Pausa. Respira. Olha, estamos em 2º. A um jogo de caca do Porto e a um jogo de caca nosso para o 3º. Depois de 8 jornadas já não caio em “verdades fáceis”. Já não acredito no mito do plantel curto a norte, nem na circunstância de “crise” do outro lado da 2ª circular. Não caio, isto é, não conto com borlas, descontos, promoções, packs ou ofertas de nenhum adversário. Para mim, atingindo quase um terço da Liga, sobram-me as visões apocalípticas e menos as provas de que estamos tão melhor que os nossos adversários. Desconfiei de Moreirenses, tanto como da arte de Marcano para deixar o Dost dar uma volta ao golo de cabeça.

Olhando a frio, como se estivesse num resort siberiano, para o que já aconteceu, diria que podíamos estar no céu desportivo, destacados dos nossos rivais…a bater ainda mais recordes, mas também podíamos estar profundamente no esterco a contar os pontos de atraso com fósforos, contemplando a fogueira morta das nossas esperanças. Tudo o que me “venderam” no Verão foi claramente publicidade enganosa. O Benfica atacou o penta com tantas cáries como há 10 Michael Thomas atrás, o Porto não se apresentou como o trolha esfarrapado que só por compaixão seria considerado candidato.

Ambos os nossos rivais devem ser respeitados, por razões diferentes e com respeitos diferentes. O Carnide porque tem um séquito de alquimistas motivacionais na imprensa e um plantel fabuloso de “meninos bonitos” em qualquer instância de “arbitragens” no futebol cá do sítio. O Porto porque conseguiu eleger um treinador patinho-feio que se agarrou a um bando de outros patinhos feios (que é só o plantel mais caro do país) que só não viraram ainda cisnes por obra e graça da tal imprensa que coloca os cisnes todo no mesmo saco, vermelho e dourado, o mesmo de onde saíram os avisos do “homem sequestrado” Fernando Gomes.

Como disse no início do post, estamos a um jogo de caca de distância. Provavelmente a mais um Moreirense de nos juntarmos à “crise” lampiã ou a um Moreirense portista de recuperarmos o cinturão de valentão desta Liga. Jogamos indubitavelmente mais e melhor que o pior dos cenários, faltaram pernas e cabeça lúcida para nos mantemos no melhor. Até nós adeptos, não sabemos bem como estamos. Estamos motivados, com a moral toda, com a fezada inabalável que vamos vencer este ano? Estamos a ver o comboio lentamente a sair dos carris, com a promessa de um desfiladeiro algures?

Ando de um lado para o outro, neste frio de quem tenta “estar” longe, a encontrar rebuçados na neve que me assegurem, que algures na estepe, se esconde uma casa de chocolate. Uma casa onde vou encher a barriga de pontos e boas exibições, limpando a boca a uma liderança e arrotando mais tarde à distância pontual ideal para caminhar seguro na direcção do título. Mas não há casa alguma. Muito menos de chocolate. Há vodka e se nos embebedarmos nas “verdades fáceis” podemos levar com casas de ressaca em cima. Há também a vontade de olhar tudo de frente, levando com o gelo nas beiças e tentar fazer o que fazem os siberanos, mexer a peida.

Nada se conquista por antecipação, os títulos não nos caem no colo (a nós não mesmo), as facilidades não são mais que miragens provocadas pelo grau etílico dos shots de bazófia que por vezes incautamente emborcamos. “O caminho faz-se caminhando”, odeio a frase e no entanto nada podia ajustar-se mais ao nosso momento. Mudaria apenas detalhes. “Os pontos fazem-se suando”. “As vitórias conquistam-se não hesitando”. “A coragem encontra-se não temendo”. “A Onda Verde constrói-se, partilhando”. Não é fácil, tudo é muito simples com meras palavras, mas se há ideia que se mantém quente aqui na Sibéria Reflectiva ela é, sem dúvida nenhuma, a dedicação e paixão que sentimos pelo nosso clube, na nossa capacidade de não desistir de acreditar que este ano, seja ele qual for, vai ser nosso.

Isso e os nossos jogadores se convencerem, de uma vez por todas, que têm tudo para vencerem os seus jogos…e que ninguém vai sair da sua frente a não ser que acreditem nisso. 3 pontos atrás de 3 pontos. Chama-se futebol. E nesta merda, o 2º é o caminho bom para o 1º ou o caminho mau para o 3º. Está nas mãos de uns, nos pés de outros, na cabeça de todos (é nesta altura que começam a voar cadeiras).

Respira…já está? Óptimo…agora vamos a eles!

brunojj

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca