Grande entrada em jogo, fazendo o que costuma ser mais difícil: marcar. Depois, gerir a vantagem e acabar com o coração acelerado por emoções que, em tempos muito recentes, poderiam ter estragado uma vitória justíssima

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Não se podia pedir melhor entrada ao Sporting. Embalado pelas duas goleadas, frente a Guimarães e Steaua, os Leões nem deixaram o Estoril respirar e aos quatro minutos já venciam por 1-0: Acuña a fugir para o interior, Coentrão a subir e a aproveitar a presença do argentino, cruzamento do número 9 para entrada fulgurante de Gelson ao segundo poste. Quarta assistência de Acuña, quarto golo de Gelson, tornando-os duas das figuras maiores deste arranque de época verde e branco.

Alvalade agitava-se, imaginava nova goleada e o pensamento era reforçado pouco depois, aos 11′, quando Bruno Fernandes aproveitou o “momento Alan Ruiz do jogo” (derrubado em falta perto da área) para acrescentar mais um golaço à sua conta pessoal. Bomba do número 8, com os Sportinguistas a matarem saudades de ver um golo marcado de livre directo e a equipa a descansar sobre a vantagem conquistada. Depois do ciclo que juntou campeonato e Liga dos Campeões, o Sporting tirou o pé do acelerador e deixou o adversário respirar, levando o jogo para o intervalo a um ritmo perfeitamente controlado, com notas de destaque, apenas, para uma oportunidade estorilista na sequência de uma bola parada, para um falhanço de cabeça de Gelson e para um remate de Coates à malha lateral que fez muito boa gente gritar golo.

No recomeço, nada se alterou, ou seja, o Sporting geria o jogo e o Estoril mostrava-se incapaz de criar perigo. Mathieu ia dando nas vistas, como que aborrecido com aquele “deixa andar” e arrancando aplausos aos mais de 42 mil espectadores. A velocidade pelas alas já não era a mesma (porque raio não entrou Iuri mais cedo?), o miolo ia dando mostras de falência física (ampliada pelas ausências de Adrien e William) e a partida parecia arrastar-se para o final até que, aos 85 minutos, aproveitando uma bola de ressaca, Evangelista dispara forte para dentro da baliza de Patrício.

Ao contrário do que podia esperar-se, o Sporting não tremeu. Acordado por ver que a presa ainda mexia, o Leão voltou ao ataque e Bas Dost viu o golo ser-lhe negado com uma defesa por instinto. Logo a seguir, o holandês voltava a mostrar o seu rasgado sorriso ao cabecear a bola para dentro da baliza, mas o golo foi invalidado pelo VAR por fora de jogo de Piccini, que fez o cruzamento. O ponto final no jogo voltava a ficar em aberto e os Sportinguistas gelaram quando, para lá dos descontos, viram a bola voltar a entrar na baliza de Patrício.

Novo golo anulado e bem anulado pela tecnologia, preservado a verdade numa partida que, num passado bem recente, poderia ter terminado com a perda de dois pontos e nos deixaria mergulhados numa das malhas dos The White Stripes, incapazes de controlar a raiva face a mais um daqueles momentos que alteram a história e maltratam esta nossa paixão.