligas europeias, é um investimento sério nos melhores jogadores a actuar nos vários clubes portugueses.

Reconhecendo desde já as muitas peripécias que estes negócios representam, pois existe um apadrinhamento oculto dos grandes do futebol português sobre os ditos pequenos, e esquecendo as muitas desilusões que enfrentámos graças a esse facto, continua a parecer-me um mercado por explorar e com muita qualidade.

O futebol português enfrente graves problemas (esqueçamos por momentos os de corrupção) e o maior é sem dúvida a falta de investimento, de dinheiro e de geral interesse da europa do futebol pela nossa liga. Se é verdade que é complicado justificar a um comprador de direitos televisivos que não podemos mostrar a linha de fora de jogo em Arouca, sem esse dinheiro jamais o estádio de Arouca conseguirá ser recuperado (uma bola de neve que tem atrasado a nossa evolução).

A falta de dinheiro é problemática mas, como bons tugas adeptos do desenrasca, fez-nos melhorar imenso em variados sectores permitindo fazer melhor com muito menos recursos. Clubes pequenos e com orçamentos nulos descobrem todos os anos excelentes jogadores vindos sabe deus de onde. As camadas jovens são melhores e mais trabalhadas, existem jovens interessantes em quase todas as equipas e as vendas permitem a sobrevivência ano após ano.

Clubes como o Marítimo, Nacional, Vitória, Rio Ave, Paços de Ferreira ou Estoril apresentam ano após ano atletas com muito interesse, a custos muito baixos e com valor para dar o salto na carreira.
A subida de patamar nem sempre corre bem, é certo, mas também não deixa de ser verdade que as compras são mais vezes para número do que bem pensadas. No Sporting temos casos como Heldon, Vitor e Marvin (que nos pareciam ser mais-valias a curto prazo mas que não conseguiram dar o salto) mas também casos de sucesso, como Jefferson, João Pereira, Paulo Oliveira ou até Sá Pinto e Pedro Barbosa.

Integrar um jogador que tenha qualidade, que seja mais barato e que esteja perfeitamente adaptado ao nosso campeonato é meio caminho andado para uma prepação mais pacífica e uma maior margem de sucesso desportivo e financeiro. Para além de não deixar fugir os milhões das nossas fronteiras, investindo indirectamente na melhoria do nosso futebol. O Porto foi, durante muitos anos, um perito em ir buscar os melhores em Portugal para depois conseguir grandes conquistas potenciando esses mesmos jogadores. Tudo isso morreu com o Licá e agora só compram jogadores do campeonato português para aborrecer o Sporting, mas num passado não muito distante foi uma estratégia que deu frutos.

Danilo, Nelson Semedo, Jardel, Soares, André André, Ederson, Jota são alguns dos jogadores úteis (uns mais que outros) que os rivais conseguiram dentro de portas e que provam que existe muito por onde trabalhar aqui. Como tal, é com muito gosto que vejo que cinco dos sete reforços já apresentados conhecem o futebol português e já passaram por clubes lusos. André Pinto, Mattheus, Bruno Fernandes, Fábio Coentrão e Battaglia trazem consigo, quanto mais não seja, o know-how e sabem de cor os estádios em que vão competir esta temporada. Se a estes nomes adicionarmos Iuri Medeiros, que traz com ele a experiência de Primeira Liga, André Geraldes ou Domingos Duarte, rapidamente concluímos que adaptação não será um problema para a grande maioria dos atletas em que estamos a investir.

Uma estratégia que considero poder dar mais frutos ao Sporting (que quando compra um jogador não o compra com simples propósito de o emprestar) do que a qualquer um dos nossos rivais. Uma estratégia que me agrada mais que qualquer outra.

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*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa