Enorme jogo do Sporting, capaz de parar a máquina do Barcelona com uma concentração táctica e competitiva exemplar. Mathieu, Battaglia, Patrício e Bruno Fernandes foram figuras maiores de uma equipa que merecia, pelo menos, o empate e que mesmo face a uma arbitragem vergonhosa apenas foi vergada por força de um autogolo

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Uma derrota é sempre uma derrota. Não há volta a dar. Mas há derrotas das quais devemos conseguir retirar uma força extra por tudo o que de bom conseguimos fazer. É o caso do que aconteceu ontem à noite.

Frente a um dos colossos do futebol mundial, a turma de Alvalade soube ser um David. Aceitou não poder lutar de peito feito, montou uma estratégia e cumpriu-a à risca, enfrentando o gigante olhos nos olhos. Só faltou aquele momento da fisgada, que esteve tão próximo quando, aos 70 minutos, Bas Dost, a atravessar uma estranha crise de confiança, preferiu deixar para Bruno Fernandes em vez de fuzilar a baliza que tinha à sua frente.

Foi a maior e melhor oportunidade de um Sporting exemplar no capítulo táctico, com os jogadores a cumprirem à risca o plano do seu treinador, apenas faltando a capacidade para, depois, transformarem o rigor posicional e a capacidade de ocupar espaço e jogar sem bola em investidas que colocassem em causa o adversário. Dá que pensar a não chamada de Podence ao banco, ele que de todas as opções é a única que Jesus tem para poder agitar um jogo e que, ontem, poderia ter sido a cartada surpresa quando Acuña foi substituído.

Diga-se, também, em abono da verdade, que para essa ausência de atrevimento extra, em muito contribuiu a vergonhosa exibição do árbitro romeno Ovidiu Hategan, condicionando os jogadores leoninos com a constante amostragem de cartões amarelos (6) e ignorando faltas iguais ou mais graves feitas pelos jogadores do Barcelona. A cereja no topo do bolo é um penalti que fica por marcar sobre Bas Dost, por falta de Rakitic, num tipo de arbitragem que já não surpreende quando se defrontam os Barças desta vida.

Os adeptos leoninos fizeram questão de mostrar um seu degrado, arrancando uma assobiadela de revolta como há muito não se via pelas bandas de Alvalade, estádio que, ontem, voltou a ser um vulcão. À coragem de uma equipa de guerreiros liderada por Mathieu e Battaglia, tranquila nas mãos de Patrício e abrilhantada pelos pés de Bruno Fernandes, respondeu a turba com um apoio do primeiro ao último minuto.

E é disto que vos falo quando começo esta crónica escrevendo «Uma derrota é sempre uma derrota. Não há volta a dar. Mas há derrotas das quais devemos conseguir retirar uma força extra por tudo o que de bom conseguimos fazer.». Ontem, equipa e adeptos voltaram a ser Marvin Gaye e Tammi Terrell, entoando I told you you could always count on me darling, From that day on, I made a vow, I’ll be there when you want me, Some way, some how. Ontem, ficou claro que, pese todos os desequilíbrios que o plantel possa ter, quando há vontade, entrega, compromisso e paixão, as maiores e as menores qualidade formam um todo em que podemos acreditar. E, quando assim é, não temos que ter medo de enfrentar qualquer montanha. Tenha ela o tamanho que tiver.