Ponto prévio, e antes de analisarmos aquilo que foi o mercado de transferências, é com imensa estupefação que assisto a mais um ano de pura inércia da parte da UEFA em garantir melhores condições competitivas aos clubes que a compõem. Todos os clubes.

O mercado, para ser justo, deveria encerrar a partir do momento que começam os campeonatos, por uma questão de equilíbrio financeiro e emocional dos clubes. Não faz qualquer sentido que tenham já corrido quatro jornadas da Primeira Liga e quase todas as entidades desportivas se vejam em braços com a possibilidade de perder as suas maiores estrelas em cima do fecho da janela. Para além disso, as diferentes datas de encerramento do mercado também me parecem cada vez mais aleatórias e livres. Porque razão não fecham todos os campeonatos europeus a possibilidade de inscrições no mesmo dia? Porque é que Espanha, uma das ligas com maior apelo desportivo e financeiro, tem mais um dia para transações que Portugal?

Perguntas que, desconfio, ficarão sem resposta durante muito tempo. Passemos então ao resumo da nossa janela, começada há muito muito tempo, o que nos fazia desconfiar que ontem seria sempre um dia mais ou menos calmo.

 

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Excedentários
Marvin, Schelotto, Uri Rosell, Diogo Nunes, Heldon e Fokobo foram alguns dos nomes que conheceram o seu destino ontem, mas o trabalho já vinha de trás. Ainda antes de Agosto o Sporting já tinha colocado Jefferson, Bruno Paulista, Luc Castaignos, Spalvis e André Geraldes.

De destacar, sem dúvida, os seis milhões de euros conseguidos com os dois laterais titulares da época passada. Eram dois atletas completamente queimados pela nação leonina, que mostraram dificuldades a atacar e a defender e que durante largas jornadas foram uma autêntica dor de cabeça para todo o clube. Sair deste pesadelo com seis milhões de euros no bolso depois de termos gasto 500 mil na contratação dos dois, é um dos pontos mais positivos do mercado de transferências.

Fica a faltar Douglas. Os campeonatos espanhol, ucraniano e turco ainda estão abertos e o central deverá ser colocado num destes.

Entradas
Sem nenhuma surpresa de maior no último dia da janela de transferências, temos hoje de aplaudir o esforço levado a cabo pelo Sporting e seus responsáveis em trazer-nos bons e atempados presentes. Os reforços foram aqueles que precisávamos, nem mais nem menos, e os que chegaram trazem com eles muitas garantias.

Bruno Fernandes, Battaglia, Mathieu, Coentrão, Doumbia, Acuña parecem fazer parte da nossa nova realidade há muito e chegaram para marcar a diferença no nosso plantel. Gastámos mais do que o normal, tivemos várias contratações a aproximar-se dos 10 milhões (o que para um sportinguista é o seu Neymar pessoal) mas acertámos em cheio ao gastar esse dinheiro.

De destacar a primeira presença de Iuri Medeiros no plantel principal do Sporting, uma boa notícia para todos os envolvidos, incluindo o clube que recusou várias manobras de mercado para o manter e começava a perder o jogador.  O regresso de Jonathan, Tobias, Petrovic e a promoção de Gelson Dala provam que muitas vezes as pequenas soluções podem estar dentro de portas e que nem sempre devemos ser motivados a investir no mercado.

O Sporting gastou cerca de 30 milhões de euros em reforços, números superiores aos normais, mas ainda dentro da realidade leonina.

Saídas
O Sporting perdeu dois titulares, Rúben Semedo e Adrien Silva, e espera-se que com as duas operações encaixe cerca de 40 milhões de euros.  

A saída de Rúben já foi esmiuçada há muito, parece-me que não piorámos depois da sua venda e a defesa do Sporting é hoje mais forte do que aquando da sua transferência.  Pelo segundo ano, o Leicester tenta levar Adrien, negócio que deverá ser confirmado muito muito em breve. Perder Adrien em vez de William foi sempre a ideia dos responsáveis leoninos, que precaveram a saída do capitão e nunca do camisola 14.

Battaglia, Bruno Fernandes e Mattheus chegaram para a posição 8 e por isso não ficaremos órfãos de alguém que possa actuar naquelas zonas.  A falta que Adrien fará será muito mais que a desportiva, por aquilo que representa na recuperação desportiva do clube e por ser o símbolo dessa viragem na nossa história.  Desejamos-lhe toda a sorte do mundo e que os 30 milhões que chegam aos nossos cofres sejam usados para continuar a construir o nosso crescimento.

William Carvalho
Esteve prestes a ser transferido, o negócio não avançou e estas são sempre situações chatas para os jogadores envolvidos. Precisará do apoio e carinho dos seus adeptos e de toda a estrutura, para voltar ao nível a que já nos habituou.

Bryan Ruiz
Não aproveitar o seu talento quando temos espaço para mais uma opção ofensiva, parece-me um absurdo. Bryan é um dotado, capaz de fazer coisas impossíveis e, até provem o contrário, um senhor dentro e fora dos relvados. Espero vê-lo com a camisola 7 na próxima ficha de jogo.

Estamos de olho em vocês
Matheus Pereira, Domingos Duarte, Francisco Geraldes e Ryan Gauld saíram na perspectiva de crescimento. Aqui estaremos para os integrar no plantel principal do Sporting em 2018.

 

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa