Quem chefia ou tem o dever de dirigir um grupo de profissionais tem de entender 2 coisas fundamentais:
1- Como líder será sempre o maior responsável e deve entender com naturalidade que é o primeiro a quem as “culpas” ou os sucessos serão imputados;
2- A sua função é manter o grupo focado, motivado e operar segundo as melhores práticas, se algo falhar é sua função corrigir, não deixando a frustração ou a desmotivação corroer a operação.
Básico não? Pois é, mas há quem não entenda estas regras como valiosas e todos conhecemos ou tivemos experiências com “chefes” completamente incapazes de desempenhar as suas funções respeitando estas máximas. Hoje em dia um treinador já não é um “mago” de ciências ocultas, nem um físico quântico da NASA e todos esperam que dê explicações públicas do trabalho e do aproveitamento do mesmo. Ao contrário das profissões acima referidas, a um técnico de uma grande equipa de futebol é exigido que tenha uma dimensão comunicacional elevadíssima. A hipermediatização do futebol transformou o distante “mister” numa figura de proa, num cargo de constante exposição e um activo extremamente importante na relação da equipa com os adeptos e com a imprensa.
Agora o que um treinador diz, escreve-se mesmo. Analisa-se, esmiuça-se, contrapõe-se, tudo o que lhe sai da boca é tema para centenas de horas e artigos e ao contrário de outros tempos essa informação e análise é lida e interpretada não só pelos jornalistas, mas também pelos adeptos e pelos próprios jogadores e/ou empresários a quem uma crítica ou um elogio é matéria para uma possível descida ou subida de motivação/rendimento. Como é óbvio, um técnico não pode gerir um plantel apenas com elogios. A crítica negativa pode e deve ser uma arma também de motivação, mas tem de ser bem empregue e sobretudo de forma a gerar um efeito positivo.
O que vejo muitas vezes a Jorge Jesus é uma dificuldade enorme em combinar todos estes factores e uma tendência para elevar o seu estatuto face aos resultados do trabalho dos jogadores, não entendendo que para a maioria do universo que o rodeia, uma e outra são iguais ou bastante mais próximas do que imagina. Sugeria a JJ, se tivesse esse condão, que pensasse no seguinte paradoxo: um grande treinador pode ter insucesso ilimitado sem que lhe seja retirado esse grau? Se a resposta for não (que imagino ser a de todos e a dele) então podemos afirmar que como qualquer profissão e profissional, um treinador é tão bom quanto o resultado presente do seu trabalho e mesmo com um lastro de algumas épocas, um técnico de uma grande equipa de futebol está dependente e é responsável pelos resultados desse emblema.
O que não acho desejável e já deveria ter mudado há muitos meses é a permanência de um discurso ambivalente do treinador do Sporting. Se a equipa faz um mau resultado declara que com o que tem à disposição dificilmente é possível fazer melhor, se ao contrário o resultado agrada, ele declara que podia ser melhor. Dê como der, é como se a equipa nunca estivesse no plano que idealiza como satisfatório e é como se os atletas nunca fossem bons o suficiente para que ele obtenha os resultados desejáveis. Treinador à margem dos resultados, à margem da valia dos jogadores, à margem das ambições dele próprio. Isto é a antítese das duas regras definidas do principio do post e a negação de mais de 50 anos de trabalho da psicologia desportiva.
Um treinador deve assumir os seus jogadores, corrigir os defeitos, ampliando as qualidades e mais do que tudo, manifestando confiança no que são capazes de atingir. A frase “Com Mathieu é uma coisa, sem ele…é outra” é o perfeito exemplo (e poderia encontrar uma deste género em qualquer declaração de JJ) de como não comunicar para fora e para dentro, de como não gerir uma equipa profissional de futebol, de como queimar o capital de confiança de A.Pinto ou qualquer outro jogador que venha a ser chamado para substituir o francês (quando tal for necessário). Muitos vocês estão a pensar “mas não disse mais do que a verdade e são os jogadores que têm de provar que está errado”. Mas, pergunto-me e a vocês também se este é o tipo de líder que vocês gostariam de ter nas vossas actividades profissionais ou se preferiam um perfil mais próximo e menos questionador da vossa capacidade?
Eu não tenho dúvidas qual escolheria e qual teria da minha parte a entrega mais natural do melhor que sei fazer. Não é inverter a pirâmide de decisão, nem sequer contrariar a hierarquia de poder ou o ciclo de responsabilidade. É apenas validar o talento de um atleta, confirmar o valor de um activo da SAD, ser solidário e cúmplice até com o jogador com menos estatuto junto dos adeptos, imprensa e até Direcção. É que um bom jogador fazer três ou quatro maus jogos numa época pode ser imputado ao próprio atleta, mas um bom jogador fazer quase uma época inteira abaixo do ser valor é também responsabilidade do treinador e quanto muito deveria ser retirado da equipa dando lugar a outro, pois o trabalho de um profissional como Jorge Jesus não é preparar 11 titulares, mas todo um plantel com mais do que uma solução para cada lugar. Mesmo que com diferentes patamares de qualidade, o grau mais baixo de um titular não deve ser superior ao valor mediano de um suplente.
Relembro a temporada passada de Mourinho na sua estreia ao comando do Manchester United e o calvário de lesões, baixas de forma e castigos que lhe amputaram constantemente os melhores jogadores do plantel. Apesar de referir muitas dificuldades, nunca se ouviu ‘Mou a diminuir os disponíveis nem a baixar as expectativas dos adeptos. Numa época miserável, conquistaria 3 troféus e será difícil encontrar no plantel quem não tenha destacado a sua importância em manter o grupo coeso e confiante das suas possibilidades, apesar dos constantes e sucessivos maus resultados e exibições na Premier League.
*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca
23 Agosto, 2017 at 11:29
Mais um ‘post’ com ‘acento tónico’ na lenga lenga do costume aqui pela tasca nos últimos meses …
E logo isto em dia de jogo decisivo …
Isto sim, isto é de um sportinguismo que até chateia …
Mais uma triste página da tasca do cherba …
23 Agosto, 2017 at 11:36
Afinal o jogo de hoje ja é decisivo?
23 Agosto, 2017 at 11:41
e não é?
23 Agosto, 2017 at 11:44
Para alguns fiscais, não era.
23 Agosto, 2017 at 11:48
para mim é muito decisivo, são milhões que entram ou não.
23 Agosto, 2017 at 11:57
Para mim, é O jogo mais decisivo da época.
23 Agosto, 2017 at 12:03
eu estava com receio destes dois jogos (guimarães e bucareste) o primeiro passámos com nota 20, este vamos passar com nota 18
23 Agosto, 2017 at 12:13
Espero bem que sim porque depois da sorte que tivemos com sermos cabeça de série e com o sorteio – este já não teve bolas quentes curiosamente – seria tremendamente negativo não entrarmos na LC. Financeiramente, desportivamente e em termos de motivação.
23 Agosto, 2017 at 12:19
concordo.
23 Agosto, 2017 at 11:49
“fiscais” … wtf
e assim se estraga a conversa
23 Agosto, 2017 at 11:54
ya mais do mesmo!
23 Agosto, 2017 at 11:56
paulo,
Um dia que veja alguém se insurgir contra quem apelida qualquer pessoa que critique como sendo bananinhas, Rua Sésamo, Tropa do Malhão, etc., pago-lhe uma grade. É que quando se dá resposta, há sempre alguém disposto a isso.
Não sou Jesus Cristo para dar a outra face.
23 Agosto, 2017 at 13:00
J, só vou dizer que já se começam caixas de comentários a perguntar onde andam os fiscais.
Isso já aconteceu várias vezes, a provocação
23 Agosto, 2017 at 13:14
Também se começam caixas a perguntar porque é que a brigada do malhão não aparece para comentar ou, em caso de vitória no futebol, alusões a que estão a meter gelo e afins. Ou então a chorar à porta do estádio da luz.
23 Agosto, 2017 at 13:35
P,
O que o Nuno disse. Acrescento apenas que nunca vi ninguém dos da Rua Sésamo dizer que os fiscais ficavam lixados por o SCP perder e/ou que agora não apareciam. Essas alusões metem-me nojo!
23 Agosto, 2017 at 13:42
Concordo a 100% com ambos. Acrescento que é preciso mais tino de parte a parte discutindo apenas os factos etc.
23 Agosto, 2017 at 11:50
Sempre disse que o era. Mas para mim é decisivo para o Scp e para o JJ
23 Agosto, 2017 at 11:48
Então mas não se podem discutir temas do Sporting num dia de jogo do Sporting?
23 Agosto, 2017 at 13:15
é um não-tema
23 Agosto, 2017 at 11:50
Excelente, Javardeiro.
Tudo aqui e em mais uns quantos comentários.
E se hoje a coisa corresse mal ( não vai correr! ), já tínhamos quem culpar : Tu e o cherba.
23 Agosto, 2017 at 11:54
o Javardeiro e o Cherba são uma minuscula gota de água no oceano que é o Sporting!
23 Agosto, 2017 at 11:51
Por mim, desde que no fim seja campeão, pouco me importa se ele é líder ou não! O que interessa são resultados e se ele atingir esses resultados no fim, o objectivo foi alcançado!
O JJ está em cheque pela última época realizada, senão fosse por isso, estávamos todos “calmos”. É preciso puxar o “filme” um pouco atrás, no primeiro ano de JJ, se tivéssemos ganho, como merecíamos, toda esta celeuma não existia. Perdemos da forma que perdemos e nem só foi culpa do JJ, podem dizer o que quiserem, podem alegar o que quiserem, mas quem ganhou o campeonato no primeiro ano de JJ no Sporting, foram os padres, os vouchers e os e-mails. Tivéssemos ganho nesse ano e nada teria sido como foi até aqui, quer para nós quer (principalmente) para os outros (benfas), ou acham que logo no primeiro ano de JJ no Sporting, sendo nós os campeões, o impacto nas hostes benfas não se fariam sentir?!? Acham que a “estrutura” aguentaria?!?
23 Agosto, 2017 at 11:57
mas esta gente vai na conversa da imprensa e dos paineleiros lampiões, depois dizem que não mas baseiam-se nas mesmas merdas debitadas por essa corja para exemplificar tudo e mais alguma coisa.
23 Agosto, 2017 at 12:07
O mais irónico é que alguma desta “gente” nem lê jornais ou vê programas de paineleiragem.
Devem ser influenciados por osmose.
23 Agosto, 2017 at 12:00
Pedro,
“Tivéssemos ganho nesse ano e nada teria sido como foi até aqui, quer para nós quer (principalmente) para os outros (benfas), ou acham que logo no primeiro ano de JJ no Sporting, sendo nós os campeões, o impacto nas hostes benfas não se fariam sentir?!? Acham que a “estrutura” aguentaria?!?”
Completamente de acordo. Foi uma oportunidade única para mandar um forte golpe nesses fdp. Infelizmente, não aconteceu. Agora, até quando vai servir o primeiro ano de JJ como “desculpa”?
23 Agosto, 2017 at 13:02
O problema, Pedro, é que para mim mesmo que tivéssemos sido campeões, devido à época anterior a animosidade para o treinador seria pouco diferente
23 Agosto, 2017 at 12:10
Às vezes interrogo-me se JJ acabou de chegar ou se estamos no 3º ano dele…
23 Agosto, 2017 at 12:14
Terceira Aparição
23 Agosto, 2017 at 12:14
A Budapeste? Ou a Bucareste? 😛
23 Agosto, 2017 at 13:48
Gosto de aqui vir tomar um chá mas vocês baralham-me.
Já não consigo entender quem está a favor e quem está contra, nem tão pouco entendo o cerne de muitas questões, nem o(s) sujeitos a defender ou a eliminar.
Hoje tudo irá correr bem e mais uma vez vamos estar juntos a celebrar, num sentido so, sem remadas para trás.
É que esta cena do figth and resist é mais difícil quando não nos entendemos por meras tretas.
Bora lá Sporting que a malta está em pulgas.